Cientistas da ESA criam método para extrair oxigénio do pó da Lua
A NASA quer já em 2024 fazer pousar um homem e uma mulher na superfície da Lua. Assim, depois da missão Apollo 17 em 1972, a Artemis colocará dois astronautas no solo lunar. Nesse solo existe regolito, um pó que a ESA acredita poder ser usado para retirar oxigénio.
A Lua poderá ser a base de abastecimento das futuras naves a caminho de Marte. Pelo menos a agência espacial europeia pensa assim.
Regolito, o pó precioso que atrai agências e empresas
A missão Artemis, da NASA, irá colocar no solo da Lua dois astronautas. Esta missão, sucessora do programa Apollo, pretende estabelecer uma presença permanente no nosso satélite natural. Essa será a porta de entrada de dezenas de outras empresas e agências espaciais.
A tecnologia ao serviço desta missão, com naves modernas e equipadas com inteligência artificial, e novas ferramentas, irá permitir a obtenção de recursos, como água depositada nas crateras ou no pó lunar, o regolito, do solo como material de construção.
Estão também pensadas tecnologias de suporte de vida. Por exemplo, haverá sistemas para converter fezes, urina ou dióxido de carbono em recursos utilizáveis. De facto, dadas as enormes distâncias que existem no sistema solar, a obtenção de oxigénio e nutrientes no espaço é essencial para se poder viajar até Marte, ao até à cintura de asteroides ou mais longe mesmo.
ESA acredita ser possível extrair oxigénio do pó da Lua
Esta semana, um grupo de investigadores do Laboratório de Materiais e Componentes Elétricos da Agência Espacial Europeia (ESA) deu um passo em frente que pode facilitar a obtenção de recursos na própria Lua.
Os investigadores apresentaram uma planta experimental capaz de extrair oxigénio do pó da lua. De momento, no entanto, trabalharam com regolito lunar simulado, que tem a mesma composição. Contudo, este não é tão valioso como o real, que foi preservado para outros tipos de estudos.
Ser capaz de adquirir oxigénio a partir de recursos encontrados na Lua seria obviamente muito útil para os futuros colonos lunares.
Referiu Beth Lomax, diretora da investigação, numa declaração da ESA.
Segundo Lomax, este oxigénio poderia ser usado "tanto para respirar como para produzir combustível para foguetes - que é baseado em hidrogénio e oxigénio".
Quase metade da composição do regolito da Lua é oxigénio
A Lua, um mundo tão vasto como a África, está coberta por uma camada de regolito. Com efeito, trata-se de um pó muito fino, com vários metros de profundidade.
Este material resulta de um número infinito de impactos de micrometeoritos (que na Terra seriam convertidos em estrelas cadentes), acumulados na superfície ao longo de milhares de milhões de anos.
Por conseguinte, graças às investigações realizadas durante o programa Apollo, sabe-se que este pó é particularmente abrasivo, que pode danificar o sistema respiratório e que é composto de 40 a 45% de oxigénio.
Fonte de oxigénio
Segundo o comunicado da ESA, este oxigénio está quimicamente ligado a outros compostos e forma minerais ou cristais, pelo que não pode ser utilizado. No entanto, os investigadores empregaram um método chamado eletrólise de sal fundido, no qual o regolito é aquecido a 950 °C.
Este aquecimento é feito dentro de um recipiente metálico no qual é utilizado um sal de cloreto de cálcio como eletrólito. Nestas condições, o regolito permanece em estado sólido, mas à medida que uma corrente passa pelo sal, o oxigénio "deixa" o regolito e migra através dos sais para um ânodo, onde pode ser extraído.
O mais interessante é que este processo não só permite a extração de oxigénio como também deixa para trás um emaranhado de metais diferentes. Na verdade, este método ajuda a separar os vários compostos deste pó. As ligas metálicas poderão ser até usadas para produzir outros elementos. Usar, por exemplo, impressoras 3D para fabricar vários produtos.
Nesse sentido, os cientistas então planeiam melhorar o processo para que o oxigénio produzido possa ser armazenado. Posteriormente, eles esperam poder desenvolver um equipamento que faz este trabalho com o regolito. O objetivo final seria criar uma pequena planta piloto que pudesse operar na Lua em meados de 2020.
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Só ganharia views se usasse a palavra NASA, já que ESA ninguém conhece.