Os pneus do seu carro também poluem, mas há quem esteja a trabalhar em soluções
Quando falamos da poluição que resulta da utilização de um carro, não nos referimos apenas àquele fumo que o tubo de escape emite. Além disso, há outros elementos, como é o caso dos pneus, que requerem atenção e melhorias.
Uma startup baseada em Londres desenvolveu uma solução para este problema silencioso e "invisível".
Os pneus de um automóvel desgastam-se gradualmente e os proprietários veem-se obrigados a substituí-los, em média, de cinco em cinco anos. O pó que resulta desse desgaste é um dos poluentes microplásticos mais comuns nos oceanos e, por serem partículas tão pequenas, podem ser inaladas e causar problemas respiratórios. Por ter um impacto ambiental significativo, é um problema que precisa de se ver resolvido.
Mesmo os carros elétricos, embora não tenham um motor de combustão e vejam as suas emissões, à partida, reduzidas dessa forma, contribuem para aquelas que não se libertam pelo tubo de escape. Aliás, sendo os elétricos mais pesados do que os tradicionais, esse desgaste dos pneus pode ser um problema ainda maior.
De acordo com a investigação da Emissions Analytics, as emissões em massa de partículas provenientes do desgaste dos pneus são milhares de vezes superiores às provenientes de tubos de escape – além de que estas foram significativamente reduzidas depois da integração dos filtros de escape de alta eficiência.
Foi com isto em mente que a startup The Tyre Collective desenvolveu um dispositivo que, instalado na roda, recolhe as pequenas partículas em placas de cobre carregadas com eletrostática. Além de estar já patenteado, este já ganhou também o prémio James Dyson, em 2020.
Durante anos, concentrámo-nos muito nas emissões do tubo de escape, mas começámos a procurar outras fontes de poluição.
Todos sabemos que os pneus se desgastam, mas ninguém pensa realmente para onde vai esse material, e ele acaba no nosso ar e água.
Disse Siobhan Anderson, diretor científico e cofundador da The Tyre Collective.
Uma startup empenhada na redução da poluição provocada pelos pneus
A The Tyre Collective começou enquanto projeto universitário, em 2020, na altura em que os quatro fundadores estudavam para o mestrado em Engenharia de Design de Inovação, na Imperial College London e na Royal College of Art.
O despertar para a poluição que resulta do desgaste dos pneus aconteceu na cabeça de Siobhan Anderson que, além da formação em biologia, sempre nutriu interesse pelo ambiente e pelos microplásticos.
Para perceber o problema, a The Tyre Collective calculou a quantidade de pó de pneu produzido por um autocarro, em Londres, por dia, percebendo que se tratava do equivalente ao tamanho de uma toranja.
Depois disso, a equipa precisou de descobrir como impedir esse pó de voar e de se propagar. Segundo Anderson, tentaram “diferentes métodos de recolha, desde a utilização de um aspirador até à utilização de materiais pegajosos”.
Com a investigação, a equipa percebeu que essas partículas libertadas estão carregadas eletrostaticamente e, assim, concluiu que poderia utilizar uma placa de cobre para criar um campo que atraísse o pó da roda.
Uma vez que a indústria automóvel se tem mostrado recetiva a esta solução, a The Tyre Collective estabeleceu 2024 como horizonte temporal para o lançamento do dispositivo.
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Este artigo tem mais de um ano
Yá
No entanto vai aumentar a demanda ainda por mais cobre que já vai escasseando.
E para as partículas resultantes das pastilhas de travão tb tb vai funcionar?
Eu também começo a poluir quando emito gases internos da feijoada que comi.
Uma bicicleta tem metade dos pneus de um carro. E cada pneu tem 10 X menos material, ou nem tanto. Outra coisa: esqueçam lá esses filtros de escape de alta eficiência. Tudo o que eles fazem é reter poluição para periodicamente a descarregar de uma vez só.
Mas a malta tmb polui quando respira qual a solução?
E no transporte ferroviário, a fricção entre as rodas e os carris, não provoca também a libertação de partículas metálicas? No transporte marítimo, os hélices em fricção com a água, o combustível queimado por petroleiros e porta-contentores, cheio de enxofre para a atmosfera, aviões, veículos espaciais, ou seja, para haver deslocação aqui no planeta, usa-se o atrito, obrigatoriamente vai provocar libertação de partículas.
Em relação ao transporte ferroviário penso que não haverá problema pq o ferro é biodegradável.
Veículos espaciais, pelo menos a NASA, já usa muito o H2 como combustível.
No restante concordo em absoluto.