Carta pública: CEO do Grupo Renault apela a um “Plano Marshall” europeu
O CEO do Grupo Renault tem sido muito vocal relativamente à necessidade de uma frente europeia coesa, que seja capaz de competir com a oferta elétrica que chega da China. Recentemente, o executivo apelou a um "Plano Marshall" europeu para apoiar a transição para os carros elétricos.
O Presidente do Conselho de Administração do Grupo Renault, Luca de Meo, apelou à cooperação entre os países da União Europeia (UE), no sentido de resolver o "desequilíbrio da concorrência" relativamente à China e aos Estados Unidos.
Por forma a garantir o futuro da indústria automóvel europeia, tal como aconteceu com a Airbus, Luca de Meo apelou a um "Plano Marshall" de 10 anos, numa carta pública dirigida ao Parlamento Europeu.
De 6 a 9 de junho, os cidadãos europeus vão eleger o seu Parlamento para um mandato de cinco anos. Logo a seguir, será constituída uma nova Comissão em Bruxelas. Trata-se de um momento muito importante na vida democrática do continente. Através das suas decisões e regulamentos, a Europa influencia a nossa vida quotidiana e a economia. As suas decisões têm, e terão, um impacto forte em muitos setores de atividade, a começar pela indústria automóvel, da qual sou um dos representantes. São os deputados eleitos que irão arbitrar e validar as escolhas mais importantes nos anos vindouros.
Se quis expressar-me nas vésperas dos debates que alimentarão a campanha eleitoral, não é para fazer política, mas para contribuir para a escolha da política certa. Uma política que permita às nossas empresas enfrentar todos os desafios tecnológicos e geopolíticos do momento. Para tal, acredito em esforços conjuntos e em parcerias entre os setores público e privado. A Europa já conseguiu o melhor com a Airbus. Ao multiplicar as cooperações, a nossa indústria estará no caminho da revitalização.
Escreveu Luca de Meo, na carta pública.
O também presidente da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (em inglês, ACEA), emitiu a carta em 12 línguas europeias.
Luca de Meo quer uma "indústria automóvel sustentável, inclusiva e competitiva"
Em jeito de mote, Luca de Meo assume que a indústria automóvel, pilar da economia europeia, "está ameaçada pela investida dos automóveis elétricos chineses". Além disso, enumera os seis desafios que os atores europeus do setor enfrentam simultaneamente:
- Descarbonização;
- A revolução digital;
- As regulamentações;
- A volatilidade tecnológica;
- A volatilidade dos preços;
- A formação dos seus empregados.
Na sua perspetiva, enquanto os americanos estimulam e os chineses planeiam, "a Europa regula freneticamente".
Em média, oito a dez novos regulamentos serão introduzidos todos os anos pelas diferentes direções da Comissão Europeia até 2030 [...] Trata-se de uma situação muito desvantajosa para as empresas, que se veem muitas vezes pressionadas para se adaptar a prazos muito apertados de aplicação destas novas regras obrigando-as a mobilizar importantes recursos de engenharia (até 25% de um departamento de I&D) para estudar a sua aplicação.
Esta carga regulamentar visa fazer da Europa a campeã da proteção do ambiente, na esperança de que seja um fator de progresso social para todos no planeta. O problema é que os outros blocos demoram a seguir o exemplo. Este facto, por sua vez, penaliza a competitividade das empresas europeias.
Para Luca de Meo, a UE tem interesse em aprender com as fabricantes chinesas, "que estão uma geração à frente em termos de desempenho e custos dos automóveis elétricos (autonomia, tempo de carregamento, rede de recarga, etc), software e rapidez de desenvolvimento de novos modelos (1,5 a 2 anos contra 3 a 5 anos)".
Na sua opinião, "a relação com a China deve ser objeto de uma cuidadosa reflexão", pois "fechar-lhe completamente a porta seria a pior resposta possível".
Entre as suas propostas, o CEO da Renault afirma que a Europa deveria acelerar o ritmo de substituição dos veículos antigos por veículos mais recentes e menos poluentes, por via de um fundo do tipo "Plano Marshall" durante a próxima década.
Este fundo, que poderia poupar 1 milhão de toneladas de CO2 até 2030, serviria para redistribuir recursos por toda a Europa com base nas capacidades de cada país e promoveria novos incentivos aos veículos elétricos.
O executivo também sugere um apoio a nível europeu para a produção de carros pequenos e económicos, que, segundo ele, poderiam gerar 10.000 empregos.
Na mesma carta, Luca de Meo afirmou que "centro de gravidade do mercado automóvel mundial" deslocou-se para a Ásia, onde cerca de 52% dos automóveis são vendidos, contra 20% na Europa e 24% na América do Norte e Latina.
Como consequência do apoio da China aos carros elétricos, bem como da dimensão do mercado interno chinês, as exportações para a Europa quintuplicaram desde 2017, com o défice comercial global entre a Europa e a China a situar-se atualmente nos 400 mil milhões de euros.
Apesar de a UE estar assumidamente comprometida com os carros elétricos e a desarborização do setor automóvel, Luca de Meo acredita que é crucial estabelecer "um quadro claro e estável". Assim sendo, deixa algumas recomendações.
Para uma indústria europeia competitiva e desarborizada
- Definir uma estratégia industrial europeia, tendo a indústria automóvel como um dos seus pilares;
- Reunir à volta da mesa todas as partes interessadas para elaborar esta estratégia;
- Acabar com o atual sistema de empilhamento de normas, de fixação de prazos e de aplicação de multas;
- Adotar uma abordagem horizontal e não apenas vertical;
- Reconstruir capacidades de aprovisionamento em matérias-primas e componentes eletrónicos, desenvolver competências em matéria de software e construir a soberania europeia na nuvem;
- Inventar um modelo híbrido, ou seja, começar por uma abordagem defensiva e, depois, partir para a conquista dos mercados mundiais.
Logo a seguir, Luca de Meo propõe uma série de medidas.
Para ajudar a UE a caminhar na direção «certa»
- Adotar um princípio de neutralidade tecnológica e científica;
- Associar as 200 maiores cidades na estratégia europeia para descarbonizar a indústria automóvel;
- Introduzir uma espécie de "Liga dos Campeões" industrial;
- Criar zonas económicas verdes;
- Atribuir uma quota de energia barata e descarbonizada à indústria automóvel;
- Acelerar o desenvolvimento de automóveis autónomos inteligentes e hiperconectados;
- Envolver as pessoas na transição ecológica;
- Implementar um "New Deal" entre os setores público e privado para atingir rapidamente a massa crítica a nível europeu.
Por fim, na carta dirigida ao Parlamento Europeu e na qual exige mudanças, o CEO da Renault enumera 10 projetos para ajudar a Europa a recuperar o seu atraso.
Para mais pormenores, deixamos-lhe abaixo a carta na íntegra, em português:
Concordo desde que, para o bem da igualdade de oportunidades, Portugal receba fundos para ter a sua própria marca automóvel. Ofereço-me para receber o dinheiro e criar a empresa e peço ainda que continuem a pagar o hotel ao Manel Serrão.
Obrigado, abraços
A Renault está a fiar-se em decisões políticas para assegurar o seu futuro! Acho que não é o caminho indicado, para além de ser perigoso!!
Concordo desde que os automóveis europeus sejam vendidos ao preço dos chineses e não que taxem os chineses para os colocar mais caros, ao nível dos preços atuais da produção na Europa.
Não chega os milhões e milhões em fundos europeus que recebem?
Na volta é aquilo que já sabemos uma boa parte é para os bolsos da corrupção…
Podem começar por ter um padrão para as tomadas dos carregadores….
Nos telemoveis já exigiram um padrão, porque não fazem o mesmo para os veiculos eletricos?
O primeiro objetivo deveria ser contrapartida para os fundos europeus. Deve no entanto ser desenvolvido de forma a espelhar o conceito de carro do povo promovido em tempos idos. Ou seja a ideia de carro pequeno deve ser descartada, pois dá a ideia dos twingos desta vida.
O ideal deve ser no mínimo um automóvel do segmento b (5 lugares), fiável, fácil/barato de reparar ou trocar peças a ser apresentado pelas marcas europeias que queiram aceder a esses fundos compartilhando a base do mesmo entre a mesmas para não desperdiçar recursos e com vista a embaratecer o máximo possível o veiculo.
Se os chineses conseguem fabricar em marcas diferentes com mão de obra especializada (não é paga a taças de arroz) um BEV com estas características e vendem no mercado interno por cerca de 10000€, não vejo o porquê de um eventual consórcio europeu não conseguir fazer o mesmo. A tecnologia BEV usa bem menos peças que um ICE, não há desculpa, para além da habitual ganância!
O “problema” é: carros de fabricantes europeus com capital chinês/americanos nos quadros diretivos… E cidadãos europeus descapitalizados… Daí a lentidão em construir carros que sejam apelativos aos bolsos europeus…
O conceito “carros de fabricantes europeus” é muito relativo. Ora, Toyota, Nissan, Kia, Hyundai, entre outros, são “carros de fabricantes europeus”? Eu sei que estas marcas também têm as fábricas nos países da União Europeia, assim, como a Tesla, e também, muito em breve BYD na Hungria. A partir do momento em que as marcas BYD e Tesla fabricam os seus produtos num dos países da União Europeia, também passam a ser “carros de fabricantes europeus”.
As marcas que mencionaste não são europeias. Eis aqui o site com a informação que necessitas para estares informado:
https://listcarbrands.com/european-car-brands/
Dêem lá dinheiro aos senhores que são muito pobres.
Os milhões que estes CEO ganham para virem com desculpas.
Industria dos automóveis a querer ser como a banca e a pedir um resgate.
Eles e vontade de empurrar o cliente para um produto idiota.
sempre que vejo um smartphone com rodas fico admirado como o pessoal vai atras de modas sem sentido. lavagens.
Já você foi atrás de outras modas sem sentido, dos fogões com rodas, ou seja, não é diferente de ninguém.