China ameaça quem apoiar os EUA contra os chips de IA da Huawei
Recuperando uma batalha que dura há alguns anos, a China ameaçou com ações judiciais aqueles que apoiarem as sanções dos Estados Unidos da América (EUA) aos chips de Inteligência Artificial (IA) da Huawei.
Num artigo recente, a Bloomberg informa que a China ameaçou tomar medidas legais contra qualquer pessoa que impusesse restrições aos semicondutores da Huawei devido aos EUA.
O Ministério do Comércio da China disse que qualquer entidade que contribuísse para a proibição dos EUA aos chips da Huawei estaria a violar a Anti-Foreign Sanctions Law da China. Esta lei foi concebida para punir aqueles que interferirem nos assuntos internos do país asiático.
Inicialmente, o Departamento de Comércio dos EUA, a agência americana responsável pelas restrições contra a Huawei, afirmou que a utilização de semicondutores da Huawei "em qualquer parte do mundo" violaria os controlos de exportação dos EUA.
Entretanto, o excerto "em qualquer parte do mundo" acabou por ser retirado do comentário.
Apesar da correção, em resposta, a China afirmou que as ameaças da administração de Donald Trump sobre os chips contrariavam as recentes conversações comerciais, que tiveram lugar em Genebra, na Suíça, e levaram uma pausa de 90 dias para algumas taxas recíprocas.
Apesar da reação da China, que ameaça qualquer pessoa que impeça a distribuição dos chips de IA da Huawei, a imprensa aponta para uma melhoria na relação entre a China e os EUA.
Restrições americanas à China não tiveram o efeito desejado
Quando os EUA proibiram a NVIDIA de enviar o seu novo chip H20 AI para a China, com a intenção de afastar a tecnologia do país e prejudicar o seu crescimento nesta matéria, a medida teve o resultado oposto.
Privando a China da tecnologia, os EUA ajudaram empresas como a Huawei a trabalharem em soluções próprias, com o objetivo de reduzirem a sua dependência de um mercado que as havia deixado, de forma evidente, na mão.
Nesse sentido, a Huawei conseguiu gerar maiores vendas internas dos seus chips de IA, acabando por prejudicar, em certa medida, a gigante americana dos semicondutores.
Na China, segundo a imprensa, a NVIDIA já teve uma quota de mercado de 95% para os seus chips de IA. No entanto, as restrições dos EUA reduziram esse número para 50%.
Resumindo:
– Os EUA embargaram a exportação para China de placas gráficas IA da NVIDIA, desde a mais avançada H100 até à modesta H20, que a NVIDIA tinha desenvolvido especificamente para a China
– Em resposta, usando processadores para IA Ascend 910B, a Huawei desenvolveu duas placas gráficas Ascend 910C (com dois desses processadores) e Ascend 910D (com múltiplos processadores) que não ficam atrás da H100.
– Os EUA fazem a NVIDIA perder 5,5 mil milhões de dólares ao proibir (na verdade, ao obrigar a autorização prévia) a exportação das placas gráficas H20 para AI, e agora a China fabrica umas ao nível das mais potentes, H100
– Mas não só – se outros países não puderem comparar as da Nvidia devido as restrições, ou preferirem as chinesas, a Nvidia perde ainda mais dinheiro. Embora, na recente viagem de Trump, à Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos e Catar, foi anunciado que os Emiratos iriam importar 500 mil H100 por ano. E quem vende as placas gráficas para IA fica em melhor posição para construir os data-centers e montar os servidores – é a influência chinesa a alastrar.
Não é de surpreender que a China não tenha gostado e respondido.
É bom existir concorrência e de preferência de empresas de países distintos. O desenvolvimento, aperfeiçoamento e preço só nos trás vantagens na futura aquisição desse hardware. Espero que Portugal não seja um “bóbi” para os EUA mas sim que adquira o que mais nos convier.
Concordo plenamente com a opinião expressa: a existência de concorrência, especialmente entre empresas de diferentes países, é sempre benéfica para o desenvolvimento tecnológico, para a inovação e para a obtenção de melhores preços, o que favorece os consumidores na aquisição futura desses equipamentos.
No entanto, infelizmente, não creio que tal cenário de verdadeira independência e escolha venha a acontecer em Portugal. O nosso país foi pioneiro, dentro da União Europeia, na exclusão da Huawei das redes 5G, tendo avançado mais rapidamente do que outros Estados-membros, e tudo indica que esta decisão foi fortemente influenciada por pressões externas, nomeadamente dos Estados Unidos. Apesar de nunca ter havido um anúncio oficial, a deliberação do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço obrigou as operadoras a remover equipamentos da Huawei, uma medida que muitos especialistas consideram mais política do que técnica.
Neste contexto, é difícil não considerar que Portugal já assumiu há muito tempo a posição de “bóbi” em relação aos interesses americanos, limitando-se a seguir orientações externas em detrimento de uma avaliação autónoma do que seria mais vantajoso para o país. Resta saber se, e quando, Portugal será compensado por essa postura submissa, recebendo o tão prometido “osso” por parte dos EUA.
Em suma, apesar do discurso oficial sobre soberania tecnológica e defesa do interesse nacional, a prática tem revelado uma dependência acentuada de decisões externas, o que coloca em causa a verdadeira liberdade de escolha e de concorrência em Portugal.
portugal sempre foi um “bóbi” dos eua, porque agora seria diferente?
até já houve várias empresas em portugal a tirarem as suas infra-estruturas equipamentos da huawei