NVIDIA culpa os EUA: sanções da China estão a abrir imensas portas à Huawei
As contínuas restrições impostas pelos Estados Unidos à China estão a gerar um cenário de incerteza para gigantes tecnológicas como a NVIDIA. O seu CEO, Jensen Huang, adverte que estas sanções poderão, ironicamente, beneficiar rivais como a Huawei, permitindo-lhes definir os futuros padrões globais na inteligência artificial (IA).
O alerta de Huang e o risco para o domínio da CUDA
Para a NVIDIA, a perspetiva de perder o acesso ao mercado chinês traduzir-se-ia numa "perda enorme", palavras do próprio Jensen Huang, diretor-geral da gigante norte-americana. O futuro da empresa na China é incerto, à medida que as sanções dos EUA se intensificam.
Durante o último exercício fiscal, que terminou a 26 de janeiro de 2024, a China foi responsável por aproximadamente 13% das receitas totais da NVIDIA, um valor que ronda os 17 mil milhões de dólares. Na prática, o país liderado por Xi Jinping constitui o terceiro maior cliente desta empresa, superado apenas pelos Estados Unidos e por Taiwan.
No entanto, as implicações vão além do aspeto financeiro; sobre a mesa está também a possibilidade de a Huawei conseguir estabelecer os padrões tecnológicos globais, em detrimento das tecnologias desenvolvidas pela NVIDIA.
Encontramo-nos num ponto de viragem. Os Estados Unidos devem decidir se pretendem continuar a liderar o desenvolvimento e a implementação global da IA ou se optarão por recuar e isolar-se [...]
A América não pode liderar impondo restrições a si própria. Se dermos um passo atrás, outros ocuparão esse espaço. E o ecossistema global da IA tornar-se-á fragmentado a nível tecnológico, económico e ideológico.
Declarou Jensen Huang perante legisladores norte-americanos. Contudo, um problema ainda maior reside na eventualidade de a Compute Unified Device Architecture (CUDA) perder a sua atual hegemonia na indústria da IA.
CUDA
A CUDA engloba o compilador e as ferramentas de desenvolvimento utilizadas pelos programadores para criar software para as GPU da NVIDIA. Esta tecnologia detém um papel crucial no modelo de negócio da NVIDIA.
A alternativa da Huawei: CANN
A substituição da CUDA por outra solução em projetos já em andamento traz um obstáculo considerável.
A Huawei, que deseja conquistar uma quota substancial deste mercado na China, apresenta a Compute Architecture for Neural Networks (CANN) como a sua contrapartida à CUDA. No entanto, de momento, esta última mantém o domínio no mercado.
A CANN tem sido alvo de críticas devido à sua aparente dificuldade de utilização, bem como ao seu desempenho instável, documentação insuficiente e problemas de fiabilidade.
Contudo, seria um erro crasso subestimar a capacidade da Huawei para colmatar estas deficiências. A empresa confirmou que se encontra a trabalhar ativamente na sua resolução.
E há mais concorrentes chineses à NVIDIA!
A Huawei não é a única entidade a ameaçar a posição de liderança da NVIDIA. A CANN não constitui o único trunfo do país governado por Xi Jinping. A Moore Threads é uma das empresas chinesas dedicadas à produção de hardware para IA, à qual as companhias alinhadas com os interesses dos EUA e dos seus aliados estão impedidas de vender software ou equipamento avançado.
Embora seja uma empresa relativamente jovem (fundada em 2020), possui um trunfo importante: o seu fundador é Zhang Jianzhong, antigo diretor-geral da filial da NVIDIA na China, o que denota um conhecimento profundo da área em que opera.
A Moore Threads desenvolveu diversas GPU para aplicações de IA que, no papel, rivalizam com algumas das soluções avançadas que a NVIDIA, AMD ou Huawei colocaram no mercado. No entanto, esta empresa oferece algo mais: um conjunto de software, denominado MUSA, com o qual pretende romper definitivamente o domínio da CUDA.
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Os americanos já estão a berrar!!!
n querem concorrencia!
Nunca interrompas o teu inimigo quando ele está a fazer disparates.
Mais sanções são a solução.