Protótipo de smartwatch com monitorização não invasiva da diabetes tem 84% de precisão
Não estaremos muito longe de usar um "médico pessoal" no pulso. Isto é, com o avançar da tecnologia, os smartwatches poderão constantemente avaliar a nossa saúde e dar alertas, sugestões e informações sobre o nosso corpo, os sinais vitais e o bem-estar. A monitorização da diabetes é um desses objetivos e há já um protótipo de smartwatch que consegue uma taxa de precisão a rondar os 84% na deteção dos níveis de glicose no sangue.
Várias marcas, como a Apple, Samsung, Huawei ou Garmin, lideram a oferta de tecnologias que além da parte do exercício também se focam na área da saúde. Este pode ser um trunfo importantíssimo!
E se um dia fosse possível monitorizar a diabetes no seu smartwatch?
Temos vindo a falar nos últimos anos que um dos desejos dos utilizadores do Apple Watch (assim como de outros smartwatches) é terem tecnologia de monitorização dos níveis de glicose no sangue. Isto porque um dos maiores desafios das pessoas com diabetes é medir regularmente os seus níveis de açúcar no sangue.
Além disso, apesar dos avanços (e são significativos), a tecnologia deverá libertar estes utilizadores da dor e perturbação que os testes de glicose no sangue, que recorrem à picada no dedo, causam. É por isso que há tanta promessa e esperança de que a monitorização não invasiva da glicose está mesmo ao virar da esquina.
Vigiar a diabetes a partir do seu relógio
Recentemente, os investigadores desenvolveram e testaram um novo protótipo de smartwatch que pode ajudar na medição não invasiva dos níveis de glicose no sangue. Esta investigação foi publicada na secção Microssistemas e Nano-engenharia da revista Nature.
Segundo a informação, o smartwatch tem esta ação não-invasiva através da utilização de um adesivo de sensor eletroquímico flexível revestido com Nafion fixado na bracelete do relógio para obter o fluido intersticial (ISF) transdermalmente no pulso.
Isto permite uma monitorização contínua não invasiva da glicose no sangue, o que significa que não é necessária uma gota de sangue para efetuar uma medição.
Mais de 84% de sucesso num protótipo
Neste estudo, os participantes podiam ver os seus níveis de glicemia em tempo real no ecrã LED do relógio ou verificar estes níveis usando o seu smartphone (que estava emparelhado com o smartwatch). Com 23 voluntários, o relógio demonstrou 84,34% de exatidão clínica na análise da grelha de erro Clarke (zonas A + B).
Existe uma correlação fiável entre os níveis de glicose no sangue e os níveis de glicose ISF, razão pela qual os níveis de glicose ISF estão a ser utilizados como fonte de biomarcadores. Os monitores de glicose baseados em ISF desenvolvidos nos últimos anos provaram ser fiáveis e precisos em estudos de investigação.
O adesivo sensor de glicose flexível utilizado no estudo foi fabricado numa película de 100 μm de poli-imida espessa (PI) com tecnologia MEMS. Este adesivo fixa-se, como já referimos, na bracelete dos smartwatches e, em contacto com a pele, fixa-se ao pulso do utilizador.
A película contém dois sensores de glicose. Cada um tem um elétrodo de trabalho, um elétrodo de referência e um contra-electrodo.
Cada sensor é também rodeado por um par de elétrodos de extração para a extração não invasiva de ISF da pele. Os biomarcadores são obtidos transdermalmente através de iontoforese inversa.
Após a aplicação de uma corrente elétrica através dos elétrodos de extração, pequenos iões de tamanho molecular na ISF sob a superfície da pele eletromigram em direção ao elétrodo de polaridade oposta.
Uma vez que a pele em pH fisiológico é carregada negativamente e assim permselectiva a iões positivos, um fluxo de solvente eletroosmótico é induzido pelos catiões (por exemplo, Na+, K+) e transporta espécies de soluto, incluindo moléculas neutras e especialmente polares, tais como glicose e lactato, para o cátodo. A glicose extraída é então detetada pelo sensor próximo.
Um ciclo de medição dura um total de 17 minutos, ou seja, o nível de glicose no sangue do utilizador pode ser medido 4 vezes aproximadamente a cada 1 h.
Adaptar a tecnologia ao dia a dia do utilizador
Os testes também têm em conta vários fatores, resultantes da utilização quotidiana. Assim foram testados cenários para inexatidões do relógio devido ao movimento do pulso e do braço. Os investigadores realizaram mais experiências para verificar se os movimentos do corpo não causaram resultados de teste incorretos.
Um voluntário não diabético usou um relógio detetor de glicose em cada pulso. Durante o teste, o braço esquerdo do sujeito permaneceu imóvel, e o braço direito fez movimentos constantes (por exemplo, oscilações do braço, flexões do braço, movimentos do pulso).
Durante a experiência de 2 horas, a equipa do estudo efetuou seis medições por cada relógio e 6 resultados do teste de glicemia com dedo e comparou estes resultados. Os investigadores perceberam que o movimento do corpo não interferia negativamente com a precisão.
O trunfo sem dúvida que é monitorizar a glicose no sangue através de um processo não invasivo. Depois, com esses dados, construir perfis para o utilizador ter todo o controlo na informação. Como resultado, a informação poderá alertar o utilizador que poderá levar uma vida com muito mais qualidade.
Com empresas como a Rockley Photonics (fornecedor Apple) e outras a trabalhar em tecnologias avançadas, não falta muito para que possamos ver um smartwatch comercialmente viável que possa ajudar as pessoas com diabetes a cuidarem facilmente de si próprias.
Este artigo tem mais de um ano
Precisão ou exatidão?
84% parece-me que sim, promete mas se não conseguirem aumentar eu não confiaria o meu dia a dia com essa precisão!
Nem mesmo medidores domésticos conseguem muito mais do que isso. Só os de categoria hospitalar mesmo
Estava a interpretar mal, pensei que estávamos a falar de desvio de 84%.
Mas na realidade o desvio será de 16% e aí sim é um óptimo valor e facilitará muito a vida.
Excluindo a produção dos vários tipos de insulina, seria a primeira evolução relevante na doença.
Mas pronto, desconfio muito da exatidão disto, mesmo o sensor freestyle libre, apresenta algumas lacunas em que um diabético tem que assumir 100% o controlo e ir contra o que maquina nos diz.
Penso que esta solução poderá potenciar uma revolução ao nivel do que a medição da diabetes significa.
Tendo hoje em dia apena so freestyle como o principal e revolucionário medidor da diabetes sem termos que picar constantantmente.
Esta competitividade, poderá despontar uma vantagem tecnológica.
Claro que, o infarmed tem um papel preponderante, no qual apena a 1/2 meses aprovou o libre 2 quando o 3 ja esta em circulação em muitos países europeus.
nem mais, deste um bom exemplo esse caso do infarmed.. aliás ao longo da minha vida como diabético fiquei frustrado por não ter acesso a determinadas tecnologias só por causa do infarmed.
Bem, a Abbott também tem muitas culpas, basta por ex. dizer que em Portugal só há um ano podes usar a app para o sensor enquanto que nos outros países já à muito que é usado, não sendo possível até usar a app de outro país, portanto as culpas podem e devem ser repartidas.
Está quase. Mais um pouco. Diria mais uns anos de investigação, mais outros tantos para aprovação em todos os países e aí sim os smarwatches vão ser úteis e vender que nem pipocas.