Quem paga melhor aos músicos, a Apple ou o Spotify? Um paga muito mais que o outro…
Não há dúvidas que o Spotify é um gigante do streaming de música. A Apple é outro gigante que persegue, de longe, o pódio, mas tem alguns trunfos, que podem ser mais atrativos, segundo quem trabalha com os dois serviços. A questão foi posta às claras por um produtor que fez as contas e mostrou-as lado a lado. O Spotify é muito maior, mas será que paga mais do que a Apple?
Esta é uma guerra já antiga, que coloca lado a lado os dois maiores serviços deste mercado que cresceu imenso nos últimos anos. Um tem mais clientes, mas o outro tem muito mais dinheiro. Fica a questão, qual será o mais "forreta"?
Os serviços de streaming de música ajudaram a quase erradicar a pirataria de música. Trouxeram qualidade e usabilidade sem que com isso o utilizador tenha de pagar um euro sequer. Esse é o foco do Spotify que, segundo dados recentes, já conta com mais de 400 milhões de utilizadores, sendo que destes 162 milhões pagam o serviço premium.
Já a Apple, que não partilha qualquer informação do número de utilizadores desde há alguns anos, deverá ter, segundo estimativas, cerca de 78 milhões de subscritores. Neste caso, deverá ser quase o número total, visto que a Apple apenas tem o plano pago e um plano temporário (3 meses de teste gratuito). Portanto, pagadores, o Spotify terá cerca de 162 milhões e a Apple 78 milhões.
Vamos então para a análise do melhor pagador com base nestes números.
Qual a melhor plataforma de streaming de música para os artistas?
O preço das subscrições de serviços de streaming de música tem uma leitura dupla. Por um lado, temos o preço que pagamos pelo serviço, mas, por outro, há o valor que os artistas recebem quando ouvimos as suas. Uma figura que muda radicalmente entre Apple Music, Spotify, Amazon Music e outras.
Informação que não é exatamente pública, embora no caso da Apple o seja, mas que podemos, em grosso modo, deduzir os rendimentos que os artistas recebem. É exatamente disto que o produtor L.Dre fala, e oferece-nos uma visão muito interessante de como a paisagem de streaming é para aqueles que enchem os seus catálogos de conteúdo.
Neste vídeo, L.Dre mostra números concretos. Uma música, com 4,7 milhões de streams na Apple Music, rende-lhe 24.200 dólares. Entretanto, outro tema, com 4,5 milhões de streams no Spotify, rende-lhe 11.683 dólares, menos de metade do valor pago pela Apple.
Sim, há uma diferença abismal quando se trata de monetizar as obras que os artistas enviam, às vezes diretamente, às vezes através de editoras, para os serviços de streaming.
Conforme devem estar lembrados, no ano passado, a Apple publicou uma carta aos artistas sobre o Apple Music, onde afirmava que em média foi pago um royalty de um cêntimo de dólar por reprodução.
Declarou também que, até 2020, o número de artistas que recebem mais de 50.000 dólares por ano da Apple Music tinha duplicado. Números que a Apple cita com orgulho em pagar aos artistas no seu serviço de streaming a sua quota-parte, e que são muito diferentes de outras figuras concorrentes.
Se olharmos para os números partilhados por L.Dre, o Spotify paga menos de um terço de centavo de dólar, nomeadamente 0,0026 dólares por stream. Neste caso, a Apple paga 0,0051 dólares por stream, o dobro do valor. Uma diferença abissal no que os artistas recebem. A isso temos de acrescentar que, através das produtoras/editoras, estes números podem ainda ser mais baixos.
As razões para estas diferenças - em média 0,01 dólares na Apple Music contra 0,0033 dólares na Spotify - não são claras. Podemos especular que o plano de Spotify gratuito e apoiado por anúncios não é tão lucrativo como deveria ser, mas pouco mais.
O que é claro é que a Apple sempre teve uma relação muito especial com a música. Não podemos esquecer o que fez com o iPod, com o iTunes, ou mesmo com o que Steve Jobs fez pela indústria. Lembra-se das palavras de David Ellefson da banda Megadeth, ele disse que “Steve Jobs salvou o negócio da música”.
Bom, não é por acaso que a Apple aposta neste segmento. Aliás, há algumas semanas, foi notícia a plataforma Apple Music ter ultrapassado as 100 milhões de músicas disponíveis. Um número que, não tenhamos dúvidas, se deve em grande parte à oferta de condições vantajosas para os artistas que contribuem para o catálogo da Apple.
A guerra tem várias frentes e está a crescer
A guerra do streaming de música parece estar em curso, especialmente agora que a Amazon Music está incluída na Amazon Prime, o que representa uma competição ainda mais dura pela Spotify.
Dado o número de opções, não seria surpreendente se os artistas decidissem dar prioridade a serviços mais vantajosos quando se trata de monetizar as suas obras. Nós, como utilizadores, podemos falar sobre os preços da Apple Music e dos outros serviços, mas o outro lado da moeda também tem muito a dizer.
Afinal, agora paga-se para ouvir música e estes serviços estão em todo o lado, como nos smartphones, smartwatches, colunas inteligentes, carros, computadores, TVs... entre outros dispositivos.
Este artigo tem mais de um ano
Facto: em qualquer dos casos o serviço fica com 1/3 de cada $ ou € da receita os restantes vão para quem detém os direitos. Relativamente ao spotify, sim, a minoria de subscritores pagantes são quem gera a maioria da receita, mas o numero de reproduções é maior por parte dos clientes free, logo o valor gerado por reprodução é menor. Não é abordado no vídeo, mas o serviço que realmente gera menos receitas por reprodução é o youtube music.
Em relação aos detentores de direitos, a coisa fica interessante. Os 3 principais direitos são os de autoria, interpretação e detentores das gravações originais (masters). Na redistribuição de valores, os detentores dos masters são quem leva a maior fatia, comparativamente autores e interpretes levam migalhas. Facto interessante, contratualmente os masters ficam nas mãos das editoras. Uns dizem que é um exagero, outros os preço a pagar pela exposição, promoção e financiamento das gravações. No caso dos suportes físicos, as percentagens são idênticas, apenas a plataforma de streaming é substituída pelo retalho.
Existe sempre a via do independente para maximizar as receitas por reprodução a favor do artista, como parece ser o caso do autor do vídeo. Mas terão que promover sozinhos e nunca terão o poder de uma máquina gigantesca perfeitamente oleada.
Por fim, a industria musical está tão mal que ano após ano os 4 grandes grupos editoriais do planeta batem lucros record, a maioria deles provenientes de serviços de streaming. Quando vejo artistas a chorar contra os valores pagos pelo spotify… dá que pensar.
Uso o Tidal actualmente, fui Spotify Premium, mas a qualidade audio continua a deixar a desejar, andei meio ano na apple, boa app móvel mesmo no sistema da concorrência mas no PC ter que usar o iTunes é penoso (parece que é algo que mudará em breve), atualmente no Tidal, poucas razões de queixa. As únicas saudades do spotify são das playlists comunitárias, devido ao maior número de utilizadores. Playlist com o alinhamento do concerto da banda X ontem à noite, no spotify era quase garantido, apple e tidal, quase garantido que não.
Para concluir se querem realmente apoiar os vossos artistas favoritos para que possam continuar a criar: concertos e merchandizing.
Tidal HiFi presumo.
Sim, não tenho equipamento que tire proveito da qualidade extra (master) do HiFi Plus.
Desculpem se isto é off topic. Já tinha lido que a amazon music está incluido no amazon prime. A questão é que eu tenho amazon prime e quando tento ouvir alguma coisa no amazon music, sou obrigada a subscrever o music unlimited. Sabem ajudar-me?
Em Portugal o Amazon Prime não “ oferece “ o Amazon Music.
São serviços à parte.
Certo. Só em Espanha.
Facil ultrapassar 😉
Vale dizer que como o Spotify foi pioneira no mundo, e que para conseguir os direitos das músicas teve de fazer sacrifícios que hoje em a Apple não precisou.
Lembrando ainda que o Spotify nasceu numa época em que ouvir música online era sinónimo de pirataria, e nenhuma editora queria estar associada à marca.
No meio das negociações, o Spotify acabou a dar 70% dos seus lucros às editoras, algo que não acontece com a Apple.
O Spotify fez 933000 milhões de dólares nos 4 anos de serviço… em que pagou 1600 milhões em direitos de autor. Foi daí que surgiram as negociações que levaram a 62,55% do valor obtido a ser pago pelo copyright e para acabar com os milhões de processos que andavam a ser endossados.
A Apple comprou direitos de várias editoras. Pagou pelo catálogo e tem o controlo da distribuição. Além que a Apple não tem freemiun. É tudo pago por subscrição. Daí que dá para negociar valores para pagar ás outras editoras e não terem nem 5% das que estão disponíveis no Spotify.
Estás enganado. O iTunes foi o serviço pioneiro. O Spotify quando aparece já tem o caminho feito.
Exato!
Alguns que aqui andam devem ser jovens, não sabem.
Estás enganada. Antes disso houve o Napster 😉
*enganado
Não, estamos a falar de serviços legais 😉 tanto é que o Napster foi processado e “morreu” no primeiro assalto. Estamos a falar de lojas de música online com contratos com os músicos e editoras. O iTunes Store, que nasceu em 2003, foi pioneiro da forma como trouxe a música aos utilizadores, via online, com direitos de autor. (Onde o iPod foi um marco nos dispositivos mobile de música).
O Napster nasceu em 1999 e popularizou-se pelo uso da rede Peer-to-peer (P2P), tecnologia desenvolvida no final dos anos 70. Em grosso modo, o MP3 permitiu que a rede P2P pudesse “transmitir” estes ficheiros pequenos e compactuados sem perder muita qualidade, o MP3 apareceu no indício dos anos 90 e foi uma revolução e uma injeção de adrenalina na pirataria 🙂
Na verdade, os serviços de streaming, com preços acessíveis, “mataram” a pirataria tal como a conhecíamos. Nunca acabou essa pirataria, mas o número de utilizadores que hoje no mundo usam os muitos serviços de streaming de musica tiraram o significado à própria pirataria de música.
Aqui tem informação muito interessante sobre o tema: https://bit.ly/3u2ckBI
Apesar da iTunes Store ser pioneira, havia já uma loja que tinha algumas particularidades que a tornaria numa espécie de modelo arcaico da iTunes Store. Não me lembro do nome, mas sei que já tivemos essa informação por cá.
Certo, no entanto o modelo do iTunes não era o streaming, era venda de musicas a vulso.
Mais ou menos. O modelo de negócio é a base do que existe agora com o streaming. O canal de transmissão era outro, mas os canais evoluíram. Contudo, já havia a venda música online onde podias ouvir essa música na iTunes Store.
Exacto. I tunes original não tinha nada a ver com o Spotify. E nem foi o primeiro, havia mais.
O que interessa no final de contas é o que o músico recebe ao final do ano de casa uma das plataformas… o resto é o resto
Eu produtor de música o que me interessa é o profit ao final do mês. É com isso que eu pago as contas.
Certíssimo, mas se o Spotify pagasse mais levarias mais no final do mês.
Se… aqui não há se… nem o imagino… porque não estamos cá para fazer suposições.
Porque são modelos de negócio completamente diferentes, para o spotify pagar mais teriam de ou aumentar a subscrição ou remover o de borla.
Mas aí já estava a entrar no modelo de negócio da Apple,
Base de clientes menor, mas paga mais.
Tanto um como outra plataforma tem os seus pontos positivos tanto para o utilizador como para o produtor de música.
Ex: se és um artista com uma boa base de fãs e conhecido, talvez o iTunes seja onde tenhas mais lucro.
Agora se não, o spotify é o mais indicado, tens mais divulgação de mercado, e podes ter mais sucesso a nível monetária.
Mas nunca podemos comprar os modelos de negócio.
Um é em larga escala de divulgação, com preços baixos, outro o inverso.
belo título. quem paga mais é o TIDAL
Não foi o que disse o produtor 😉 e 24 mil dólares mês… não está ao alcance de qualquer um 😉
Uma perspectiva a analisar é a democratização que o Spotify trouxe ao streaming musical. É ainda hoje o preço cobrado pelo Spotify é muito inferior ao da Apple, é normal que ao artista chegue menos dinheiro. Acrescenta o facto que sendo a Spotify muito mais difundida que o Apple music, promove ainda os artistas num modo que não é directamente quantificável.
A Apple sempre se alavancou nos artistas para a sua promoção, neste caso não é diferente, e fá-lo muito bem.
Penso que são dois serviços que não podem ser comparados directamente.
A Apple oferece um excelente serviço, mas direcionado a quem é Apple user: a Spotify oferece um serviço muito mais universal.
Tirando o plano freemium, não é assim tão mais barato 😉 e não te esqueças que a Apple tem uma coleção maior de oferta.
Onde acho que o Spotify tem uma vantagem é no plano Duo, que faz toda a diferença.
Já para quem tem dispositivos Apple, o Apple Music é mais interessante, pois permite usar com a Siri no Apple Car, Apple Watch, HomePod, Apple TV, iPhone, Macs e iPad. Além disso está disponível via web.
O Spotify tem outras vantagens, como o freemium, além de ter uma App muito interessante, boa oferta musical, igualmente boa qualidade de som e, ligeiro melhor preço no pacote individual.
Apple Music
(3 meses gratuitos de teste)
Estudante – 3,99 €/mês.
Individual – 7,49 €/mês.
Família – 11,99 €/mês. (Até 6 utilizadores)
Spotify
(Plano gratuito com publicidade no meio das músicas)
Estudante – 3.49 EUR/mês
Individual – 6.99 EUR/mês
Família – 11.99 EUR/mês (Até 6 utilizadores)
Em termos práticos, quer o Apple Music, quer o Spotify apresentam bibliotecas poderosas, a Apple afirma a vantagem com “mais de 100 milhões” de músicas para os “mais de 80 milhões” do Spotify. Este último também inclui cerca de 2,6 milhões de títulos de podcast, enquanto que há um serviço apple podcasts totalmente separado (abre num novo separado).
O trunfo da Apple é a integração e o facto de ter tem mais faixas musicais puras no total. O Spotify tem o trunfo do freemium. Claro, de borla atrai muitos mais utilizadores, mas não traz receita na mesma dimensão.
Gosto dos dois e uso os dois.
Quem paga mais é a Deezer
Neste momento continuo a utilizar Spotify, pois é o único serviço que disponibiliza albúms e músicas de grupos que gosto. Já testei outras opções, mas acho-os sempre bastante “americanizados” e sem me conseguirem dar aquilo que procuro.