Novo telescópio observa super-erupções numa estrela de Leão
As tempestades solares são um fenómeno comum nas estrelas e a sua radiação pode, se muito intensa, afetar os planetas. Por sorte, a Terra está preparada para nos proteger desse tipo de ocorrências, mas não deixa de ser essencial o seu estudo e a preparação para eventuais falhas.
Um novo telescópio em Okayama, no Japão, observou e registou uma série de 12 super-erupções, ou explosões muito fortes, numa estrela anã a 16 anos-luz de distância, na constelação de Leão.
Super-erupções que intrigam os astrónomos
Ainda que usuais, as tempestades solares não podem ser subestimadas. Isto, porque, ainda que a Terra esteja pronta para nos proteger de situações como essas, temos um exemplo de quando uma tempestade solar interferiu diretamente com a Terra, o Carrington Event, em 1859. Se fosse hoje, este evento teria interferido nos sistemas GPS, corrompido comunicações de rádio do setor aéreo, e tal como na altura, teria pincelado o céu, em várias partes do mundo, das mais variadas cores.
Felizmente, os cientistas estão cada vez mais preparados para registar e, posteriormente, estudar fenómenos como o de agora. Assim, as 12 super-erupções foram captadas pelo Telescópio Seimei, de 3,8 metros, da Universidade de Quioto, em Okayama, no Japão.
Astrónomos da Escola Superior de Ciência da Universidade de Quioto e do Observatório Astronómico Nacional registaram essas explosões numa estrela vermelha anã, a AD Leonis, na constelação de Leão. Além disso, uma dessas explosões foi 20 vezes maior do que as emitidas pelo Sol.
As erupções solares são explosões repentinas que emanam das superfícies das estrelas, incluindo o nosso próprio Sol. Em raras ocasiões, ocorrerá uma super-erupção extremamente grande, produzindo enormes tempestades magnéticas que, quando emitidas pelo Sol, podem afetar a infraestrutura tecnológica da Terra.
Explicou Kosuke Namekata, um dos autores de um artigo publicado aqui.
Tempestades solares e AD Leonis: astros em estudo
Ainda que as tempestades solares sejam comuns, as super-erupções são fenómenos raros. Portanto, é difícil, para os especialistas, garantir dados, uma vez que só observam o Sol. Por esta razão, os astrónomos têm procurado exoplanetas semelhantes à Terra, a fim de examinar as estrelas que os orbitam e perceber o seu comportamento.
No artigo publicado no Publications of The Astronomical Society of Japan, a equipa relata que dedicou uma semana a observar a AD Leonis, a partir do Telescópio Seimei e de outras estruturas de observação. Esta estrela anã é mais fria do que o Sol, resultando numa maior incidência de erupções. Assim sendo, a equipa já esperava que as erupções fossem grandes, mas não contava que fossem tanto quanto as então registadas.
Para surpresa da equipa, a luz dos átomos de hidrogénio na super-erupção indica que havia 10 vezes mais eletrões de alta energia do que o observado nas típicas erupções no Sol. Além disso, a equipa observou erupções onde a luz dos átomos de hidrogénio aumentou, mas não correspondeu a um aumento da luminosidade no resto do espetro visível.
Depois de proporcionar estas novas revelações, a equipa espera que o Telescópio Semei abra portas para novos dados sobre os eventos que acontecem no Espaço. Dessa forma, será possível estudar e preparar ações na Terra, a fim de proteger a vida humana.
Este artigo tem mais de um ano
“…temos um exemplo de quando uma tempestade solar interferiu diretamente com a Terra, o Carrington Event, em 1859. Além dos sinais de GPS e comunicações de rádio do setor aéreo corrompidos, pincelou o céu, em várias partes do mundo, das mais variadas cores.”
Aposto que em 1859 devem ter ficado chateados quando o sinal GPS o rádio e os aviões ficaram afectados, deve ter sido sido tão mau que demoraram 136 anos a repor o sistema
A tempestade geomagnética de 1859 não afectou de forma alguma o GPS porque ainda não existia GPS. O primeiro satélite da constelação do GPS foi lançado quase 120 anos após este evento. Nem muito interferiu com as comunicações de rádio do sector aéreo porque as ondas rádio foram descobertas 8 anos depois deste evento, quanto mais usarem estas como forma de comunicação. Bem como na altura o sector aéreo não passava de protótipos. Estamos a uns 50 anos de aparecer a primeira companhia aérea, e mesmo estes na altura usavam dispositivos mais leves que o ar. Estamos a falar de uma época que ainda nem sequer existiam telefones, nem sequer uma rede eléctrica. O que afectou foram as linhas de telégrafo.
Exatamente.
Correto!
A maioria das pessoas não tem bem a noção de que as grandes descobertas que hoje damos como adquiridas tiveram o seu boost no virar de século (1800-1900), especialmente a partir da década de 1920.