X está a ser acusado de se “esgueirar” da Lei dos Serviços Digitais
O X de Elon Musk está a ser acusado de ignorar a lei europeia para a proteção de dados e a Lei dos Serviços Digitais, colocando em causa a sua situação no mercado europeu.
De acordo com a informação a ser avançada, a violação do RGPD - o regulamento para a proteção de dados da União Europeia - e da Lei dos Serviços Digitais terá ocorrido numa campanha realizada pela Comissão Europeia, na qual estava a ser apresentado um anúncio publicitário dirigido a um público com posições políticas e religiosas específicas.
Esta abordagem é ilegal, uma vez que, atualmente, não é permitido monitorizar a afinidade política ou religiosa de um utilizador para campanhas publicitárias.
Apesar de o X proibir este tipo de micro segmentação nos seus termos e condições, a sua recolha de dados tornou possível a campanha. Tendo em conta que esta foi conduzida pela Comissão Europeia, a entidade também faz parte da queixa formal apresentada pelo NOYB – European Centre for Digital Rights.
Este problema para o X surge, depois de vários outros terem preenchido o ano de 2023, um ano de mudança. De facto, passou relativamente pouco tempo desde o boicote que muitos anunciantes levaram a cabo, pela posição e declarações sobre o conflito israelo-palestiniano de Elon Musk.
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Isto é um história um tanto complexa, mas parece-me útil percebê-la. Em síntese, a NOYB – European Center for Digital Rights:
– Apresentou, primeiro, uma reclamação ao European Data Protection Supervisor, (da UE) contra a Direção Geral para a Migração e Assuntos Internos (da UE) Os factos alegados: Essa DG da UE publicou um texto (anúncio) na sua conta no X que dizia: “Os abusadores escondem-se atrás dos seus ecrãs enquanto as crianças sofrem em silêncio. Já é tempo de acabar com o abuso sexual infantil online A maioria dos cidadãos apoia a proposta #EUvsChildSexuelAbuse E você?”. Era seguido de um vídeo de 37 segundos e texto da mesma natureza, destinado a holandeses.
Onde é que está o busílis? A NOYB descobriu que essa DG da UE tinha usado o “online microtargeting” do X para definir o público-alvo dos anúncios: ser holandês, com mais de 18 anos alavam holandês, excluindo 36 segmentos referentes a partidos políticos (como AfD, Vox, Sinn Féin e Liga de Defesa Inglesa), políticos (como Viktor Orbán, Marine Le Pen e Giorgia Meloni) ou termos relativos a eurocéticos e/ou ou opiniões políticas nacionalistas (como brexit, nexit e #EUCorruption) e 6 segmentos referentes a crenças religiosas (como cristãs, FEMYSO e anti-cristãs). O anúncio terá sido apresentado 600 000.
Segundo a NOYB, essa DG da UE terá publicado esse anúncio para influenciar o processo legislativo de regulamentação das “regras de prevenção e combat do abuso sexual de crianças – deteção nas comunicações interpessoais”, que levantou contestação em face do direito à privacidade e proteção de dados pessoais. Em resumo a NOYB apresentou a reclamação contra essa DG da UE por ter usado “online microtarargeting” (publicidde irecionda) o que não é permitido pela legislação da UE e tem sido criticada pelos seus responsáveis.
– A reclamação da NOYB contra a X, apresentada na Autoridade Holandesa de Proteção de Dados é consequência da primeira. Diz, em resumo:
“A noyb apresentou uma queixa contra X (Twitter) por usar ilegalmente as opiniões políticas e crenças religiosas de seus utilizadores para publicidade direcionada. A empresa usou esses dados especialmente protegidos para determinar se as pessoas deveriam ou não ver uma campanha publicitária da Direção-Geral de Migração e Assuntos Internos da Comissão da UE, que tentou reunir apoio para o “controle de bate-papo” proposto na Holanda. Em novembro, esse uso ilegal de micro-targeting já levou a noyb a registrar uma queixa contra a própria Comissão da UE. Agora, noyb segue com uma reclamação contra X. Ao habilitar essa prática em primeiro lugar, a empresa violou o GDPR e o DSA”.
Portanto, desta vez o assunto do post não é a UE a acusar a X de não ter cumprido a legislação europeia – é uma entidade privada a acusar ambas de incumprimento 🙂
Se fosse o “NDA” era pior… 🙂
Este já é um processo da UE contra a X: “Bruxelas lança processo contra X por difusão de conteúdos ilegais sobre conflito no Médio Oriente”.
No TikTok também existem esses conteúdos ilegais. Qual a diferença? A TiKTok demonstra quantos videos elimina e o motivo, através do envio de relatórios à UE em cumprimento da Lei de Serviços Digitais – enquanto a X se auto-excluiu, não envia quaisquer relatórios. Não estou a ver como é que a X se vai poder defender – a defesa era a apresentação desses relatórios … e decidiu não os produzir.
https://www.dn.pt/internacional/bruxelas-lanca-processo-contra-x-por-difusao-de-conteudos-ilegais-sobre-conflito-no-medio-oriente-17522290.html