Há pais a colocar AirTags nos sapatos dos seus filhos. E o que a Apple diz disso?
As redes sociais partilham ideias, algumas boas, muitas péssimas, e já se começam a ver palmilhas de sapatos que trazem o lugar para colocar AirTags. E há muitos pais a aderir à ideia. A criança estará "debaixo de olho".
Saber o paradeiro do seu filho através do iPhone e uma AirTag
Uma AirTag da Apple custa 35 euros no site oficial, depois há melhores preços, noutras lojas. Contudo, há pais que usam estes dispositivos, colocados na palmilha das sapatilhas ou qualquer outro calçado dos seus filhos, e por um preço a rondar os 17 euros (mais os 35€) têm as crianças debaixo de olho.
Os vídeos de pais que utilizam este acessório para vigiar os seus filhos a todo o momento começam a espalhar-se nas redes sociais.
No entanto, o que no papel pode parecer uma boa ideia, não tanto para o espiar, mas para o proteger, é na realidade um plano com lacunas.
De facto, a própria Apple tem uma recomendação de utilização muito clara para este acessório. E saiba que não, não é uma boa ideia.
A grande desvantagem: o AirTag não é um GPS
Embora possa parecer que sim, na realidade o AirTag não tem nada a ver com um GPS, apesar de podermos seguir a sua localização através da aplicação “Encontrar” do iPhone.
Os AirTags precisam de estar muito próximas de outro dispositivo Apple. Basicamente, um iPhone se passar junto de um objeto com um AirTag "perdido" irá servir de localizador anónimo.
Isto é, os servidores da Apple irão receber a localização do AirTag e comunicar à Rede Encontrar, que usa a app Encontrar para mostrar ao proprietário desse AirTag onde está o localizador (e o objeto agarrado a ele).
A Apple nunca sabe que iPhone partilhou a localização, nem interessa. Portanto, não importa se os dispositivos nas proximidades pertencem ou não ao mesmo proprietário.
Por isso, embora o parque de dispositivos Apple seja grande, existe o risco de não haver nenhum por perto. Porque são os iPhones que estão ou passam no raio de ação do AirTag que servem de "farol".
Assim, se o seu filho estiver num parque infantil com outras crianças e não houver adultos a supervisionar ou se houver adultos, mas não tiverem um iPhone, poderá não conseguir localizá-lo.
É, portanto, claro desde o início que não será possível monitorizar constantemente a posição do AirTag e, consequentemente, da criança em tempo real.
A Apple não o recomenda, mas dá outra opção
Quando o AirTag foi lançado em 2021 e começou a ganhar popularidade, a Apple teve de vir a público alertar contra a sua utilização. Não o recomendam para nada que não sejam objetos. E isto exclui obviamente pessoas e animais de estimação, apesar de ter testemunhado boas experiências com estes últimos.
A Apple esclarece que, se uma pessoa quiser colocar um AirTag numa pessoa ou num animal de estimação, tem de se certificar de que a pessoa ou o animal de estimação está a mover-se dentro do alcance da rede Encontrar, a ferramenta de localização acima mencionada. A razão para isto é a mesma que foi mencionada anteriormente.
Em vez disso, o que a Apple recomenda é um Apple Watch. É obviamente muito mais caro e, embora se possa pensar que a Apple está a fazer isto para ganhar mais dinheiro, na verdade, faz todo o sentido.
Ao contrário do AirTag, e tal como acontece com o iPhone, o Apple Watch oferece a funcionalidade de GPS. De facto, pode até ser configurado especialmente para uma criança, para garantir que esta não o utiliza indevidamente.