Como o coronavírus pode afetar o fabrico de baterias na China
O coronavírus parece estar a perder força na China. Segundo as autoridades do país, diariamente diminuem as mortes e as pessoas infetadas. No entanto, os números não param de aumentar e as pessoas infetadas pelo novo Coronavírus (COVID-19) ultrapassam já as 71 mil, além das mais de 1770 mortes. O mundo está a ser afetado em larga escala, com a atividade normal das pessoas a ser condicionada. A indústria está igualmente a ser penalizada e há já números preocupantes.
Segundo um respeitável grupo de investigadores de mercado dos EUA, as previsões apontam para que o coronavírus cause uma queda na produção de baterias na China de até 10%. Fabricantes como a LG ou a Tesla já estão sentir as consequências.
COVID-19 provoca escassez de baterias em todo o mundo
O coronavírus está a ter e terá consequências para além da medicina. A 'pneumonia Wuhan' provocou uma queda na produção mundial de petróleo, que a Agência Internacional de Energia (AIE) estima em 435 mil barris a menos durante o primeiro trimestre do ano. Além disso, este problema está a afetar o fabrico de baterias na China, embora, no momento, os números sejam apenas estimativas.
A agência americana de investigação de mercado WoodMac prevê uma queda de 10 pontos percentuais na produção de baterias este ano. Na sua previsão, a agência WoodMac levou em conta alguns sinais de uma provável crise. Um desses sinais foi o comunicado da gigante de baterias sul-coreana LG Chem a avisar os seus clientes de uma "potencial escassez" de fornecimento como resultado do encerramento das suas instalações. Mas há mais casos.
Gigafábrica de Tesla foi parada pelo coronavírus
A LG Chem não é a única que teve de abrandar, ou mesmo parar, o seu ritmo de trabalho por causa do coronavírus. De acordo com o site pv-magazine, a gigafábrica da Tesla na China também foi forçada a fechar durante mais duas semanas do que o esperado, devido à extensão forçada das férias de Ano Novo Chinês.
Tendo em conta que as províncias mais afetadas pelo surto COVID-19 incluem algumas das capitais mais importantes para a indústria automóvel, como Hubei, Shandong, Jiangsu, Zhejiang, Fujian, Anhui e Guangdong, a WoodMac estima que esperava que essas províncias acrescentassem 162 GWh de capacidade de fabrico de células de bateria este ano. Isto representa 61% do volume total das instalações de produção de células previstas na China.
Europa também vai sofrer as consequências
Os dados são de algum receio, devido a alguns novos focos da doença a serem apontados, mas a Europa ainda está calma. Nas empresas já se nota alguma falta de produtos que são produzidos na China. Nesse sentido, a WoodMac acredita que o Velho Continente também irá sofrer. Especialmente porque a BYD, também afetada pelo surto, é um dos principais fornecedores de baterias na Europa.
No que toca ao resto do mundo, o grupo de investigadores de mercado prevê também problemas. Por exemplo, as empresas americanas, depois da escassez do mercado sul-coreano em 2018, viraram-se para a China. Nesse sentido, é muito provável que sejam igualmente afetados pelo estrangulamento do fornecimento.
Na Austrália e na China, estimativas no final de 2019 apontavam para cerca de 1 GW de capacidade de armazenamento de energia ao nível de rede. Contudo, este ano esses números devem ser revistos em baixa, tendo em conta o coronavírus. Portanto, estes são apenas alguns dos constrangimentos que se estão a vislumbrar. Poderão ser muito maiores, tendo em conta o tempo que ainda demorará a controlar a doença ao redor do globo.
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