O que é Vesta? Nem asteroide nem planeta, diz estudo
Vesta é um corpo rochoso que orbita o Sol na cintura de asteroides. Na verdade, contém cerca de 9% da massa total da cintura de asteroides e é o seu membro mais brilhante. No entanto, tecnicamente, não é um asteroide. Mas também não é um planeta. Então... o que será?
O que é Vesta?
Os astrónomos pensavam que era um mundo com núcleo, manto e crosta que simplesmente não chegou a atingir o estatuto de planeta. Contudo, a 28 de abril de 2025, uma equipa de investigadores afirmou que Vesta afinal não possui um núcleo. Então, o que é Vesta?
Uma nova análise dos dados da missão Dawn da NASA levou à descoberta de que Vesta não tem núcleo. A equipa científica apresentou duas hipóteses para explicar a sua origem.
Primeiro, Vesta poderá nunca ter concluído o processo de diferenciação, em que os metais mais densos afundam para formar o núcleo. Em alternativa, poderá ser um fragmento de um planeta em formação no início do sistema solar.
O estudo, revisto por pares, foi publicado na revista Nature Astronomy a 23 de abril de 2025.
Afinal, Vesta não tem núcleo
Porque pensavam os astrónomos que Vesta tinha núcleo? A sua superfície é composta por rochas basálticas vulcânicas — muito diferente da maioria dos asteroides, que têm superfícies compostas por cascalho pétreo antigo.
Estas rochas basálticas sugeriam que Vesta teria passado por um processo de fusão interna, concentrando os elementos mais pesados no centro.
A missão Dawn terminou em 2012, mas o processamento mais avançado dos dados ao longo dos anos permitiu novas descobertas.
Ryan Park, autor principal do estudo e investigador do JPL, explicou:
Durante anos, os dados gravitacionais contraditórios das observações da Dawn criaram enigmas. Após quase uma década a refinar as nossas técnicas, conseguimos um alinhamento notável entre os dados radiométricos da rede Deep Space Network e as imagens a bordo. Confirmámos a robustez dos dados na revelação do interior profundo de Vesta. As nossas conclusões mostram que a história de Vesta é muito mais complexa do que se pensava, moldada por processos únicos como diferenciação planetária interrompida e colisões em fases tardias.
Ao reanalisar as medições da rotação e do campo gravitacional de Vesta, a equipa concluiu que este corpo não se comporta como se tivesse um núcleo.

Esta ilustração artística mostra a Dawn a aproximar-se de Vesta, com o seu motor de iões. Crédito da imagem: Northrop Grumman
Qual das hipóteses é a correta?
Ainda não se sabe ao certo. Contudo, existem meteoritos na Terra que provêm de Vesta e estes não mostram sinais claros de diferenciação incompleta.
Seth Jacobson, coautor do estudo da Universidade Estatal do Michigan, comentou:
Estamos bastante confiantes de que estes meteoritos vieram de Vesta. E não apresentam evidência clara de diferenciação incompleta.
E quanto à teoria do fragmento? No início do sistema solar, era comum haver colisões violentas. Se Vesta for o que restou de uma dessas colisões, os fragmentos poderiam incluir rochas fundidas sem sinais de núcleo.
Jacobson já vinha a trabalhar na hipótese de alguns asteroides da cintura principal serem fragmentos de planetas. Mas admite que são necessários mais modelos para determinar se Vesta é de facto um pedaço de um planeta jovem. E talvez até um fragmento da Terra primitiva.
A coleção de meteoritos de Vesta já não representa um corpo espacial que falhou em tornar-se planeta. Podem ser partes de um planeta antigo antes de atingir a sua plenitude. Simplesmente ainda não sabemos qual.
Concluiu Seth Jacobson.
Conclusão: Vesta não é nem asteroide nem planeta. E um novo estudo indica que não possui núcleo, o que levanta duas possíveis origens para a sua formação.