iPhone: sabe onde é fabricado?
É uma ideia corrente apontar a China como o país onde se faz o iPhone. Contudo, neste processo, daquele que é o mais conhecido smartphone do planeta, estão envolvidos mais de 40 países. E nem lhe passa pela cabeça o que cada um fornece ao produto final. Sim, Portugal aparece na lista!
Vidro dos EUA, chips de Taiwan, ecrãs da Coreia e mãos da China
Apesar de muitos iPhones apresentarem a gravação “Assembled in China”, este ícone da Apple é composto por componentes e processos oriundos de mais de 40 países. Por isso, o sonho americano de um iPhone “Fabricado nos EUA” é bem mais complexo do que parece.
Se abríssemos um iPhone, encontraríamos um verdadeiro mapa-mundo: desde o vidro norte-americano que protege o ecrã, aos processadores taiwaneses, passando por minerais extraídos na América do Sul e em África.
É uma obra-prima da globalização e da logística, ligando minas de lítio chilenas a fábricas japonesas especializadas em tecnologia fotográfica.

Alguns países não estão referidos, pois a Apple adquire o componente ao país vendedor. No caso das baterias, o lítio vem, por exemplo, de alguns países da América do Sul, como do Chile, para a Samsung, por exemplo, que fornece baterias à Apple.
iPhone é desenhado na Califórnia, mas fabricado em todo o mundo
Tudo começa no Apple Park, onde são definidos os detalhes de cada iPhone. Depois disso, entra em ação uma vasta cadeia de produção.
A China lidera com mais de 300 empresas envolvidas na cadeia de fornecimento. Segue-se o Japão (100), os EUA (50) e até países improváveis como o Brasil ou a Líbia participam, mesmo que de forma modesta.
Estes fornecedores são fruto de décadas de seleção e aperfeiçoamento. Cada país traz a sua especialidade: o Japão domina os sensores fotográficos, a Coreia do Sul lidera nos ecrãs OLED, Taiwan controla os chips mais avançados…
Anatomia dos principais componentes do iPhone:
Componente |
País de origem principal |
Fabricante de destaque |
---|---|---|
Ecrã |
Coreia do Sul / China |
Samsung, LG, BOE |
Processador |
Taiwan |
TSMC |
Câmaras |
Japão |
Sony |
Vidro protetor |
Estados Unidos |
Corning |
Chip de conectividade |
EUA e Taiwan |
Qualcomm, TSMC |
Bateria |
Japão, China, Coreia do Sul |
Sony, ATL, LG |
Sensores de movimento |
Alemanha, Suíça, Itália |
Bosch, STMicroelectronics |
Memória RAM |
Coreia do Sul |
SK hynix |
Armazenamento |
Japão |
Kioxia |
NFC |
Países Baixos |
NXP |
Carcaça (alumínio/titânio) |
China |
Vários fornecedores |
Lítio (bateria) |
Chile |
Vários fornecedores |
Cobalto (bateria) |
República Democrática do Congo |
Vários fornecedores |
Cobre (bateria) |
Chile, Peru |
Vários fornecedores |
Estes são apenas alguns exemplos entre mais de 40 países. O ecrã, que vemos ao acordar, vem da Coreia do Sul, com a Samsung e LG como líderes. A BOE, da China, começou recentemente a fornecer ecrãs para o iPhone 16e.
O processador A18, verdadeiro “cérebro” do iPhone, é produzido pela TSMC em Taiwan, que controla 54% do mercado global de chips avançados. Para isso, até usa máquinas de origem holandesa (ASML).
As câmaras são em grande parte japonesas, da Sony. O lítio das baterias vem do Chile; o cobre também, usado em cerca de 6 gramas por iPhone.
As terras raras, essenciais em ímanes e motores de vibração, são maioritariamente da China, que detém 85% da produção global.
Onde acontece a montagem do iPhone?
Todos estes componentes seriam inúteis sem o local de montagem final. É aqui que surge o selo “Assembled in China”. Por isso, os dispositivos da Apple montados na China enfrentam um imposto de 104% nos EUA.
A Apple tenta reduzir esta dependência, mas, segundo Tim Cook, o conhecimento técnico chinês é difícil de encontrar noutras partes do mundo. Além de milhares de trabalhadores, é necessária uma vasta experiência.
A Foxconn, empresa taiwanesa com várias fábricas na China, lidera esta fase. Hoje, 80% dos iPhones ainda são montados na China, mas a Índia já representa 20%. O Brasil também tem instalações para o mercado sul-americano.
Esta diversificação não é só pelos impostos recentes. A pandemia evidenciou os riscos de depender exclusivamente da China. Problemas de produção no iPhone 14 Pro mostraram os limites deste modelo.
A exceção americana: o Mac Pro
A Apple fabrica o Mac Pro nos EUA, em Austin, Texas, desde 2019. Porque não faz o mesmo com o iPhone? A resposta é simples, tem que ver com a escala.
São vendidos 200 milhões de iPhones por ano, contra poucas centenas de milhares de Mac Pros. E o preço mais elevado (a partir de 6.000 dólares) permite compensar os custos laborais mais altos.
Produzir iPhones fora da China não se resume a mudar de local: é necessário recriar todo um ecossistema industrial.
Para o mercado americano, os iPhones poderão passar a vir da Índia, enquanto os restantes mercados continuarão a ser abastecidos pela China — estratégia que poderá ajudar a contornar os pesados impostos.
Em suma, o iPhone continuará a ser um produto do mundo — apenas com uma nova “cereja no topo”: o país de montagem.
Portugal aparece onde?
Na lista total que figura no PDF.
Eu teria colocado essa informação do pdf no texto, dado o título!
Mas não tem relevância dentro do top colocado. É apenas um pormenor, que fica no PDF e sem mais informação anexa. Por isso não recebeu maior importância, apenas o apontamento.
Na Intel, talvez relacionado com segurança. Parabéns Portugal!
Estava toda a gente convencida que a taxa aduaneira final de Trump sobre produtos chineses era de 125%, mas afinal é de 145% (aos 125% que Trump anunciou somas-se ainda a de 20% dita do fentanil).
A taxa da China sobre produtos dos EUA ficou, por enquanto, nos 84%.
O post diz que são 104%, mas são 145%
20% da taxa do fentanil + 84% (34% da “tarifa recíproca + 50% por a China ter retaliado com uma taxa de 34%) = 104%
20% + 125% (por a China ter retaliado subindo a sua taxa para 84%) = 145%.
Então e o que vai fazer no curto prazo a Apple enquanto procura obter de Trump isenções relativamente as taxas de importação sobre produtos da China?
Segundo o Guardian, produzir para os EUA o mais possível de iPhones na Índia –
o que corresponderia a 50% dos iPhones vendidos nos EUA. A taxa alfandegária é de de 10% (a “tarifa recíproca” sobre a Índia era de 26%, mas foi reduzida para a mínima de 10% por 90 dias, tal como para os restantes países, exceto a China).
Mas o mas interessante é que diz sobre os custos de produção nos EUA se a Apple os quiser produzir lá:
“Analistas alertaram que a mudança da produção de iPhone para os EUA seria proibitivamente cara por causa de fatores como o custo de pagar a centenas de milhares de trabalhadores. Analistas da Wedbush Securities, uma empresa de serviços financeiros dos EUA, disseram que um iPhone fabricado nos EUA custaria US$ 3.500.” Trump e “sus muchachos” é que acham que basta aumentar as tarifas alfandegárias sobre a China e as empresas abrem fábricas nos EUA, sem outras consequências.
Dá-me impressão que os CEO das “big tech” que foram todos lampeiros e sorridentes à posse de Trump já estão com um sorriso amarelo.
Últimas: Em reposta à subida da taxa de importação de Trump de 104% (20%+84%) para 125%, a China subiu a sua de 84% para 125%.
Aguarda-se que Trump venha da casa de banho e anuncie a nova taxa.
Toda a gente esperava que com Trump uma redução no comércio entre a China e os EUA, mas não esperava que fosse eliminado (a estas taxas alfandegárias não vai haver comércio nenhum) num curto espaço de tempo. Isto entre as duas maiores economias do mundo. Vai criar ondas de choque por todo o lado. Uma delas é que os produtos chineses destinados aos EUA sejam dirigidos à UE, a preços mais baixos, reduzindo a competitividade dos produtores europeus.
“Sim, Portugal aparece na lista!”
Sim, está na lista total que figura num link com o PDF 😉
Vitor, ok… e esclarecer na noticia o porquê da referência a Portugal?
Ahhhh porque portugal não contribui com peças. é preciso abrir o PDF e ver a referencia….
Não está na lista de hardware, mas está na lista sim. O PDF tem alguma informação extra,.
Surveys We also use anonymous surveys to understand supplier employee workplace satisfaction. In 2023, we anonymously surveyed more than 516,000 employees at over 300 supplier facilities across Brazil, Canada, China mainland, Colombia, India, Indonesia, Italy, Japan, Malaysia, Mexico, Nicaragua, the Philippines, Poland, Portugal, Singapore, South Korea, Spain, Taiwan, Thailand, the United Kingdom (UK), the United States (U.S.), and Vietnam about their workplace experience — over 12 percent more people than we surveyed in 2022.
“…o lítio vem, por exemplo, de alguns países da América do Sul, como do Chile, para a Samsung, por exemplo, que fornece baterias à Apple…”
“…Bateria Japão, China, Coreia do Sul Sony, ATL, LG…”
Em que ficamos?
Em que ficamos? A Apple tem vários fornecedores. Ou achas que apenas tem um? Depois, se lesses, verias que é dito “Alguns países não estão referidos, pois a Apple adquire o componente ao país vendedor. No caso das baterias, o lítio vem, por exemplo, de alguns países da América do Sul, como do Chile, para a Samsung, por exemplo, que fornece baterias à Apple.”
Lê, que se leres percebes 😉 está lá tudo.
Li e por isso pergunto:
Na descrição da imagem, é mencionado que ‘o lítio vem, por exemplo, de alguns países da América do Sul, como o Chile, para a Samsung, que fornece baterias à Apple’.
Por outro lado, no quadro dos principais fornecedores por componente, é indicado que a ‘bateria’ vem do ‘Japão, China, Coreia do Sul’, e das marcas ‘Sony, ATL, LG’.
No quadro, a Samsung é ignorada no que diz respeito à bateria.
Se fores por essa lógica podemos riscar tudo isso… So porque um material ou mesmo materia prima vem de pais X que depois a Samsung explora, transporta, produz e revende para a Apple (como componente final) começa facilmente a contradizer se “onde o iPhone é produzido”… A questão permanece não respondido… O que a Apple fabrica em Portugal para o iPhone? Provavelmente uma capa de cortiça ou assim porque se o Vitor não sabe não podemos assumir nada só porque aparece referenciado.
Estás a baralhar tudo. A matéria-prima é um exemplo que mostra não haver um sítio de onde o iPhone é feito, apesar de serem cerca de 40 as empresas (com o componente pronto) implicadas no fabrico do iPhone. O iPhone, e é dele que falámos, é de fabrico global. E quando falamos em tarifas (por exemplo), em mercados mais ou menos poderosos, falamos de tudo, da matéria-prima ao componente final. E é essa globalidade que está expressa no artigo.
Quando à referência de Portugal… não fui eu que a coloquei lá, foi a Apple. Se não concordas… queixa-te à Apple. O que assumimos que não está referenciado pela Apple? Nada, está tudo nos docs da empresa.
Resumindo, dos países mencionados, sem a África, Ásia e Europa os iPhones seriam impossíveis para os valores que são comercializados hoje. Algo muito semelhante se passar com os outros iDevices e muitas outras empresas americanas devem partilhar a mesma situação, ou seja, o EUA a depender do mundo.
Engraçado é o facto de o Trump & Cia andarem com ideia errada de que só o mundo é que depende deles.
Ao que parece um iPhone custa cerca de $10 para ser produzido.
Só em matéria prima é bem mais que isso.
“An iPhone 3G contains about $72 worth of recyclable materials like gold, silver and platinum . . . an iPhone 4, about $175.”
Exatamente – $ 10€ que custa o iPhone a ser produzido na China a uma taxa alfandegária de 145% dá $ 14,5 de imposto alfandegária para os EUA.
Fora de brincadeiras e independente dos números, o que se espera que a Apple alegue para obter uma grande redução da taxa de importação da China é, para um iPhoone de $1.000 é:
– custo imaterial, de conceção etc: $990, não sujeito a taxa alfandegária
– custo de produção material: $ 10€, sujeito a uma taxa de importação de 145%, dá 14,45 de imposto:
Preço de venda incluindo impostos, passa de $1.000 para $1.014$5 (muito diferente de passar de $1.000 para 2.450$).