Estudo sugere que infeções virais graves aumentam o risco de doenças como Alzheimer
Além de uma cura, os cientistas investigam para perceber as causas das doenças neurodegenerativas. Assim sendo, essa pesquisa incessante resultou em mais um estudo que sugere que as infeções virais graves aumentam o risco de doenças como Parkinson e Alzheimer.
Os investigadores adotaram uma abordagem diferente da habitual.
Foi depois de um estudo que envolveu mais de 10 milhões de pessoas e que associou o vírus Epstein-Barr a um risco 32 vezes maior de esclerose múltipla, no ano passado, que os cientistas decidiram optar por uma abordagem diferente, “mais baseada em dados científicos”.
Utilizando registos médicos, fomos capazes de procurar sistematicamente todas as ligações possíveis de uma só vez.
Explicou Michael Nalls, um neurocientista do National Institute on Aging, nos Estados Unidos da América, e autor sénior do estudo.
De acordo com o neurocientista, os investigadores passaram anos e anos a procurar “ligações entre uma doença neurodegenerativa individual e um vírus específico”.
Uma nova abordagem para fortalecer a evidência que associa infeções virais graves a doenças neurodegenerativas
O novo estudo considerou cerca de 500.000 registos médicos e sugeriu que infeções virais graves, como encefalite e pneumonia, aumentam o risco de doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer. Segundo o Science Alert, numa pesquisa que envolveu 450.000 pessoas, os investigadores encontraram 22 ligações entre infeções virais e problemas neurodegenerativos.
Primeiro, os pacientes tratados para uma encefalite viral tinham 31 vezes mais probabilidades de desenvolver a doença de Alzheimer. A mesma fonte refere que para cada 406 casos de encefalite viral, 24 passaram a desenvolver a doença de Alzheimer.
Depois, os pacientes que foram hospitalizados com pneumonia, após terem gripe, pareciam ser mais suscetíveis à doença de Alzheimer, demência, doença de Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA).
Por fim, infeções intestinais e meningite - frequentemente causadas por um vírus - e o vírus da varicela-zoster, que causa herpes zoster, também foram associados ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.
Em alguns casos, o impacto das infeções virais persistiu, no cérebro, durante até 15 anos, e cerca de 80% dos vírus envolvidos nas doenças cerebrais eram considerados neurotróficos, pelo que podiam atravessar a barreira hematoencefálica.
Além disso, não foram registados casos em que a exposição ao vírus tenha representado algum tipo de proteção.
Embora as vacinas não previnam todos os casos de doença, sabe-se que reduzem drasticamente as taxas de hospitalização. Esta evidência sugere que a vacinação pode mitigar algum risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.
Explicaram os investigadores, salientando que, “de forma impressionante, estão atualmente disponíveis vacinas para alguns destes vírus, incluindo influenza, herpes zoster (varicella-zoster), e pneumonia”.
Embora o estudo não demonstre uma ligação causal, serve para fortalecer a evidência científica que sugere o envolvimento de vírus em doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
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