Famílias processam TikTok após a morte de crianças que tentavam o “desafio do desmaio”
As redes sociais são cada vez mais um "saco de problemas". A violência, as ofensas, os maus exemplos e incentivos a ações perigosas e sem culpados está a ceifar vidas de crianças. Não é novo o problema, e há um desafio que já levou à morte de várias crianças. Na mira de mais uma ação judicial está o TikTok por permitir a propagação destes conteúdos.
As famílias de duas jovens que alegadamente morreram em resultado de um desafio viral do TikTok estão a processar a plataforma. Em causa estará a alegação que os algoritmos da rede social são "perigosos" e responsáveis pela morte dos seus filhos.
As mortes do desafio do desmaio
Os pais de duas raparigas, que morreram em 2021 a tentar imitar o “blackout challenge” ou desafio do desmaio, apontam as culpas ao TikTok por encorajar os utilizadores a sufocarem-se até desmaiarem. Como tal, as famílias entraram com um processo judicial na terça-feira (dia 5) no tribunal superior do condado de Los Angeles.
Representados pelo Social Media Victims Law Center (SMVLC), um recurso legal para pais de crianças prejudicadas pelo vício e abuso dos meios de comunicação social, alegam que o "perigoso algoritmo da plataforma" empurrou intencional e repetidamente vídeos do desafio para a atenção das crianças, incentivando-as a participar, o que acabou por lhes tirar a vida.
O TikTok precisa de ser responsabilizado por empurrar conteúdos mortais para estas duas jovens raparigas. O TikTok investiu milhares de milhões de dólares para conceber intencionalmente produtos que empurram conteúdos perigosos que sabe serem perigosos e que podem resultar na morte dos seus utilizadores.
Referiu Matthew P Bergman, advogado fundador da SMVLC.
O que é o desafio do desmaio (blackout challenge)?
O "desafio do desmaio" foi uma tendência perigosa que chegou ao TikTok em 2021. Contudo, existe há muitos anos e até os mais velhos se recordarão de o ver a acontecer nos corredores das escolas, entre os colegas. Segundo alguns especialistas, este perigoso desafio já conta com mais de 80 mortes.
O "jogo", também conhecido como "desafio da asfixia" ou "desafio do apagão" incentiva os utilizadores a prender a respiração até desmaiar devido à falta de oxigénio. Muitas vezes, os "jogadores" tentavam asfixiar-se até perder os sentidos. Estas imagens eram publicadas nas redes.
Uma das vítimas, Lalani Erika Renee Walton, de oito anos, de Temple, Texas, é descrita como "uma jovem extremamente doce e extrovertida" que "adorava vestir-se de princesa e brincar com maquilhagem". Ela morreu a 15 de julho de 2021 no que a polícia determinou ser "um resultado direto da tentativa de TikTok's 'Blackout Challenge'", de acordo com a queixa.
Conforme refere a queixa, Lalani tinha recebido um telefone no seu oitavo aniversário em abril de 2021 e "tornou-se rapidamente viciada em ver vídeos TikTok". Ela publicava frequentemente vídeos de si própria a cantar e a dançar, na esperança de se tornar "famosa TikTok".
O que levou as crianças a fazer este perigoso desafio?
Em julho de 2021, a sua família começou a notar hematomas no pescoço de Lalani, que ela deu como explicação que acontecera um pequeno acidente. Sem eles saberem, ela começara a participar no desafio do desmaio, que tinha aparecido pela primeira vez no feed do TikTok semanas antes.
No dia da sua morte, Lalani tinha passado horas numa viagem com a família e durante o caminho esteve a ver vídeos do TikTok, incluindo posts do desafio.
Ela também estava convencida de que se colocasse um vídeo seu a fazer o desafio do desmaio, tornar-se-ia famosa e por isso decidiu tentar. Lalani tinha oito anos na altura e não apreciava nem compreendia a natureza perigosa do que o TikTok a estava a encorajar a fazer.
Refere a acusação.
A outra vítima mencionada na ação, Arriani Jaileen Arroyo de Milwaukee, Wisconsin, de nove anos, recebeu um telefone quando tinha sete anos e usou a plataforma TikTok várias vezes ao dia, de acordo com a queixa. Ela "tornou-se gradualmente obsessiva" com a publicação de vídeos de dança no TikTok e tornou-se "viciada" na aplicação.
Em janeiro de 2021, a família de Arriani discutiu com ela um incidente de um jovem utilizador do TikTok que morreu como resultado de um desafio, mas a Arriani garantiu-lhes que nunca participaria em vídeos perigosos.
No entanto, a 26 de fevereiro de 2021 a criança foi encontrada sem respirar pelo seu irmão de cinco anos. Foi levada a correr para um hospital local, mas acabou por ser retirada do suporte de vida.
O TikTok sabia inquestionavelmente que o mortal desafio do desmaio se estava a espalhar através da sua aplicação e que o seu algoritmo estava especificamente a alimentar as crianças, incluindo as que morreram.
Pode-se ler na queixa apresentada.
O processo enumera uma série de queixas contra o TikTok, incluindo que o seu algoritmo promove conteúdo nocivo, permite aos utilizadores menores de idade na aplicação, e não avisa os utilizadores ou os seus tutores legais da natureza viciante da aplicação.
Este artigo tem mais de um ano
não quero ser este tipo de pessoa porque uma criança morreu.. Mas caramba isto não será responsabilidade dos pais? Os pais até uma certa idade devem controlar os filhos, e estar minimamente em cima das crianças.
Por esta ordem de ideias temos que processar todas as empresas que vendam artigos que podem ser usados para matar.
E dos pais sem duvidas porque deram a uma miuda de 8 anos ter telemovel pior nao controlarem o que a miuda fazia com o telemovel, muito triste este acontecimento. Que descanse em paz!
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É normal que os pais não controlem os filhos pois foi a sociedade e os pais que os ensinou a não andar em cima dos que os filhos fazem.
A meu ver é dos pais, mas não só. Uma vez que há redes sociais que permitem menores, estes vão utilizá-las e influenciar outros menores a fazer o mesmo. Isto coloca uma grande pressão tanto nos filhos como nos pais.
Se ao menos as redes sociais bloqueassem certas faixas etárias, os problemas não seriam todos resolvidos, mas muitos eram atenuados.
Penso que o TikTok deveria processar as ditas famílias por permitirem as suas crianças assistirem e fazerem estas ditas coisas. mas aqui fala um totó que pouco ou nada sabe
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Era um teste de qi. Chumbaram as crianças, mas mais que tudo, chumbaram os pais
A culpa não é de quem criou o desafio e dos pais que lá deixam andar os filhos, sem qualquer tipo de supervisão. O mundo anda mesmo invertido.
“A culpa não é de quem criou o desafio”?? A culpa é de todos! Dos pais, de quem criou o desafio, da rede social, de todos!
A criança é que era inocente e ingénua e não percebeu que podia trazer consequências graves… ainda não tinha experiência de vida e maturidade para tal. E acho que nisto concordamos todos.
Tem culpa os pais, por lhe darem o telemóvel e não controlarem os conteúdos que ela via.
Tem culpa quem criou o desafio por ter uma ideia de merd@, sem consciência nenhuma, sem respeito pelos mais influenciáveis, porque os há, e não estou a ofender ninguém ao dize-lo… “Eles dizem que é fixe fazer….vou fazer também”
Tem culpa a rede social, por não filtrar o que é lá posto. Porque infelizmente esta já não é a triste ideia que por lá transita, como a das pastilhas da máquina de lavar e o desafio da baleia azul, entre outros…
Sabe-se lá. Eu queria dizer é que a culpa é de quem criou o desafio e dos pais. As redes sociais, também têm a sua culpa porque não controlam este e outros tipos de coisas e quando denunciamos um perfil, dizem que o perfil não vai de encontro às regras da rede social. Já me aconteceu algumas vezes, em perfis falsos.
O ideal é manter as crianças afastadas das redes sociais, só dando acesso a chamadas e sms. Se as crianças disserem que se sentem excluidas, os pais só têm que dizer que mais vale excluidas, mas vivas. Se todos os pais não permitissem o acesso às redes sociais e à internet sem supervisão, já nenhuma criança podia afirmar que se sentia excluida.
Em vez de “encontro”, queria dizer “contra”.
Se alguém me conseguir explicar o porquê de uma criança de oito anos precisa de ter redes sociais eu agradeço.
Por esta lógica, o fabricante do telemóvel ou do PC utilizado para a ligação à plataforma TIK TOK também deve ser processado. E, talvez, o fornecedor da internet também deve ser processado.
Pois… pais que não querem saber… Tenho filhos que estão/estiveram nessa idade.
Nunca receberam telemóvel tão cedo.
Ao receberem, eram “acompanhados” por mim.
Sempre insistiram em “ter” TikTok, custou/custa dar o não, mas é/será pelo bem deles.
O mais velho quer dados móveis, mas “custa dar o não, mas é/será pelo bem deles.”.
Ir pelo “sim” é o caminho mais fácil, mas depois não se queixem e queiram culpar os outros…
Alguém que ensinou/a os filhos bem 🙂 Parabéns por dizeres “não”. Existem muitos que não o fazem pois os psiquiatras dizem que faz traumas resultando em amostras de pessoa que quando levam um “não” são incapazes de reagir como gente civilizada.
Ainda há bocado estava a ouvir um podcast e lá falaram sobre o algoritmo do tik tok e disseram que este algoritmo é uma inteligência artificial que em 3 minutos sabe o que nós queremos ver, e pode ter sido o que aconteceu aqui, as crianças sem supervisão podem ter procurado no tik tok desafios virais.
Retirado dos Termos de Serviço: Idade mínima
Só pode utilizar a Plataforma se tiver 13 anos de idade ou mais. Nós monitorizamos a utilização por parte de menores e encerraremos a sua conta se tivermos suspeitas razoáveis de que é menor. Pode recorrer da nossa decisão de encerrar a sua conta se achar que cometemos um erro sobre a sua idade.
Se os responsaveis pelo TikTok não têm o polícia na cabeça então a lei terá que intervir como é obvio. Não pode valer tudo para fazer dinheiro.
Se não houvesse essas porcarias e outras tantas ao dispor na própria internet dita como um todo, com 100% de certeza que não estaríamos aqui agora a falar sobre este assunto e a lamentar a morte de crianças, jovens e até adultos.
Eu acho piada quem afirma que a culpa é dos pais. Nem sempre é possível controlar os filhos nestas situações. Eu próprio tenho uma Firewall instalada no smartphone do meu filho e mesmo assim é muito complicado… O TikTok e outros similares são o maior lixo que podiam criar.
Não é culpa dos pais? Então eles viram viram as marcas nos pescoços, viram que passaram um viagem inteira a ver cenas sobre o desafio e não fizeram nada? Cá pra mim até agradeceram e agora querem um bónus.
o problema é tão facil de resolver que até mete impressão. estas redes antissociais devem ser obrigadas a controlar quem vê e o que vê. quando houver evidências de que alguém menor vê certos conteúdos multas gigantes e processos judiciais, com pena de cadeia para os responsáveis. já chega de sermos cobardes e de deixar os grandes ricos mandar na nossa vifa.