Sabe a razão de os EUA quererem o controlo da Gronelândia? A chave está no GIUK
Em janeiro, o tema ganhou força e desde então não passa uma semana sem que a ideia se repita: os Estados Unidos querem a Gronelândia. E a chave chama-se GIUK. Basicamente é um corredor estratégico no Atlântico Norte formado pelas iniciais de Gronelândia, Islândia e Reino Unido.
Por que razão quer Trump tomar posse da Gronelândia?
A Gronelândia tornou-se um ponto crítico para a segurança nacional dos EUA e, embora muito se fale sobre isso, não é essencialmente por razões económicas ou simbólicas, mas sim pela sua posição estratégica no combate ao avanço dos submarinos russos — e, eventualmente, chineses. Esta informação foi confirmada pelo general Christopher G. Cavoli, comandante supremo da NATO na Europa e chefe do Comando Europeu dos EUA.
O general declarou perante o Comité dos Serviços Armados do Senado que o acesso ao espaço aéreo e marítimo da Gronelândia é fundamental para detetar e seguir submarinos russos antes que estes desapareçam nas profundezas do Atlântico.
A ilha integra a extremidade ocidental da brecha GIUK (Gronelândia-Islândia-Reino Unido), um corredor vital por onde passa a frota submarina russa oriunda de Murmansk — base dos mais avançados submarinos do Kremlin, como os da classe Yasen-M, equipados com mísseis de cruzeiro de longo alcance.

O fosso GIUK é uma área no norte do Oceano Atlântico que forma um ponto de estrangulamento naval. O seu nome é um acrónimo de Gronelândia, Islândia e Reino Unido, sendo o fosso as duas extensões de oceano aberto entre estas três massas de terra. Separa o Mar da Noruega e o Mar do Norte do Oceano Atlântico aberto.
GIUK, o funil para os submarinos
Este corredor constitui um estrangulamento marítimo que, se não for devidamente vigiado, permite que submarinos russos ou chineses operem de forma indetetável no Atlântico Norte. Uma vez ultrapassada a brecha, a sua localização torna-se extremamente difícil, devido tanto às condições acústicas do fundo do mar como à vastidão do oceano. A partir destas posições ocultas, podem lançar ataques com mísseis contra alvos estratégicos na costa leste dos EUA.
Como resposta, os EUA criaram, em 2021, o chamado Task Group Greyhound, um grupo especializado de contratorpedeiros antissubmarino concebido para enfrentar esta ameaça específica.
A própria Marinha dos EUA advertiu que a costa leste já não é um refúgio seguro, sublinhando a urgência de estabelecer pontos de vigilância e defesa em zonas-chave como a Gronelândia.
Por outro lado, analistas da The War Zone relatam que a Rússia demonstrou conhecer muito bem o valor deste corredor. Em 2019, realizou o seu maior exercício naval desde a Guerra Fria, enviando pelo menos dez submarinos pela brecha GIUK, totalmente submersos, com o objetivo de alcançar o Atlântico sem serem detetados.
Russos conhecem bem este corredor e isso é perigoso
Segundo fontes norueguesas, a intenção era clara: testar a capacidade do Ocidente para detetar os movimentos da sua frota e mostrar que era capaz de projetar poder até à costa americana.
Estes exercícios têm também uma vertente defensiva: impedir que forças navais dos EUA ou da NATO operem nas imediações do Ártico, ou ameacem bases russas no Mar de Barents — zona patrulhada por submarinos estratégicos russos e onde Moscovo reforça a sua presença territorial.
A ilha da Gronelândia, separada da Islândia por apenas 320 km, constitui um estrangulamento natural dentro do GIUK. Esta proximidade permite utilizá-la como base avançada para operações antissubmarinas. Apesar de os EUA já possuírem a base da Força Espacial em Pituffik (antiga Thule), equipada com radares de alerta precoce para ataques balísticos, o general Cavoli sugere que seria estrategicamente vantajoso expandir as capacidades militares para outras zonas da ilha.
Neste contexto, a simples possibilidade de Rússia ou China estabelecerem infraestruturas militares na Gronelândia representa um risco inaceitável: a partir dali poderiam posicionar armamento de longo alcance a apenas 2.000 km do território americano.
É neste enquadramento que surgem as notícias recentes.
A ilha é estratégica e Trump não vai desistir de a comprar
As declarações do general Cavoli ocorrem num momento de elevada tensão política entre os EUA e a Dinamarca, nação soberana sobre a Gronelândia. A renovada insistência de Donald Trump em adquirir a ilha reavivou um conflito diplomático que remonta ao seu primeiro mandato.
Adicionalmente, a recente visita do vice-presidente J.D. Vance à ilha provocou forte rejeição por parte das autoridades locais e dinamarquesas, que se reuniram para demonstrar unidade face às pretensões americanas. Simultaneamente, o secretário de Estado Marco Rubio deslocou-se à Dinamarca para tentar apaziguar a situação e reafirmar a solidez da relação bilateral, embora as tensões se mantenham.
Se a perseguição aos submarinos russos constitui o cerne da estratégia, há outros fatores a considerar. Desde logo, a Gronelândia oferece vantagens militares adicionais: a sua rede de radares permite deteção precoce de lançamentos balísticos, proporcionando tempo extra ao governo dos EUA para reagir a um eventual ataque.

Moscovo considera este corredor um ponto estratégico chave – tanto para fins ofensivos como defensivos. Se o GIUK for controlado pela NATO, a liberdade de ação da marinha russa fica muito limitada.
Além disso, a sua posição no extremo noroeste do Atlântico torna-a num ponto logístico crucial em qualquer conflito de cariz ártico ou intercontinental. Embora a Islândia já acolha esquadrões de aviões antissubmarinos americanos que cobrem o GIUK, a Gronelândia pode oferecer redundância, maior alcance e flexibilidade operacional.
Deste modo, enquanto se debate se os EUA devem realmente adquirir a Gronelândia ou apenas reforçar a sua presença na zona, a verdade é que a ilha deixou de ser um bloco de gelo remoto para se tornar um centro estratégico de primeira ordem.
A crescente militarização do Ártico, o ressurgimento do poder naval russo e a competição global pelo controlo de rotas polares colocam a Gronelândia no centro de um novo tabuleiro geopolítico.
O seu valor não reside na demografia, economia ou atratividade turística, mas na sua capacidade de influenciar o equilíbrio de poder entre potências rivais. Em tempos de guerra fria submarina, cada quilómetro de costa vigiada vale ouro — e a Gronelândia, hoje mais do que nunca, conta muito.
Não está a venda, não vão ter sorte.
Trump quer anexar a Gronelândia pelos seus recursos de petróleo. Dizer que não é por isso, que é só pela sua localização estratégica no Ártico é não estar a ver o filme. Base militar (a de Pituffik) já os EUA lá têm, desde os anos 50, que operam com total independência. E conforme o acordo com a Dinamarca dessa altura, a defesa da Gronelândia está entregue aos EUA, pelo que não se vê como e que russos ou chineses lá possam instalar base militares.
Já agora, que não se confunda – o general Cavoli, referido no post, “abordou o valor de segurança da Groenlândia durante o depoimento perante o Comité de Serviços Armados do Senado na quinta-feira. Questionado sobre a ilha gelada, Cavoli deixou claro que estava a falar sobre o valor militar dela e não sobre a política do governo Trump de tentar assumir a Groenlândia da Dinamarca.” Para isso, é J.D. Vance que é a voz do dono.
Acima queria dizer recursos de petróleo, gás e minerais.
Longe de ser isso. E não é por esse motivo que esta região é tão importante para Trump. Diria mesmo que e é um fait diver para distrair os mais distraídos.
Este assunto do “funil de GIUK” vem já de há muitos anos. E é descrito como o ponto de passagem da frota mais perigosa da Rússia. Os seus submarinos. E é o calcanhar de Aquiles da defesa dos EUA. Eles controlam grande parte da situação do armamento russo, menos a localização destes submarinos, que facilmente atravessam este “estreito” e se posicionam na costa dos EUA.
O interesse estratégico dos Estados Unidos pelo GIUK (Gronelândia-Islândia-Reino Unido) remonta à Segunda Guerra Mundial, mas tornou-se especialmente relevante durante a Guerra Fria, a partir dos anos 1950. E até hoje mantem-se um “problema” para os americanos não ter o controlo total da area.
A questão não é da importância estratégica que os EUA dão ao GIUK, há largos anos. É por que é que Trump quer a Gronelândia agora. E as riquezas naturais estão na primeira linha, mais a sua visão da sua “America do Norte”.
E o bullyng, sobre a população da Gronelândia e a Dinamarca continua, nem ao menos põe de parte a ocupação militar da ilha.
Só que, nas recentes eleições na Gronelândia concorreram cinco partidos. Quatro, independentistas moderados, constituíram uma coligação, deixando de fora o que ficou em 2º lugar (com 25% dos votos) que quer a independência imediata. Já perceberam que se proclamassem a independência estavam no bolso dos EUA no dia seguinte. Ainda agora Marco Rubio esteve na Europa a exigir à Gronelândia que declarasse a independência. Isso do GIUK é apenas um pretexto.
https://x.com/soumyajitt/status/1877030193354658172
Em 2019, Trump já havia falado do estreito GIUK. Não é de agora. Ele agora falou em “anexar”, em “comprar” a “bem ou a mal” a Gronelândia. Mas o tema é velho e Trump sabe, depois da criação da Task Group Greyhound que ficou aquém no que toca aos resultados. Que continua a haver passagem não referenciada às autoridades dinamarquesas de vasos de guerra russos e não só, que saem do controlo dos EUA. Aliás, não entendas isso como só um problema de segurança para os EUA, é um problema de segurança para toda a Europa em geral.
Na verdade, ele não está errado, a abordagem dele é que não faz sentido, é tosca no método.
Na verdade, estrategicamente, a Gronelândia tem estado ativa por conta dos americanos e os dinamarqueses têm desinvestido nesse ponto, por isso é que Trump veio com esta conversa. Mas não é só a Dinamarca a desinvestir na segurança, é igualmente a Islândia (e com alerta também para o RU). E, meu caro, ele tem razão, o método é tosco, mas ele tem razão. E sabemos que se for apenas por diplomacia convencional, as coisas vão continuar como estavam. Por isso ele está a usar o método de choque. Não é apenas por ele ser lunático, é porque é o único método que faz o povo mexer o rabo. Até janeiro, por muito diplomaticamente se falasse na importância estratégica da Gronelândia, nada fez mexer os países interessados. Olha agora se não se começam a mexer 😉
Não olhem só à poeira, olham para lá da poeira e vejam como as coisas agora estão a mexer noutro nível. Infelizmente a guerra é um bom parceiro dos EUA e é nisso que eles pensam agora para a Europa. E, ou somos audazes a pensar mais além e combater o impulso americano de entrar em novas frentes de guerra na Europa, ou vamos estar em breve com um enorme problema nas mãos. Não se deixem adormecer a pensar que ele quer terras raras ou petróleo, isso não é nada ao lado do que a guerra lhe traz em vendas de armamento.
As populações amedrontadas não olham para os números e os governos podem gastar mais em armamento. 😉 Pensa nisso 😉
Ainda ninguém percebeu a política externa de Trump, mas tu já percebeste e dás-lhe razão. Pode ser o contrário do que pensas.
Uma coisa já se percebeu – o aumento da capacidade de defesa da Europa, para 5% do PIB, passava por comprar armas aos EUA. O projeto europeu que passa por intensificar a produção da indústria europeia de defesa deixou os EUA muito preocupados.
Outra coisa também já percebeu – a Europa, o Canadá e outros aliados tradicionais dos EUA deixaram de o considerar um aliado e parceiro de confiança. Com as novas tarifas, o mesmo quanto a países grandes, como a Índia, ou os pequenos que dependiam das ajudas da USAID, que acabou. A China agradece.
Eu não dou nem tiro razão, isso é a tua abordagem por falta de algo melhor para dizeres. E depois confundes tudo. Política externa no que toca à defesa é uma coisa, no que toca à economia é outra. E já muita gente, ligada à defesa, percebeu o que intenta Trump (basta ler um pouco sobe este mesmo tema).
Aliás, é simples perceber o interesse dele neste estreito e no do Panamá (dado o interesse da China no canal). O que acrescentei ao teu comentário foram dados importantes, da história recente, em relação à defesa dos EUA no interesse dessa área do mundo. Tu apenas decalcaste uma visão simplista, economista que não tem nada a ver com o principal intento de Trump (que, como referi, não é de agora).
Outra coisa também já percebeu – a Europa, o Canadá e outros aliados tradicionais dos EUA deixaram de o considerar um aliado e parceiro de confiança
NÃO. Bem pelo contrário. É verdade que aquela capa de amizade se perdeu. Mas a Europa e o Canadá sabem que “gostam dos EUA” porque é conveniente. 😉 A Europa não gosta dos EUA porque são “porreiros”, gostam porque se precisarmos de quem nos defenda com determinado tipo de armamento, caro, muito caro, eles têm. Além disso, gostamos deles porque são um mercado gigante e que tem (tinha) regras que podemos suportar como “aliados” e isso favorece a economia europeia.
A Europa é preguiçosa, é das causas “nobres e inúteis”, do ambiente sustentável (sem criar a sua própria sustentabilidade financeira), de promessas vãs sobre o mundo do trabalho (basta ver o que a Alemanha exige para ter uma fábrica automóvel num país), tivemos (e temos à frente dos desígnios da UE) pessoas com pouca visão estratégica.
Preferiram nestes últimos 30 anos viver com a flor ao peito, muitos a tentar ganhar sem trabalhar à séria (políticas sociais que delapidaram economias, sem o olhar crítico de quem deveria vigiar o equilíbrio das contas, bancas rotas e países intervencionados pelo FMI), não quiseram unir-se em torno dos mercados dos 27, expandir a nossa tecnologia, pagar para dentro de portas desenvolver ciência tão, ou melhor que os outros.
Preferiram comprar aos russos gás barato, petróleo barato e fechar os olhos, olhar para o outro lado. 🙂 A senhora Merkel conduziu a Europa ao que vemos hoje (e onde anda ela?).
De costas voltadas uns com os outros dentro de portas, os americanos a exigirem mais dinheiro em várias áreas, uma dependência dos fármacos americanos, dependência do gás externo, dependência de tecnologia externa. Estamos inundados de redes sociais dos outros países, tecnologia de ponta, que já foi da UE, hoje não é mais. Produtos fabricados na fábrica do mundo (na China) são os mais preponderantes nos mais variados setores de atividade, do vestuário, à tecnologia. E o que temos vindo a fazer? 🙂 Criar impostos, taxas, multas, coimas, para poder, pelo menos, sacar uns milhões. São milhões à Google, milhões à Apple, milhões à Meta.
Por exemplo, em dezembro de 2013, a Comissão Europeia multou a Johnson & Johnson em 10,8 milhões de euros por retardar a entrada no mercado de uma versão genérica do analgésico fentanil nos Países Baixos.
Mais recentemente, em outubro de 2024, a Comissão Europeia multou a Teva Pharmaceuticals em 462,6 milhões de euros por abusar da sua posição dominante no mercado para atrasar a concorrência ao seu medicamento para esclerose múltipla, Copaxone.
Mas há mais 😉 basta ler os relatórios. Somos bons atualmente a criar legislação para poder multar as empresas estrangeiras que tomaram conta do nosso mercado.
Não abram os olhos não!
O que eu vejo é Trump a conseguir a união de todos contra os EUA, e noticias como esta do Brasil:
“Donald Trump conseguiu unir Governo Lula e bolsonaristas
Senado aprova por unanimidade medidas de retaliação comercial a tarifas anunciadas pelos EUA. Parlamentares do PT votaram lado a lado com ex-vice e ex-ministra de Bolsonaro.”
A China agradece.
Não, (o Brasil está longe de ser exemplo). Eles não se uniram contra, eles estão contra, cada um por si, por causa das tarifas. E bem. Este tipo de atitude é de um irresponsável, um lunático. Mas não te iludas 😉 continua cada um por si. A verdade é que quando toca no bolso, a situação tende a parecer uma união contra… mas é cada um por si 😉 e vimos isso com alguns países a não dar qualquer importância, outros a dizer que as tarifas são para ser debatidas unilateralmente e outros a berrar sem razão. A China, teve outra atitude, e devemos ter olhos na China 😉
A Europa, apesar de ter uma bomba económica pronta, desde 2021, e que pode abalar os EUA, o chamado Instrumento Anticoerção, tem de ter um discurso sóbrio e sem aquela vontade de “vamos retaliar, fazer sangue”… para depois não passarem vergonha. Exige-se calma, inteligência e deixar a poeira assentar. Viu-se logo que a Bolsa de Nova Iorque tremeu e de que maneira. Por isso há que ter calma e usar a cabeça.
Das taxas anunciadas por Trump só a de 10% está em vigor. Acima disso só na 4ª Fª. Países e regiões. como a UE, ainda não fizeram anúncios, como já fez a China, por estarem à espera até ao último dia se conseguem acordos.
Isso que dizes de haver países que não estão a dar qualquer importância não é verdade. Estão a dar, e muita
Não estão a dar como outros estão (essa é a mensagem no total do comentário), “a fazer um circo mediático”. Muitos nem os ouviste a pronunciar, outros disseram que iam estar tranquilos e negociar. E é assim que tem de ser. Alguns é que armaram um circo, logo com ameaças (ocas). Calados eram poetas. Pois é sábio o adágio popular “o segredo é a alma do negócio.” Pensa nisso 😉
Sem dúvida. São de esperar grandes resultados das negociações . Só se for a Ilha dos Pinguins, que tem grande poder negocial 😉
A fórmula grosseira de Trump para a taxa de importação (a “taxa recíproca”) a aplicar a cada país/região é, de acordo com os valores das importações de bens de 2024 do U.S. Census Bureau:
= [(Importações – Exportações) / Importações]/ 2 (%), ou uma taxa de 10% se não existir défice.
Não se está a ver como é que negociações possam alterar alguma coisa. Só abandonando a fórmula e passando a negociar as taxas alfandegárias que são efetivamente praticadas – e Trump já disse que não vai acontecer.
O que falta ver é se Trump aumenta, de facto, a taxa de importação se os países retaliarem – como disse que faria, por exemplo com a UE, passando a taxa sobre as bebidas alcoólicas para 200%. Para já, a China retaliou com a mesma taxa, de 34%, a mesma “taxa recíproca” que lhe foi aplicada e Trump não disse nada.
Essa dos pinguins reflete muito quem está ao lado dele. Contudo, não pode ser só burrice ter na lista de tarifas a aplicar a locais como as ilhas Heard e McDonald ou Jan Mayen. Algo aqui tem de justificar estas presenças. Eles são assim meios toscos, mas não acredito que não haja algo ali por trás.
Isso é fácil de explicar.
A fonte do valor das importações e das exportações para a fórmula das “taxas recíprocas” é o U.S. Census Bureau (o INE de lá)
Indo ao link e a “Choose a Country” vê-se que tem as ilhas Heard e McDonald (a “Ilha dos Pinguins”) onde não vive ninguém). Como não há défice dos EUA (na verdade não há quaisquer importações ou exportações) os pinguins levaram com a taxa mínima de 10% 🙂
https://www.census.gov/foreign-trade/gmf.html
Engraçado que a questão bélica considero ser a 2 camada de fait diver.
Surgiu uma urgência nas ultimas décadas, novas rotas comerciais polares. Russia está a conseguir aumentar a janela de passagem de mercadorias todos os anos tirando partido dos quebra-gelos e do aquecimento das águas. Essas rotas vão tornar o suez obsoleto no caminho de mercadorias da “ilha mundo”. As poupanças de combustivel e tempo são drásticas, fora os problemas de pirataria e terrorismo. No entanto, ao mesmo tempo que a russia já emprega maiores e mais bem preparados quebra-gelos os EUA tem um “bote”.
A posição não é tanto a ver a com defesa bélica, mas sim com defesa comercial, afinal o dolar é baseado no controlo absoluto dos mares/rotas comerciais se o paradigma muda a moeda mais usada também muda.
Essa é a principal ameaça polar à posição dos EUA, é uma questão de sobrevivencia a médio/longo prazo.
Mas isso é mensurável. Já a passagem dos submarinos com armamento nuclear é que está a escapar aos americanos. E nada existe de mais importante para os EUA que o controlo global do que os outros podem ter para atacar o seu território.
O resto é apenas o resto, eles com mexida ali, outra acolá no que toca a tarifas, embargos e outras formas de dominar os fluxos de dólares… eles controlam isso. O problema é mesmo o que eles não conseguem controlar na defesa do seu território.
E ele a dar-lhe com o armamento nuclear. Em caso de guerra nuclear com a Rússia há bombas nucleares suficientes para os dois países estoirarem um com o outro, sem contar com os ditos submarinos russos que tenham passado pelo GIUK. Os meios de dissuasão nuclear entre os dois países não dependem desses submarinos serem ou não detetados quando passam pelo GIUK.
Não nãp 🙂 isto não é assim como pensas. Não é só o carregar armamento, é o tipo de armamento para resultar no argumento. Ou tu achas que se não fosse pelo argumento (atenção, eu falei argumento) do nuclear os russos não tinham já sido empurrados para dentro de portas? 😉
Ai e tal não dependem desses submarinos… há pois não, atualmente são a força maior quer na defesa, quer no ataque. E podem estar “na borda da praia” de qualquer zona americana. E este funil, assim como outros e Trump já fez saber, são importantes sobretudo pela estratégia militar, defesa.
O resto continua a ser uma estratégia política, que poderá ter resultados comerciais, mas em vários sentido… olha, até nos embargos.
Nada disso, eles querme é lançar os foguetões para Marte debaixo do gelo. Para além de furar aquilo tudo à procura de mais petróleo.
Querme- palavra inexistente na gramática portuguesa.
A forma correcta é QUER-ME [terceira pessoa singular do presente do indicativo de querer]
Julgo ter sido um erro de escrita (um typo). Não seria quer-me, mas sim querem (troca de posição do m e do e). Pelo contexto da frase dá para perceber isso.
Não é isso que ela queria dizer, asno!
Mas qual será a necessidade de adjetivar alguém ao final do 3° post?
Expliquem me por favor
O texto correto seria “eles querem é….” é erro de digitação (troca de dígitos, carateres/letras) e não de erro de forma verbal
Os americanos so querem o bem do mundo, deixem nos ficar com a gronelandia. Eles tem protegido a europa sem pedir nada em troca e agora anda tudo revoltado feitos meninos mimados, tipico de quem vive em casa dos pais e quando os pais pedem uma ajudinha ficam logo amuados
Esse até pode ser uma das razões, mas na minha opinião é apenas a “razão oficial publica” porque há muito mais do que o interesse estratégico. Os Estados Unidos e a Dinamarca fazem parte da NATO, logo bastava que ambos chegassem a um acordo para que os Estados Unidos pudessem controlar esse mar profundo, que também seria do interesse da Dinamarca, não é preciso ter a posse do território! O estarem a ameaçar é só para que lhes seja “vendido” ao desbarato, sendo que são conhecidas as potenciais riquezas ainda por descobrir da ilha que se tornarão mais fáceis de explorar com o degelo.
Uma coisa é certa, a Europa tem de recuperar rapidamente o seu atraso para as 3 potências, China, Rússia e Estados Unidos da América ou brevemente seremos absorvidos por um destes e um deles já começou o processo!
Isso que dizes no fim é assim e não é assim. Vale a pena ver a apresentação do major general Isidro de Morais Pereira à CNN: “Europa, EUA, China ou Rússia? Quem tem mais recursos militares”.
https ://cnnportugal.iol.pt/videos/europa-eua-china-ou-russia-quem-tem-mais-recursos-militares/67cca12f0cf20ac1d5f2ece0
O Trump acordou a pensar na Gronelândia?
Ler bocado de história era bom a muito pessoal que comenta, ele chegou a casa branca levou com os relatórios de segurança.
Presidente Harry Truman (1946)
ofereceu 100 milhões de dólares em ouro à Dinamarca para comprar a Groenlândia.
Presidente Franklin D. Roosevelt (anos 1940)
Forçou a Dinamarca a aceitar bases americanas ou era isso ou ficava sem a ilha.
Depois aconteceu o acidente com um avião americano lá com 4 armas nucleares que incendiou no ar e caiu ainda hoje não se sabe de 1 delas que está sobre o gelo…
Exatamente. É isso que digo no artigo e no meu comentário. O assunto GUIK está com renovado interesse, não com um interesse novo.
Um bocado como nos Açores.
Rumores dizem que já houve interesse dos Estados Unidos em adquirir ou controlar os Açores ao longo da história — embora nunca tenha havido uma tentativa formal de compra reconhecida oficialmente.
Durante o século XIX, os EUA estavam em expansão e com crescente interesse estratégico no Atlântico. Houve especulações e propostas informais sobre a compra dos Açores, especialmente por causa da sua localização estratégica no meio do Atlântico, que os tornava ideais para abastecimento naval.
Durante a Segunda Guerra Mundial e Guerra Fria, no que toca à Base das Lajes, os EUA estabeleceram, com acordo de Portugal, uma base aérea nos Açores em 1944 (Base das Lajes). Embora não tenham tentado comprá-los, os EUA manifestaram interesse em garantir presença permanente — e a base continua em uso até hoje por forças americanas e portuguesas.
Alguns documentos do governo americano mostram que os Açores eram vistos como ponto estratégico vital no contexto da defesa do Atlântico Norte, especialmente para controlar rotas aéreas e navais.
Nunca houve uma proposta oficial de compra como houve com o Alasca ou a Louisiana, por exemplo, mas o interesse estratégico americano nos Açores é antigo e persistente — mais focado no uso militar do que na soberania territorial.
Isso foi em meados do século passado. Em 1940 estava-se no início da 2ª Guerra Mundial e a Dinamarca estava ocupada pelos nazis. As tropas norte-americanas foram substituir as tropas inglesas e norte-americanas que estavam na Gronelândia. Mas, ainda assim, os EUA conseguiram arranjar um embaixador dinamarquês, que à revelia do seu governo, assinou um acordo a legitimar o envio das tropas.
Quanto à oferta de compra de Truman, em 1946, que foi rejeitada, não passou disso. Trump também fez uma oferta de compra, que foi rejeitada, mas está longe de se conformar com a recusa.
O trumpistas bem tentam legitimar e justificar os seus disparates, mas só convencem os MAGAs, e afins. Escusam é de tentar fazer dos outros parvos.
https://ww2days.com/fdr-sends-troops-to-occupy-greenland-2.html
A fazer dos outros parvos andava o sr Biden (e toda a sua trupe)há quatro anos e com “excelentes” resultados não é? Mas aí já era bom pois era em nome do progresso e das igualdades neoma(r)xistas né?. Check novomundo111 no blogspot
Para os mais velhotes, como eu, que viram o filme “Caça ao Outubro Vermelho”, esta localização é a entrada, naquilo que era chamada “Red-1”, a rota submarina, usando uma cordilheira, submarina, para chegar ao Atlântico. Os mapas usados, são verdadeiros e, a Rússia, possui conhecimentos, daquelas profundezas. No caso, dos Chineses, não será assim. A China tem, 99,9%, das suas forças, para acções terrestres. Mesmo, os 21 submarinos, o que esteve, mais tempo fora, foram 27 dias. Comparando, com os americanos, e europeus, que podem passar 280 dias, em qualquer lugar, não teriam tempo para circular, naquela região.
Mas, além disso, o mais importante é a zona norte. É que, com o degelo, a rota árctica, pode compensar, largamente, para navios de carga, viajarem, do Atlântico norte, para o Pacífico, em metade do tempo. Daí, a ideia, do Trump, de controlar, o canal do Panamá e aquela zona, para, as empresas americanas, poderem cobrar, biliões, de dólares, anuais, pelas viagens, dos navios chineses e europeus. É que, usarem o canal do Suez e Mar Vermelho, está perigoso. Usarem a viagem, pelo sul de África, demoram 28 a 38 dias. Usando a passagem norte, passavam a 12-18 dias. Com o controlo, da Gronelândia, conseguiam controlar, norte e sul. Sem ela, é a Dinamarca, e a Islândia, que controlam a zona norte, sem lhe dar, importância (nem cobrarem tarifas).
Há um filme brutal, na Apple TV+, Missão Greenwood https://apple.co/3XLC6fA que devem ver, é fantástico. Um som brutal, imagens incríveis. E conta uma ponto sobre este ponto estratégico.
https://youtu.be/5Byeq_hyh2U
O filme aborda isso mesmo, os submarinos alemães da Segunda Guerra Mundial frequentemente utilizavam o arco GIUK (Gronelândia, Islândia e Reino Unido) como uma rota estratégica para sair da Alemanha e entrar no Atlântico Norte. Esta área, que formava uma espécie de bloqueio natural, era fundamental para o controlo das rotas marítimas, uma vez que os submarinos alemães precisavam atravessar essa região para atacar comboios aliados.
Mas que filme tão mal contado. Em que é que a passagem no Ártico se assemelha ao Canal do Panamá? As empresas americanas iam cobrar biliões de dólares por operar as comportas do Ártico?
Nesse caso, o trampas também precisa de conquistar a Islândia, Ilhas Faroé e a Escócia, para além da Gronelândia só por causa desse corredor GIUK.
Não. Repara na posição da Gronelândia e no que lhe diz respeito às chamadas águas territoriais.
Repara é se nas águas territoriais da Gronelândia há petróleo, gás e minerais que possam ser explorados, porque a superfície é difícil. Quanto à conquista, Trump está convencido que dá a volta aos aos habitantes da Gronelândia depois de proclamaram a independência. Só que eles não estão para aí virados e não têm pressa nenhuma. J.D.Vance, recentemente foi a Gronelândia mas limitou-se à base militar dos EUA porque nenhuma porta se abriu para o receber e mostrar “amizade”.
Se o artigo fosse sobre a Rússia anexar a Gronelância acusavam quem apoiasse o Putin de comuna e mais uns chavões. Até os mandavam ir apara a Rússia. Contudo, como se trata dos EUA já está tudo bem. O Trump é um visionário e faz sentido, etc e tal. Que gente mais enviezada.
Não está tudo bem, isso é da tua imaginação. Tanto é que a própria autoridade do país, a Dinamarca, já disse que o território não está à venda. E mais, disse que se os EUA quisessem avançar com mais presença militar na Gronelândia, poderiam propor que a Dinamarca está aberta a negociações. Mas comprar, nunca, só da cabeça de um lunático.
Aqui o enviesado és tu, que estás a criticar sem perceber a realidade.
Pensei que o Trump era burro… será que ele sabe mesmo onde fica a Gronelândia?
Sim, tal como mandou mudar o nome de “Gulf of Mexico” para “Gulf of America”, já mandou alterar o nome de “Greenland” para “Our Land”.
Há quem diga que é por causa dos submarinos russos que passam perto, mas são poucos os que acreditam.
Trump quer tudo!
Devia era querer juízo ou quem lho metesse na cabeça ou, ao menos, pusesse travão. No primeiro mandato tinha, mas no segundo está em roda livre empurrado pelo MAGA. Basta ver os vice-presidentes: Mike Pence no primeiro mandato (que se opôs ao golpe de Estado de Trump em 2020, que queria que ele não validasse os resultados eleitorais no Congresso – no dia do assalto ao Capitólio, e que concorreu contra Trump nas últimas primárias) e J.D. Vance no segundo, seu cão de fila no ataque aos governantes europeu e em tudo o mais).
Mas os EUA são uma democracia consolidada, os contrapesos hão de aparecer. Por enquanto apenas nos juízes que querem aplicar a lei.
É inconcebível como a nação militarmente mais poderosa do planeta faz “bullying” sobre a Dinamarca, um pais de 6 milhões de habitantes. A UE tem de tomar uma posição política a defender um dos seus membros.
Tiro o chapéu amigo @Vítor M, excelente post e excelente sustenção do mesmo nos comentários.
na tua perspetiva, que não digo estar errada mas a apenas incompleta, o controlo da islândia seria muito mais eficaz
Não costumo fazer aqui comentários, mas tenho que abrir uma excepção, face ao que li, particularmente pelo Vitor M. Meu caro, o comum dos mortais nunca saberá a verdade ou, pelo menos, a verdade total por detrás do que os poderosos fazem no mundo. A menos que tu tenhas acesso às reuniões na sala oval. Eu não tenho, por isso, o que posso fazer é especular. No entanto, dentro do que será sempre esta nuvem cinzenta, há factos que podemos extrair: a Groenlândia tem uma posição estratégica evidente para fins militares, mas também tem grandes reservas de recursos naturais. Mais do que o petróleo, tem terras raras, uma das maiores dependências dos EUA face à China, que domina actualmente mais de 50% do negócio destes recursos, quer seja pela extracção, quer pelo seu tratamento, que tem um impacto negativo relevante no meio ambiente. Naturalmente que interessa ao Trump a parte militar, e atrelado a isso vem o negócio das armas, onde os amigos dele têm interesse obviamente. Mas o foco dele, pelo menos o mais visível, é o da economia: tornar os EUA a maior super potência indestronável. Basta fazer uma conta simples para perceber que a China está em vias de assumir o lugar de maior potencia económica. Outro facto é que a UE é, na verdade, uma desunião e os seus lideres frouxos não conseguiram nem vão conseguir estabelecer a linha de fronteira do que é o interior de cada país membro e o que deve ser o âmbito da união. Onde acaba cada país e começa a UE? – é a grande questão. E não vai ser fácil de lhe dar resposta, porque estamos a falar de um molho de países de culturas diversas, alguns com uma identidade milenar, como é o caso do nosso. Até onde se deve submeter essa identidade própria, bem como os interesses próprios, ao que deve ser a identidade e interesses colectivos dentro da UE? É também um facto que a UE é o 2º maior espaço económico do mundo, depois da China. E é outro facto que ainda é o que mais poder de compra tem. Como tal, nenhum grande “player” comercial pode deixar a UE fora da equação. Outro facto é que o Trump vai perder esta guerra comercial, porque está sozinho de um dos lados da barricada e, ao contrário de 2018, onde esteve apenas contra a China, desta vez está contra o mundo todo. É outro facto que ao impor taxas à China, que detém cerca de 1/5 da produção industrial mundial, os iPhones vão ficar caros para todos, incluindo para os americanos e não vai ser no espaço temporal do seu mandato que o Trump vai inverter uma tendência nefasta que o ocidente deixou acontecer, ao longo das últimas 4 a 5 décadas: a migração da indústria para a China, causada pela ganância do poder económico ocidental. E o resultado está à vista: a China, com a sua famosa paciência de chinês, começou por fazer t-shirts e hoje é dona de grande parte da tecnologia dominante. Por outro lado, também é um facto que os ocidentais jamais aceitarão as condições de trabalho e muito menos os salários que os chineses ainda auferem, apesar de terem melhorado muito. O último facto e talvez o mais relevante é que o ser humano foi a pior coisa que aconteceu neste planeta. Por sermos a espécie dominante, que nos coloca acima das restantes espécies por sermos a única com a capacidade de inteligência, deveríamos estar concentrados em resolver o grande problema actual do nosso planeta: temos gente a mais e a consumir demais para o que o planeta pode suportar. E tratarmos deste assunto em nome, não apenas da humanidade, mas de toda a vida do planeta. Com tanta evolução técnica e social que tivemos, nomeadamente nos últimos 100 anos ou por aí, deveríamos ter outro comportamento. Mas estamos a um nível mais rude que os nossos antepassados pre-históricos. Uma raça dita evoluída com elementos como o Putin, o Trump, etc, etc, etc, é o facto maior: fomos a pior coisa que aconteceu neste mundo. Eu sou ser humano e digo-o com toda a frontalidade. A partir daqui, tarifas, Gronelândia, UE, China, Rússia, submarinos etc, etc, são apenas o fruto desse grande mal.
Verdade que nunca saberemos tudo, mas há muito que se sabe por caminhos travessos. “A menos que tu tenhas acesso às reuniões na sala oval…” não precisas, um qualquer grupo do Signal poderá ser suficiente. Nós é que pensamos que “eles” são organizados, secretos e cuidadosos… mas não são e os exemplos são diários.
Abraço.