Intel desenvolve uma mochila para ajudar os cegos a caminhar com segurança pelas cidades
Há um empenho crescente no mercado no que toca a produtos tecnológicos dedicados às pessoas com alguma deficiência. Já vimos a Google e a Apple, por exemplo, com novidades nesta área, e agora a Intel quer também mostrar um produto inovador. A empresa americana apresentou esta semana uma mochila equipada com inteligência artificial ativada por voz.
Conforme podemos ver no vídeo de explicação, esta tecnologia é capaz de ajudar deficientes visuais a identificar obstáculos e situações normais que qualquer pessoa enfrenta fora de portas.
Mochila com tecnologia Intel ajuda cegos a navegar pelo mundo
As tecnologias hoje disponíveis permitem ler o ambiente circundante, identificar os objetos e traduzir para voz o que os sensores captam. Os carros são, talvez, uma das maiores montras desta realidade, desde a chegada dos carros autónomos, mas a sua aplicabilidade é bem mais extensa.
A tecnologia da Intel, colocada sob a forma de mochila, permite recorrer à inteligência artificial ativada por voz, ajudando os deficientes visuais a identificar, por exemplo, os sinais de trânsito, mobiliário urbano, zonas de trânsito automóvel, passagens para peões e objetos em movimento, com muita precisão e segurança.
Jagadish K. Mahendran, programador de inteligência artificial (IA), e a sua equipa projetaram esta mochila que é ativada por voz. Os sistemas de facto leem o mundo à volta das pessoas e têm um consumo de energia muito baixo.
No ano passado encontrei um amigo que é deficiente visual e dei-me conta de que já ensinei robôs a ler, mas que ainda existem muitas pessoas que não veem e precisam de ajuda.
Foi o que me levou a criar o sistema de assistência visual usando o Kit de Inteligência Artificial com Profundidade da OpenCV (OAK-D), desenvolvido pela Intel.
Referiu Jagadish K. Mahendran, programador de IA do Instituto de Inteligência Artificial na Universidade da Geórgia, nos EUA, em comunicado.
Visual Assistance System: Como funciona a mochila da Intel?
Conforme explica o investigador, além da mochila, que tem o sistema principal de GPS, a pessoa tem de transportar uma pequena bolsa, vulgo pochete, que guarda a bateria com duração aproximada de oito horas.
Além dessa bolsa, a pessoa terá de usar uma espécie de colete, com uma câmara tripla equipada com tecnologia IA espacial OAK-D da Luxonis, que executa o Movidius VPU da Intel com programação via kit de ferramentas OpenVINO.
As câmaras vão fornecer, a partir do processamento de redes neuronais avançadas, uma multiplicidade de dados referentes a funções de visão computacional acelerada, como um mapa de profundidade de visão periférica em tempo real, bem como informações em cores RGB a partir de uma única câmara 4K, que vão elaborando os caminhos e obstáculos que forem surgindo.
Para passar toda a informação recolhida e tratada ao utilizador, o sistema usa um comando de voz servido num auscultador Bluetooth. Assim, o utilizador consegue interagir com o sistema como se estivesse a usar assistentes virtuais como a Siri, Alexa ou Google Assistant.
Num ambiente urbano, a mochila recolhe tudo o que existe em volta do utilizador e partilha as informações de forma audível. O sistema dá indicações de desníveis do piso, árvores no caminho, mobiliário urbano, escadas, edifícios, entre muita outra informação.
Quando chegará ao mercado?
O investigador refere que, por enquanto, ainda não há uma previsão de chegada ao mercado como um produto para consumidor final. Nesta fase, o produto ainda tem de responder a uma série de testes e exige ainda mais investigação.
Contudo, há já a ideia de abrir o código do sistema, para que este possa ser fabricado por interessados em desenvolver o produto.
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