Poderosa investigação mostra como “vestíveis” ajudam a detetar problemas crónicos de saúde
Temos mostrado aqui no Pplware como o segmento dos wearables (vestíveis) regista vários avanços entusiasmantes atualmente. Na CES 2025, uma empresa apresentou um kit de deteção para monitorização em tempo real da pressão arterial baseado em ultrassons. A deteção de glicose no sangue já está em desenvolvimento, e os investigadores também exploram como os dados de sono podem ser utilizados no contexto de problemas crónicos para uma análise de saúde mais eficaz.
O Apple Watch, e outros dispositivos "vestíveis" abriram a caixa de pandora. Com a poderosa tecnologia que atualmente as marcas contam, é possível desenvolver dispositivos que podem funcionar como um médico pessoal, uma espécie de centro de saúde que usamos o tempo todo.
Um exemplo desse desenvolvimento foi mostrado numa investigação recente a cargo de especialistas do Mount Sinai. Os resultados revelam que os dados recolhidos pelos vestíveis como o Apple Watch Series 10 e o Oura Ring 4 podem ser usados para prever o agravamento de problemas crónicos e até identificar a deterioração de sintomas relacionados.
Como parte do estudo, a equipa focou-se na Doença Inflamatória Intestinal (DII), uma condição crónica que provoca inflamação no trato gastrointestinal.
De acordo com os Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), esta condição afeta milhões de pessoas em todo o mundo e ocorre quando o sistema imunitário ataca células saudáveis do intestino. Caracteriza-se por episódios de remissão, durante os quais sintomas como diarreia, fadiga, dor, úlceras e hemorragias retais afetam os pacientes.
Biomarcadores informativos
Na investigação, publicada numa revista de Gastroenterologia, dispositivos wearables vendidos por marcas como Apple, Fitbit e Oura provaram ser “ferramentas eficazes para monitorizar doenças inflamatórias crónicas como a DII”.
Especificamente, a equipa monitorizou biomarcadores como a variabilidade da frequência cardíaca, os níveis de oxigénio, a atividade diária e a frequência cardíaca em mais de 300 participantes de 36 estados.
Os participantes também reportaram os seus sintomas diariamente, além de fornecerem amostras de sangue e fezes para análise.
A equipa descobriu que os biomarcadores mencionados eram afetados quando os participantes apresentavam sintomas de inflamação associados à colite ulcerosa ou à doença de Crohn, as duas formas mais comuns de DII. Notavelmente, os biomarcadores medidos pelos dispositivos wearables também sofreram alterações na ausência de sintomas visíveis, chegando a mudar até sete semanas antes do aparecimento dos sintomas.
Estes marcadores fisiológicos conseguiram detetar inflamação mesmo na ausência de sintomas e distinguir se os sintomas eram provocados por inflamação ativa nos intestinos.
Explicou o comunicado do Hospital Mount Sinai e da Escola de Medicina Mount Sinai.
Ajuste de algoritmos nos wearables
A equipa está agora a trabalhar no ajuste dos algoritmos para que os relógios e anéis inteligentes consigam detetar sinais e prever o agravamento de outros problemas de saúde relacionados, como a artrite reumatoide.
Estas descobertas abrem portas para explorar formas inovadoras de usar a tecnologia wearable no monitorização de saúde e na gestão de doenças, de formas que até agora não tínhamos considerado.
Afirmou o Dr. Robert Hirten, Professor Associado de Medicina (Gastroenterologia) e Inteligência Artificial e Saúde Humana na Escola de Medicina Icahn, do Mount Sinai.
Este não é o primeiro estudo deste tipo. Outro artigo, publicado na revista Expert Review of Medical Devices em 2024, postulou que, para além de prever crises e monitorizar sintomas de DII, os wearables podem também ser usados para a deteção precoce de doenças e avaliação da saúde intestinal.
Em 2023, o Instituto de Tecnologia da Califórnia detalhou um sensor de pele wearable, usado como um pequeno adesivo, que consegue detetar a presença de proteína C reativa no suor humano. Produzida pelo fígado, a proteína C reativa é um conhecido indicador de inflamação no corpo.
Este estudo mostrou o enorme potencial dos wearables para manter a saúde e prever doenças. Além disso, a Oura adicionou uma funcionalidade chamada Symptom Radar à aplicação do Oura Ring, que ajuda a identificar o início de doenças respiratórias.
Um médico privado ou um do SNS?
Quais os títulos dos estudos mencionados? Por acaso tem as referências ou links dos mesmos?
Estão no artigo.
Esta informação toda sobre saúde que andamos a partilhar nos wearables são uma mina de ouro para as seguradoras.