Até onde podem ir os wearables? Esta empresa apresentou lentes de contacto inteligentes
Já conhecemos muitas alternativas de wearables, que auxiliam o utilizador em algumas frentes e facilitam, em muitos casos, a monitorização da sua saúde. Esta empresa quer dar um passo em frente e propõe, não relógios, não anéis, não óculos, mas lentes de contacto inteligentes.
As novidades do MWC - Mobile World Congress 2024 foram tantas que estamos, hoje, a falar-lhe de mais uma. Com a irreverência a ser mote para uma série de novidades, em matéria de smartphones, smartwatches, smart rings, wearables e gadgets de vários tipos, carros, entre outros, conhecemos umas smart contact lenses, ou lentes de contacto inteligentes. Na verdade, não umas, mas quatro protótipos.
Tendo a ambição em mente, a Xpanceo assume estar a criar a "próxima geração de computação", reinventando a interação humano-tecnologia e "redefinindo a forma como experienciamos o mundo real e digital". Em Barcelona, apresentou quatro protótipos de lente de contacto inteligente.
Curiosamente, todas as propostas são finas como as lentes de contacto tradicionais, de acordo com a empresa, assumindo cada uma delas um conjunto próprio de capacidades.
- Uma lente holográfica: esta é, essencialmente, uma lente de Realidade Mista (RM).
- Uma lente com biossensor: esta poderá ser utilizada para medir a pressão ocular e alertar o utilizador para potenciais problemas de glaucoma - de um modo geral, é uma perturbação da dinâmica dos fluidos intraoculares que determina a sua acumulação, com consequente aumento da pressão sobre as delicadas células nervosas que são a base da visão, determinando a sua morte e eventual cegueira.
- Uma lente com infusão de nanopartículas: esta é de "super visão" e utiliza nanopartículas que poderão permitir uma visão com pouca luz e, mais do que isso, capacidades de zoom.
- Uma lente eletrónica transparente.
Tecnicamente, estes protótipos da Xpanceo são de grande minuciosidade. Aliás, de acordo com o TechRadar, as quatro tecnologias parecem dizer respeito a uma estrutura de "lente de contacto inteligente tudo-em-um". Esta poderia incorporar um ecrã ultra-pequeno de 1 pixel para mostrar conteúdos, tecnologia transparente para capacidades de RM e nanopartículas para capacidade de "super visão".
A mesma fonte partilhou ter perguntando à empresa quão perto está de colocar a "lente perfeita" no mercado. Segundo a Xpanceo, apesar de o desenvolvimento dos componentes básicos estar praticamente concluído, ainda há trabalho a fazer: uma interface neural, elementos de Realidade Aumentada (RA) e melhoria dos biossensores.
De qualquer modo, a empresa acredita que poderá iniciar os testes finais desta "bomba tecnológica" em 2026.
Claro que, em 2024, tecnologia (quase) pressupõe presença de IA
Conforme revelou à imprensa, os investigadores da Xpanceo estão a utilizar a Inteligência Artificial (IA) para "prever as propriedades de novos materiais e conceber métodos para criar materiais personalizados".
Mais do que isso, a integração de uma interface neural, que integra a lista de trabalhos, poderá pressupor a utilização do cérebro para controlar a lente inteligente, em vez de gestos e movimentos ou piscadelas oculares.
Numa visão futurista e expansiva, a Xpanceo quer que as suas lentes de contacto inteligentes monitorizem todo o tipo de estatísticas de saúde, incluindo níveis de glicose, pressão arterial, cortisol e muito mais.
A par disso e com base nos dados que recolherem, pretende que as smart contact lenses forneçam conselhos aos utilizadores.
Apesar de impressionantes, a Xpanceo partilhou que, para já, ninguém colocou os protótipos das lentes de contacto inteligentes nos olhos: "A nossa lente é um dispositivo médico e estamos atualmente no processo de pré-submissão para aprovação da FDA [Food and Drug Admnistration] para testes médicos."
Será que estas lentes de contacto inteligentes serão, algum dia, uma realidade?
Ora, o trabalho que a Xpanceo está a desenvolver é de uma perícia inacreditável e parece, de facto, promissor. Porém, esta não é a primeira empresa a tentar trabalhar no campo ocular, por via de lentes de contacto inteligentes.
Há quase uma década, a Google anunciou que estava a trabalhar com a empresa de cuidados de saúde Novartis para desenvolver lentes que pudessem medir os níveis de glicose através das lágrimas dos olhos de uma pessoa. Neste momento, não se sabe de que é feito o projeto da Google.
Além destas, também a Mojo Vision fracassou. Depois de vários anos a tentar aperfeiçoar um sistema de ecrã de RA para os olhos, a empresa despediu a maior parte do seu pessoal, no ano passado, e direcionou as suas forças para ecrãs microLED ultra-pequenos.
Também a InWith tem estado a trabalhar na incorporação de um sistema de visualização de RM nas lentes de contacto da Bausch & Lomb. Esta, por sua vez, assegura estar "a avançar para os ensaios clínicos" e assume estar concentrada nas "questões regulamentares da FDA, neste momento".
Um aspeto que pode diferenciar a visão da Xpanceo da visão da Google ou da InWith é a escolha dos materiais. Ao TechRadar, a Xpanceo explicou que existem limitações fundamentais nos materiais optoeletrónicos tradicionais que os tornam demasiado volumosos para os seus projetos.
Assim sendo, a empresa escolhe materiais 2D que suportam "um design de lentes de contacto inteligentes mais simples e avançado". Além disso, utiliza eletrónica flexível e transparente com apenas alguns nanómetros de espessura.
Enquanto esperamos por umas lentes de contacto inteligentes, conte-nos, usaria umas?
Gostava de experimentar.