Revolucionária bateria de lítio flexível e virtualmente indestrutível
Temos assistido a uma evolução tímida das tecnologias das baterias de lítio. As atuais baterias deste tipo têm a sua densidade energética cada vez mais elevada, assim como os custos cada vez mais competitivos. Contudo, há um aspeto que ainda não foi totalmente resolvido e que está relacionado com a segurança. Desse modo, alguns setores, como a aviação, têm vindo a atrasar a aplicação deste tipo de baterias.
O calcanhar de Aquiles das baterias de lítio poderá ter sido resolvido. A novidade chega-nos pela mão de um grupo de investigadores da prestigiada Universidade Johns Hopkins.
Bateria de lítio sujeita a duros testes de resistência
O grupo de cientistas da JHUAPL tem vindo a trabalhar numa nova célula de lítio. Então, as investigações feitas nos últimos 5 anos têm demonstrado uma resistência aos diferentes testes a que esta célula tem sido submetida.
O resultado, que foi mostrado pela primeira vez em 2017, revela uma bateria que pode ser cortada, dobrada e molhado sem afetar o seu desempenho.
No final de 2019, os últimos avanços permitiram mesmo um maior desenvolvimento, tornando estas baterias imunes ao fogo. Assim, com a melhoria de fatores como a tensão para os níveis das baterias comerciais, permitiu-lhes dar um enorme salto em frente na sua comercialização.
O segredo para fazer uma bateria indestrutível resume-se ao eletrólito, o componente químico que separa as pontas positivas e negativas de uma bateria. A maioria dos eletrólitos de lítio comerciais são uma mistura de sais de lítio inflamáveis e líquidos. Uma combinação perigosa. Se a barreira permeável que separa o cátodo do ânodo falhar, é produzido um curto-circuito e muito calor. Quando todo este calor atinge um material altamente inflamável como o eletrólito de lítio e o cátodo rico em oxigénio, o risco de incêndio aumenta.
Explicaram os responsáveis do projeto, apresentado pela equipa.
Tecnologia com 25 anos pode "salvar" as baterias atuais
Para a equipa da Johns Hopkins, o seu novo desenvolvimento evita estes problemas através da utilização de um eletrólito à base de água, e portanto, não inflamável e não tóxico. Apesar de ser uma tecnologia que existe há 25 anos, até agora tinha limitado as suas aplicações devido à sua baixa tensão.
Para resolver esta limitação, a equipa descobriu que, aumentando a concentração de sais de lítio e misturando o eletrólito com um polímero, poderiam aumentar a tensão elétrica dos apenas 1,2 volts atuais para 4 volts, o que é comparável aos números de uma célula de lítio comercial.
Assim que a equipa montou um ânodo e um cátodo comercialmente disponíveis com este novo eletrólito aquoso, foram capazes de criar uma bateria de lítio diferente de qualquer coisa jamais vista antes. É transparente e flexível como uma lente de contacto, não tóxica e não inflamável, e pode ser fabricada e operada no exterior sem caixa.
O mais interessante de tudo é que esta bateria pode suportar praticamente qualquer situação, seja impacto, quebra, incêndio... algo que lhe dá um enorme potencial para uso em veículos terrestres, bem como aplicações mais extremas, como navios ou aviões. Foram mesmo realizados testes em vídeo para demonstrar o enorme potencial do seu desenvolvimento.
Bateria já não explode mesmo se dobrada, queimada ou destruída
Os testes mostraram que esta bateria pode agora adotar outras formas. Isto porque estas são células podem até ser dobradas. Nesse sentido, ao nível comercial permitirá tirar o máximo proveito das baterias. Além disso, o preço pode ser mais baixo, já que com esta revolucionária descoberta, ficam dispensados alguns dos elementos de segurança que protegem a embalagem em caso de impacto. Como resultado, iremos ter baterias mais leves, menos volumosas, com outras formas e mais baratas.
O melhor de tudo, a equipa indicou que este não é um projeto futuro. Estão já a trabalhar com alguns dos principais fabricantes para testar estas células em condições reais. Além das enormes vantagens do produto em si, é referido que para entrar em produção, as unidades de fabrico existentes não precisarão ser alteradas. Algo que permitirá a aceleração de uma produção que eles esperam iniciar em dois anos.
Assim, o espaço temporal até o produto aparecer no mercado dará tempo para de resolver os últimos desafios que esta tecnologia enfrenta, que tem nos ciclos de carga e descarga a sua limitação atual. O facto é que uma bateria média pode manter o seu desempenho sem muita variação por pelo menos 1000 ciclos, enquanto estas ainda não conseguem ir além de 100 ciclos. Uma limitação que tem de ser resolvida nestes dois próximos anos.
Este artigo tem mais de um ano
Todos os meses há baterias novas revolucionárias mas tirando o “fast charching” não tem aparecido nada no mercado.
Mas é assim mesmo que a tecnologia anda. A questão das baterias é que chamam muita atenção então cada avanço científico é noticiado e as pessoas estranham que demora para chegar na linha de produção. Porém eu recebo notícias como esta em várias áreas e o produto final demora tanto quanto as baterias. Eu já tinha notícias de ecrãs OLED décadas antes de aparecem os primeiros produtos comerciais com esse tipo de ecrã. E assim como este poderia citar diversos outros xemplos.
Não existe nada de errado ou diferente como desenvolvimento das baterias, apenas os avanços graduais e as pesquisas são noticiados com muito mais alarde que o de outras tecnologias.
E para não parecer forçada minha afirmação faço a ressalva de que algumas tecnologias realmente tem um desenvolvimento mais rápido, mas elas é que são a exceção, a regra é ocorrer como ocorre com os avanços em baterias.
Esse processo é verdade, mas o número de noticias de “descobertas de novas tecnologias de bateria” é demais. E já as vejo há tempo demais para não ver a tal entrada em produção.
O maior problema está no investimento para produzir estes novos avanços. Temos de olhar para o preço de criar uma planta de raiz para produzir um tecnologia que passado 2 anos podes estar obsoleta. Ao contrário pq é amplo de criar uma planta para produzir processadores, que a forma de produção é igual, as empresas fazem o investimento e sabem que o vão pagar facilmente e ter lucros, pois não importa se são 14nm ou 3nm a forma de os produzir é igual, só muda as máquinas, mas o know how está lá.
Essa questão do investimento é verdade e agrava-se paradoxalmente devido aos próprios avanços, que são muitos.
Como existem muitas frentes de pesquisa em baterias e várias linhas com bons resultados, ninguém sabe dizer qual ou quais tecnologias vão prevalecer e nem quanto tempo a tecnologia atual, ou uma nova tecnologia vai durar antes de outra tecnologia superá-la. Isso cria muita insegurança entre investidores que não querem investir em fábricas que podem se tornar obsoletas antes de darem o retorno esperado. É por esses fatores que surge a percepção de que os avanços científicos e tecnológicos não chegam aos produtos.
Há sempre um “mas” no fim.
O que nós queremos é telemóveis com autonomia de uma semana… agora têm uma grande noticia, duplicam a autonomia das baterias e depois reduzem-lhe o tamanho para metade e ficamos com telemóveis com a mesma autonomia de sempre!! Ah… mas têm menos 1 ou 2 mm de espessura… fantástico!!
Isso mesmo!
Concordo
Quando criarem um material líquido que guarde carga, que possa ser incorporado na estrutura do veículo e que permita ser substituído como qualquer óleo, acho que estaremos ainda mais perto. Mas sim, este avanço é um grande passo em frente !
Aliás, porque não criar esse material líquido e usa-lo como um combustível ? Bastava parar numa estação, libertar quando ficasse sem carga e carregar de novo o tanque com líquido com carga. Será que já há alguma patente para isto ? Bem, conheço um motor a ar comprimido, portanto …
Tens a gasolina e o gasóleo. Quem diria?
Epá, não sabia que esses dois conseguiam guardar carga eléctrica. Pensava que eram queimados num processo de combustão. Quem diria ?
https://visao.sapo.pt/exameinformatica/noticias-ei/ciencia-ei/2011-06-09-baterias-de-encher-e-baratas/
Isso. Obrigado !
Ainda me lembro dos primeiros equipamentos que podiam funcionar apenas com o carregador e sem bateria.
Não é possível efetuar uma ligação desta natureza?
Já se torna é difícil fazê-lo com os equipamentos actuais visto que as baterias não são amovíveis.