O que aconteceria à Terra se a Lua desaparecesse amanhã?
Temos a Lua como um bem adquirido e eterno. Somos uns sortudos por ter ao nosso lado o satélite natural que regula a vida na Terra. Contudo, pense, e se amanhã a Lua desaparecesse do lado do nosso planeta?
Este exercício astronómico não é de agora, aliás, já abordamos várias vezes questões conexas, como, por exemplo, o facto de a Lua estar a "fugir" da Terra à razão de 4 centímetros por ano. Sabia?
Claro, a este ritmo, o nosso planeta ficará sem a sua companheira daqui mais de 5 mil milhões de anos. Mas, e se fosse agora, se amanhã o astro que nos viu nascer a todos desaparecesse?
O que aconteceria se a lua desaparecesse amanhã?
A Lua controla as marés, tem impacto nos ecossistemas marinhos e influencia subtilmente o tempo na Terra. Então, o que aconteceria se a lua desaparecesse de repente?
A lua da Terra desempenha um papel importante na nossa cultura, linguagem e pensamentos. Mas será que ela... sabe... tem importância?
Se a Lua desaparecesse num piscar de olhos amanhã (e, para efeitos de discussão, vamos assumir que o faz de forma não violenta), será que daríamos por isso? Importar-nos-íamos?
Bom, iríamos provavelmente passar mal, muito mal. O mundo, tal como o conhecemos, está ligado à Lua de mais formas do que a maioria de nós imagina. Vejamos como a Terra poderia mudar sem o seu satélite natural...
Gosta de marés?
A gravidade - pelo menos a do tipo newtoniano - é bastante simples: Quanto mais perto estivermos de algo, mais forte é a sua força de gravidade. Assim, as coisas que estão mais perto da Lua recebem um puxão gravitacional mais forte, e as coisas que estão mais longe recebem um puxão mais fraco. É fácil. Quando olhamos para os efeitos da Lua na Terra, podemos essencialmente resumi-los a três partes: A própria Terra, o oceano próximo da Lua e o oceano afastado da Lua.
Em qualquer dia, o oceano mais próximo da Lua recebe um bónus gravitacional, pelo que se eleva ligeiramente, abraçando com água o que nunca poderá alcançar. E como o oceano é tão grande, toda a água de um horizonte empurra a água do outro, resultando numa fantástica protuberância de maré.
Se a Lua influência as marés, sem ela, o mar ficaria flat?
As partes sólidas e rochosas da Terra estão mais próximas da Lua do que o oceano do lado oposto, pelo que a Terra também se aconchega um pouco mais à Lua, deixando para trás o oceano do lado oposto. Resultado? Marés no lado mais afastado. Da perspetiva de alguém que está na Terra, parece que o oceano está a subir, mas na realidade não está. O que acontece são duas marés em lados opostos da Terra.
Portanto, se a Lua desaparecesse, não ficaríamos totalmente sem sorte com as marés; o Sol também estica e aperta a Terra, pelo que as nossas oportunidades de surf não seriam completamente eliminadas.
Esta situação teria um impacto brutal na humanidade. Contudo, nos animais seria provavelmente muito maior. De acordo com o Royal Museums Greenwich, os ecossistemas costeiros dependem das marés para extrair material do fundo do mar. Assim, marés mais pequenas fariam sofrer os ecossistemas costeiros, com repercussões noutros animais terrestres e marinhos, podendo resultar em extinções em massa.
Os predadores que caçam à noite também deixariam muitas presas na mesa sem a luz da lua para os ajudar, o que resultaria noutras alterações ambientais imprevisíveis.
Gosta das 24 horas do dia?
A Terra costumava girar sobre o seu eixo mais depressa do que atualmente. Muito mais depressa. Após o hipotético impacto gigante que levou à formação da Lua, o dia da Terra chegou a ter 6 horas. Como é que chegou às 24 horas?
Exatamente, era a Lua! A Lua faz umas marés muito bonitas, mas a Terra também está a girar sobre o seu eixo. Esta rotação arrasta fisicamente as protuberâncias das marés à volta do planeta. Assim, em vez de as marés aparecerem diretamente por baixo da Lua, estão ligeiramente à frente dela, orbitalmente falando.
Assim, temos uma grande massa de água extra do oceano num sítio onde não é suposto estar. Uma vez que a gravidade é uma via de dois sentidos, essa massa puxa a Lua. Como se estivesse a puxar um cão relutante pela trela, esta protuberância de maré puxa a Lua pouco a pouco, acelerando-a para órbitas cada vez mais altas.
Como referimos no início, a Lua está a afastar-se lentamente da Terra. E essa energia para acelerar a Lua tem de vir de algum lado, e esse lado é a própria Terra: Dia após dia, milénio após milénio, a Terra abranda, convertendo a sua energia de rotação na energia orbital da Lua.
Se tirássemos a Lua, não é que este processo se invertesse, mas não continuaria. Isso pode ou não ser um facto positivo, dependendo do quanto gostamos da duração do nosso dia de trabalho.
Gosta das estações do ano?
O eixo da Terra está inclinado, e esta inclinação pode mudar com o tempo. Não é nada de especial, todos os planetas o fazem; é até interessante. Mas o que não tem muita piada é quando a inclinação muda rapidamente.
O que aconteceria se a Antártida apontasse diretamente para o Sol durante 24 horas por dia, mergulhando a América do Norte e a Europa numa escuridão permanente? E depois, algumas centenas de milhares de anos mais tarde, se invertesse? Tomamos a regularidade a longo prazo das nossas estações como um dado adquirido, e talvez tenhamos de agradecer à Lua por isso.
Este tipo de oscilações loucas na inclinação axial deve-se a ressonâncias, ou a interações azaradas com objetos distantes no sistema solar. Por exemplo, digamos que um dia, na sua órbita, o eixo da Terra aponta para longe do Sol e Júpiter está nessa direção ao mesmo tempo. E digamos que isso acontece de novo ... e de novo ... e de novo.
De cada vez que o eixo da Terra e Júpiter se alinham, a Terra recebe uma atração gravitacional super pequena. No início não é nada. Mas, ao longo de milhões de anos, pode acumular-se. Quando damos por isso, a acumulação de puxões virou a Terra como uma panqueca.
O que pode estabilizar esta situação é a Lua: é muito, muito grande (pelo menos comparada com a Terra) e orbita-nos muito depressa. Todo este momento angular (energia rotacional) evita que os outros planetas façam qualquer brincadeira axial.
Ou não! Como assim? Bom, a Lua pode estar a prejudicar-nos a longo prazo, uma vez que nos atrasa, o que nos torna mais suscetíveis às intrigas dos planetas exteriores. Mas isso é um problema de mil milhões de anos e, se a Lua desaparecesse amanhã, as nossas estações continuariam a ser sazonais durante muito tempo.
Então, para além das marés, repararíamos no desaparecimento da Lua?
Bem, sim, porque ela é realmente grande e brilhante, e porque a vida iria mudar bastante, alguns animais mais "azarados" iriam desaparecer. Sim, o encanto de termos o nosso satélite a influenciar tudo (há quem diga que influencia o sexo dos bebés) também desaparecia.
Seria trágico, na verdade, perder este astro magnífico do nosso mundo, de um mundo que nunca mais teria o encanto que tem. Claro, desapareceriam os eclipses solares totais!
Leia também:
Fonte: Pplware com
Muito interessante
Simplesmente dava se uma extinção em massa, mas escusava se de por um mapa terrapizza no artigo.
Lê o artigo e verás que nada tem a ver com isso.
A mais épica extinção em massa na qual morria tudo. Nem os peixes se safavam.
Como seria quando a Terra tinha duas luas, antes de uma delas cair na Terra e ter provocado uma enorme devastação em uma região da Terra, acho que na Atlântida, que hoje em dia é considerado um mito. Na altura as pessoas foram avisadas e as boas pessoas foram-se embora dessa região do planeta para as zonas seguras, quem não se mudou eventualmente afundou.
Mas a segunda lua era plana, foi assim que nasceu a Austrália
Ora essa teoria já é antiga até fizeram uma série de tv.
https://youtu.be/zy45eCQ80zA?si=sPKBYYRGqz-UxL_q
🙂 🙂 🙂
Espaço 1999?
bom artigo, no próximo podia-se fazer o exercício de como seria a vida com duas luas, com determinada distancia
Sendo o que chamam popularmente de LUA, um ESTABILIZADOR, que estabiliza a rotação e ciclos das marés do nosso PLANETA:: Nosso PLANETA, ficaria desestabilizado.