Nova técnica permite que os smartphones detetem a insuficiência cardíaca
Haverá poucos dispositivos atualmente tão evoluídos tecnologicamente como o seu smartphone. De tal forma que os sensores de movimento incorporados no equipamento serão capazes de captar vibrações cardíacas mais facilmente do que o estetoscópio do seu médico.
Sensores do smartphone poderão detetar insuficiência cardíaca
O seu smartphone é dos equipamentos mais avançados do mundo. São sensores que dão conta de tudo um pouco à sua volta e mesmo... dentro de si. Sim, pode vir a ser mais preciso do que o seu médico a "ouvir" o seu coração!
Uma nova técnica de diagnóstico que utiliza um smartphone poderá permitir às pessoas detetar os sinais distintivos da insuficiência cardíaca mais rapidamente do que os métodos tradicionais permitem.
Desenvolvida por organizações na Finlândia e nos Estados Unidos, a técnica utiliza os sensores de movimento integrados nos smartphones atuais para detetar vibrações no peito. Estas vibrações muitas vezes surgem como resultado de problemas cardíacos subjacentes que levam à insuficiência cardíaca.
Um médico no bolso
A insuficiência cardíaca é uma condição, não uma doença em si. Causada ou exacerbada por qualquer número de diagnósticos agudos, como doença arterial coronária, distúrbios das válvulas cardíacas, pressão arterial elevada e outros, a insuficiência cardíaca marca a incapacidade do coração de bombear sangue suficiente.
Mesmo que o coração esteja parcialmente operacional, pode não ser capaz de atingir o nível de eficiência requerido pelo resto do corpo, o que pode levar a danos nos rins, no fígado, coágulos sanguíneos ou até à morte com o tempo.
As doenças que causam insuficiência cardíaca frequentemente originam vibrações cardíacas invulgares, que podem ser usadas para fins de diagnóstico. Estas vibrações desviam-se dos movimentos típicos do coração quando este não consegue contrair ou relaxar regularmente, uma válvula não abre ou fecha corretamente, ou uma câmara do coração está aumentada.
Embora os profissionais de saúde possam utilizar instrumentos de sismocardiografia para registar estas vibrações, esses instrumentos não são facilmente acessíveis; depois de obterem uma referência de um médico de cuidados primários, os pacientes preocupados com a saúde do coração muitas vezes têm de esperar semanas por uma consulta com um cardiologista.
Em breve, as pessoas poderão usar os seus telemóveis para detetar sinais de alerta cardíaco.
Investigadores da Universidade de Turku passaram os últimos 10 anos a trabalhar na utilização dos sensores de movimento dos smartphones — normalmente usados para dados de fitness, assistência de navegação e jogos — para sismocardiografia móvel. Agora, num artigo para o Journal of the American College of Cardiology: Heart Failure, eles escrevem que um telemóvel pode detetar com sucesso as vibrações cardíacas.
Como funciona esta técnica?
Para utilizar a técnica apresentada, um paciente simplesmente deita-se de costas e depois coloca o seu smartphone com o ecrã virado para cima no peito. À medida que as vibrações do coração se transmitem através da parede torácica do paciente, o acelerómetro e giroscópio do telemóvel detetam cada movimento, permitindo que as vibrações sejam visualizadas num gráfico. O processo demora apenas um minuto.
Mais de 1000 pacientes testaram a tecnologia em experiências nos Hospitais Universitários de Turku e Helsínquia, na Finlândia, e no Hospital Universitário de Stanford. Destes, 217 pacientes já tinham sido diagnosticados com insuficiência cardíaca. Os investigadores descobriram que o seu método de deteção de vibrações de smartphone identificou padrões de vibração relacionados com a insuficiência cardíaca com uma precisão de 89% — uma taxa de sucesso de cerca de 9 em cada 10 pacientes.
A Universidade de Turku trabalhou com a CardioSignal, uma startup finlandesa, para aperfeiçoar a tecnologia. Atualmente, a CardioSignal oferece deteção de fibrilhação auricular através da aplicação para smartphones CardioSignal. Dependendo de futuros ensaios, a aplicação poderia eventualmente incorporar a deteção geral de insuficiência cardíaca da Universidade de Turku.
Já estou a imaginar uma consulta:
Médico: Ora deite-se aí sff. Vou colocar-lhe este telemóvel em cima do peito.
Doente: Oh sr doutor, isto está a ter umas vibrações estranhas…tenho algum problema?
Médico: Deixe lá ver…não é nada…é só a minha mulher a perguntar onde vamos jantar.
😀 mas já imaginaram que o nosso smartphone tem mais sensores que muitos dispositivos médicos usados nos hospitais que nos atendem? Já pensaram que o smartphone que trazemos no bolso sabe mais de nós que nós mesmos? Sabe a pressão que fazemos em cada pé ao caminhar, sabe a distância da nossa passada, sabe quantas vezes vamos aos sítios, sabe se estamos com stress ou calmos. Sabe se sofremos de rápidas alterações de direção, se estamos em zonas de muito ruído… e tantas outras medições que os sensores fazem. Li há uns tempos que o software apenas nos mostra 50% de todos os dados que os sensores captam sobre nós. Que há muita informação que nem sabemos que o smartphone consegue recolher.
A app Saúde do iOS já traz muitas informações que, junto com outros dispositivos vestíveis, podem formar um conjunto fantástico de informação “médica”. Mas os outros sistemas também já estão muito avançados. Imaginem estes dados ()e o hardware disponível) com a IA a funcionar
Mais sensores que muitos dispositivos médicos? Talvez o Sr. Vítor precisasse de passar num hospital para perceber o que se passa lá.
Detetar com fiabilidade IC por vibrações torácicas faz zero sentido para qualquer clínico.
Repara, não tens sensores nos hospitais, com equipamentos com décadas, mais avançados que os que hoje tens nos smartphones. Não estou a falar, como é óbvio, em equipamentos para Tomografia Computorizada, ou ressonância magnética. Mas, existem muitos dispositivos para eletrocardiograma com décadas. Claro que as 12 derivações não se comparam à única derivação que um smartwatch pode oferecer, mas o conjunto de dados recolhidos podem oferecer informações que os dispositivos médicos não podem. Por exemplo, um smartphone pode perceber se um utilizador tem assimetria ao andar. E sabemos, que um modo de andar saudável, a cadência de cada passo com cada um dos pés é muito semelhante.
A assimetria a andar é a percentagem de tempo que dá passos mais rápidos ou mais lentos com um pé do que com o outro. Portanto, quanto menor for a percentagem de assimetria, mais saudável será o seu modo de andar. Os modos de andar irregulares, como coxear, podem indicar a presença de uma doença, lesão ou outro problema de saúde. Andar de forma regular ou simétrica constitui, frequentemente, um objetivo importante da terapia física para recuperar de uma lesão. Um smartphone pode registar automaticamente o nível de assimetria a andar, quando tem o telefone junto à cintura – como, por exemplo, no bolso – e anda em terreno plano de forma constante.
Que equipamento médico poderia ter esta perceção?
Outro exemplo simples é, por exemplo, a medição do VO2.
Para quem não sabe, esta é uma medição do volume de oxigénio máximo (VO2 máx.), a quantidade máxima de oxigénio que o corpo pode consumir durante a prática de exercício. Também denominada de aptidão cardiorrespiratória, esta medição é útil para avaliar a condição física de qualquer pessoa, independentemente da idade e do estado de saúde. Um valor mais elevado de VO2 máx. indica um maior nível de aptidão e resistência cardiovascular.
A medição do VO2 máx. requer um teste físico e equipamentos especiais. Pode também obter uma estimativa do VO2 máx. usando dados sobre movimento e frequência cardíaca registados com um monitor de aptidão física. Os dispositivos vestíveis podem hoje, no conforto do dia a dia do utilizador, gravar este tipo de informação.
Mais exemplos, frequência respiratória durante o sono.
É sabido que a frequência respiratória normal faz toda a diferença na assistência médica, em especial diante de emergências. Estes dados são importantes para a identificação de anomalias que, muitas vezes, representam risco de morte ou complicações para o doente. Estes dados podem ajudar a investigar e combater as causas de variações e padrões patológicos, evitando problemas graves como paragens cardiorrespiratórias. Estes dados poderão ajudar os médicos a detetar outras doenças e condições médicas (com análises pormenorizadas das informação), como, por exemplo, sono inquieto, apneias, entre outras…
Que dispositivos médicos tens que possam acompanhar os pacientes com este nível de informação? Muitos são testes específicos nas unidades hospitalares (não quer isso dizer que não sejam os melhores, mas longe de terem esta componente de abrangência). Os smartphones e gadgets vestíveis têm hoje componentes de auxílio a captar estes dados que não existem desta forma nos hospitais. Um simples relógio dá dados precisos de oxigénio no sangue.
E o combinar destas tecnologias fazem deste gadget um dos mais evoluídos tecnologicamente.
Mas há muitos mais exemplos.
Muito bem!
Interessante. Também era interessante a Samsung abrir o Samsung Health monitor a smartphones não Samsung, evitando ter de recorrer a APP fora da loja da Google e modificações do Smartphone, cujas consequências em termos de segurança, são desconhecidas.
Excelente artigo
Breve nem precisamos de ir ao medico
Convém ir a mais do que um. E depois a um terceiro, porque os dois primeiros dificilmente dizem a mesma coisa.
P.S. Se um for um “pomada canivete” (cirurgião), convém mesmo ir a outro. Se um for do Centro de Saúde também convém ir a um (ou mais) especialistas. E aonde é que há dinheiro para isso, se nem uma consulta no Centro de Saúde se consegue num prazo razoável? Pois … parece que o novo governo vai tirar uma coelho da cartola …
Se for um coelho com ideias a roçar a extrema-direita deixa-o estar…
já disse aqui há muitos anos que no futuro os smartphones vão tirar cafés!!!
Tirar não, mas já mandam tirar e dão dicas como queremos o café. Isso já tem uns anos. Aliás, hoje até fazem mais no que respeita à cozinha e ao cozinhar 😉 Imagina que a Bymbi traz um Android que só não faz chamadas… ainda 😀
Vítor, excelente artigo, e não ligues ao comentário do “médicos de bancada”. Necessita-se comentários construtivos e não pateguices.