Google mapeou uma parte do cérebro humano da forma mais detalhada de sempre
Fazendo jus à sua menção como gigante tecnológica, a Google mapeou um pedaço de cérebro humano com o maior detalhe alguma vez conseguido. Desta forma, foram revelados pormenores impressionantes, incluindo ligações entre neurónios.
Além disso, poderá ter aberto a investigação a um novo tipo de neurónio.
Cérebro humano visto ao pormenor
A Google ajudou a criar o mapa mais detalhado, até agora, das ligações presentes no cérebro humano. Aliás, revela uma quantidade impressionante de detalhes, como padrões de ligações entre neurónios.
Disponível online, o mapa do cérebro inclui 50.000 células processadas a três dimensões e unidas por centenas de milhões de tecidos finos, formando 130 milhões de ligações – as chamadas sinapses. Tudo isto representa um peso de dados de 1,4 petabytes, cerca de 700 vezes a capacidade de armazenamento de um computador médio moderno.
Segundo Viren Jain, do Google Research, em Mountain View, California, pela sua imensidão, os investigadores não os estudaram detalhadamente. Aliás, compararam os dados recolhidos com o genoma humano que, 20 anos depois de publicados os primeiros rascunhos, ainda está a ser explorado.
É a primeira vez que vemos a estrutura real de uma peça tão grande do cérebro humano. Há algo de emocional nisto.
Disse Catherine Dulac, da Harvard University, que não esteva envolvida no projeto de mapeamento do cérebro.
Uma estreia da Google no cérebro humano
O projeto começou quando uma equipa liderada por Jeff Lichtman, da Harvard University, conseguiu um pedaço de cérebro de uma mulher de 45 anos com epilepsia resistente a medicação. Prontamente, a equipa envolveu a amostra em conservantes e coraram-na com metais pesados, de forma a que as membranas exteriores das células ficassem visíveis através de um telescópio eletrónico.
Para endurecer, embeberam-no em resina e cortaram-no em fatias com cerca de 30 nanómetros de espessura, cerca de um milésimo da largura de um cabelo humano. Através do microscópio eletrónico, captaram cada fatia. Foi nesta fase que a Google assumiu o controlo, montando as fatias bidimensionais e formando um volume tridimensional. De forma a reconstruir os tecidos que ligam os neurónios, utilizaram machine learning, rotulando, posteriormente, os diferentes tipos de células.
Todo o conjunto de dados que produzimos corresponde a um milímetro cúbico, que é normalmente um pixel num scan de ressonância magnética.
Revelou Viren Jain.
De forma inédita, a equipa encontrou pares de neurónios nas profundezas do córtex que não tinham ainda sido observados. Segundo Jeff Lichtman, “as duas células apontavam exatamente na direção oposta no mesmo eixo” e ninguém sabe porquê.
Na opinião de Catherine Dulac, este projeto poderia ser replicado, de forma a explorar como o mapa celular difere em pessoas com problemas de saúde mental. Dessa forma, poderiam ser encontradas mais pistas sobre como determinadas condições (por exemplo, a esquizofrenia) se manifestam.
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Fonte: New Scientist