Instintos primitivos de sobrevivência ainda orientam as decisões da sociedade?
Embora a civilização tenha avançado, os estímulos mais primitivos continuam a moldar as interações humanas, atualmente. Num livro, lançado recentemente, um professor explora como os comportamentos humanos como o domínio, a competição e os instintos de sobrevivência não são apenas resquícios do passado.
No livro "A New Approach to Human Social Evolution", Jorge A. Colombo, antigo professor da Universidade do Sul da Florida e investigador principal do CONICET, explora como os instintos primitivos continuam a moldar as interações humanas, hoje em dia, oferecendo uma nova perspetiva sobre como antigos mecanismos de sobrevivência ainda guiam a sociedade moderna.
Combinando neurociência, antropologia e ciência comportamental, o professor sugere que reconhecer e lidar com esses instintos, que continuam presentes, é essencial para a construção de um mundo mais sustentável e justo.
Segundo argumenta, os comportamentos humanos como o domínio, a competição e os instintos de sobrevivência não são apenas resquícios do passado. Na verdade, estão enraizados na natureza humana e continuam a definir a política global, a desigualdade económica e as hierarquias sociais, influenciando as decisões individuais e sociais.
O autor adverte que, se as pessoas não conseguirem reconhecer e equilibrar estes instintos, arriscam-se a reforçar as lutas pelo poder, a disparidade económica e os danos ambientais.
Portanto, compreender estes padrões de comportamento não é apenas um objetivo académico, mas uma necessidade para enfrentar os desafios globais de hoje.
Numa época marcada pelo aumento do autoritarismo, da desigualdade económica, das crises ambientais e do nacionalismo, é crucial compreender como os antigos mecanismos de sobrevivência continuam a moldar o comportamento humano.
Com a crescente polarização na política, conflitos sobre recursos e a luta pela justiça social, defendo que só através da educação e dos valores universais é que a humanidade pode transcender estes instintos para promover uma sociedade mais sustentável e equitativa.
Escreveu o professor, segundo reportado.
Agimos com base em instintos primitivos?
No livro, o investigador explica que os instintos estão profundamente ligados ao início da vida como espécie, onde a sobrevivência dependia da competição por recursos, território e vantagem social.
Quando o ser humano passou de presa a predador de topo da cadeia, a sua estrutura cerebral alterou-se. No entanto, esta mudança não eliminou os mecanismos de sobrevivência primitivos.
Pelo contrário, reforçou o sentimento de territorialidade, os instintos reprodutivos e o domínio sobre os outros.
Contrariamente a outras espécies, os humanos desenvolveram, também, uma consciência da mortalidade, moldando ainda mais o seu comportamento e estruturas sociais.
Nos circuitos neurais do cérebro, as respostas fundamentais de sobrevivência permanecem. O instinto de luta ou fuga, a agressividade territorial e a competição por recursos continuam a influenciar as ações humanas.
Os impulsos primitivos podem ser mascarados por desenvolvimentos culturais, mas continuam a orientar a tomada de decisões de formas que afetam a estabilidade global.
Os instintos primitivos convivem com a cultura dos seres humanos
O cérebro humano evoluiu para além dos instintos de sobrevivência, desenvolvendo a criatividade, a expansão cognitiva, a expressão artística e a comunicação complexa.
No entanto, Colombo argumenta que estes avanços intelectuais não apagaram os antigos instintos. Em vez disso, modificaram como eles se manifestam na sociedade moderna.
Aliás, as normas culturais, as crenças religiosas e as ideologias políticas servem muitas vezes de disfarce para esses instintos.
Embora as sociedades promovam a paz, a justiça e a cooperação, impõem, também, estruturas de poder que refletem mecanismos de sobrevivência antigos, segundo o autor.
Na perspetiva de Jorge A. Colombo, esta tensão entre os ideais culturais e os instintos primitivos explica muitos dos conflitos atuais. Mais do que isso, a política, a religião e a educação serão áreas em que as estruturas de poder reforçam a desigualdade.
Segundo argumenta, a educação e os valores universais são a chave para nos libertarmos destes padrões de comportamento ancestrais. Ou seja, promovendo o pensamento crítico e a consciencialização dos instintos humanos, as sociedades podem criar oportunidades para que os indivíduos evoluam para além dos seus instintos primitivos.
Além disso, o professor destaca o papel da tecnologia, nomeadamente da Inteligência Artificial, na definição das futuras oportunidades educativas, que devem ser equitativas.
Mudanças culturais profundas só são possíveis e duradouras se os seres humanos assumirem a sua verdadeira condição primária.
Reconhecer os instintos primitivos não significa aceitá-los como imutáveis, mas fornece uma base para a criação de um mundo que valoriza a justiça, a oportunidade e o equilíbrio ecológico.
Muito interessante. Com um toque de Nietzsche 🙂
Os instintos primitivos são essenciais para sobre-viver.
Aceitem a sobrevivência dos mais fortes, na minha tribo quem não chega a 85% do cumprimento dos objectivos salta fora, levem isso para a FP e teríamos um país próspero
Modo de sobrevivência da mulher moderna e independente: OF
A natureza tem como principal da programação do ser vivo a sobrevivência. Sempre assim foi e sempre assim será.
Freud diz que ainda possuímos muitos instintos primitivos, e isso, por vezes, trama-nos socialmente. O nosso ID (o inconsciente) é composto de irracionalidade, pulsões primitivas e líbido, que não controlamos totalmente. O Ego, o Eu, o que está consciente do real e do permitido, é um mínimo em nós comparado com as forças ocultas do ID. Vivemos de recalcamentos, de sublimação, de mecanismos de defesa do EGO perante a irracionalidade, o instinto e o ilógico que temos em nós.
Perfeitamente natural uma vez que a nossa inteligência floresceu no meio inóspito da constante luta pela sobrevivência, da célula ao organismo todo. Daí que o nosso cérebro, uma brilhante invenção da natureza, utiliza grande parte da sua capacidade na sobrevivência no mundo 3D , na auto regulação interna do organismo biológico entre outros processos regulatórios. Gasta 20w ( só o cérebro) em todo processo. Sobra pouco para o desenvolvimento de um subproduto da inteligência, mas paradoxalmente o grande catalisador do crescimento do neocórtex: viver em sociedade, linguagem e comunicação, invenção e felicidade ( dopamina). Os grandes gurus da inteligência artificial cada vez olham mais para a nossa massa branca á procura de respostas. Os paralelismos têm sido imensos .