Corações de porco geneticamente alterados transplantados para o corpo de pessoas mortas
A ciência não para de nos surpreender e os investigadores estão, constantemente, a procurar e reinventar formas de garantir mais anos de vida e com maior qualidade. Desta vez, uma equipa transplantou corações de porco geneticamente modificados para o corpo de pessoas mortas.
O transplante foi um sucesso e, mais uma vez, abre novas portas na direção de uma tecnologia que poderá solucionar os problemas de fornecimento de órgãos.
Esta não é a primeira vez que ouvimos falar em xenotransplante, pois este ano têm sido vários os procedimentos de sucesso. Sendo este um método que recorre a órgãos de espécies diferentes dos seres humanos, correndo bem, pode abrir portas de esperança para o fornecimento de órgãos, responsável por longas filas de pacientes doentes.
Um grupo de investigadores da Universidade de Nova Iorque transplantou, com sucesso, corações de porco geneticamente alterados para o corpo de duas pessoas recentemente falecidas, que se encontravam ligadas a ventiladores. Os dois recetores não eram dadores de órgãos, mas puderam doar o corpo inteiro para uma investigação deste tipo.
De acordo com a equipa responsável pelo transplante, a única coisa que diferiu face a um transplante de coração humano foi, efetivamente, o órgão. Isto, porque o objetivo, revelaram, é “integrar as práticas utilizadas num típico transplante diário de coração, mas com um órgão não humano que funcione normalmente sem ajuda adicional de dispositivos ou medicamentos não testados”, de acordo com Nader Moazami, diretor de transplantes cardíacos do Langone Transplant Institute da Universidade de Nova Iorque.
Corações de porco em corpos humanos são um sucesso
Os dois corações de porco chegaram da empresa de biotecnologia Revivicor, que produz os animais geneticamente modificados. Os porcos apresentavam 10 modificações genéticas: quatro para bloquear os genes de porco e evitar a rejeição do corpo humano, e seis para lhe conferir genes humanos. A mesma empresa garantiu o financiamento de toda a investigação.
A equipa de investigadores realizou os transplantes nos dias 16 de junho e 9 de julho, tendo cada recetor sido monitorizado durante três dias. Durante esse tempo, os corações funcionaram normalmente e não houve sinais de rejeição por parte de nenhum deles. De ressalvar que os dois recetores, que haviam falecido recentemente, estavam ligados a ventiladores, por forma a manter os seus processos corporais a funcionar “regularmente”, mesmo após a morte.
Embora os corações de porco sejam livres de vírus, os especialistas dizem que podem ser difíceis de detetar e, por isso, a equipa da Universidade de Nova Iorque revelou ter introduzido protocolos adicionais de rastreio de vírus para a realização dos transplantes.
Daqui para a frente, os especialistas pretendem averiguar mais profundamente as possibilidades associadas aos corações de seres que não humanos e as suas implicações físicas e éticas. Aliás, agora, o “foco está realmente em aprender, estudar, medir, e tentar realmente desvendar o que se passa com esta nova e incrível tecnologia”, segundo Robert Montgomery, o diretor do NYU Langone Transplant Institute.
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