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Renault 5 Monte Carlo: o regresso do espírito Clio Williams

                                    
                                

Autor: Vítor M.


  1. André R. says:

    Engraçado a nova era dos VE…
    Vamos fazer um carro, que anda como um carro a combustão, que se pareça um carro a combustão, que tenha o som de um carro a combustão, que tenha muitos cavalos como um carro a combustão, que cheire a carro de combustão e que ande a pilhas alcalinas do Lidl…

    • Vítor M. says:

      Nessa ótica os térmicos têm o seu paralelo nos cavalos:

      Engraçado como foi a era dos veículos térmicos…
      Vamos fazer um carro que ande com um motor barulhento como um cavalo a trotar, que fume como uma carroça velha em subida, que precise de paragens constantes para alimentar-se de líquidos inflamáveis, que vibre e sacuda como uma charrete em empedrado, que aqueça como um lombo de burro ao sol… tudo isto, para substituir… cavalos.

      E chamar-lhe progresso.

      • Mr. Y says:

        Acrescentava que, para não perder a nostalgia, a potência continuou a ser com cavalos 🙂

      • Marco says:

        Boa resposta…vai melhorar a perspetiva de muitos!

      • André R. says:

        E eu a julgar que os térmicos é que eram uma evolução dos carros a vapor, que por sua vez tinham substituído os animais…
        Obrigado pelo esclarecimento 😉

        • Vítor M. says:

          Algo errado no teu comentário não está certo.

          Então os carros a vapor não são também veículos térmicos, tal como os a gasolina ou gasóleo? Claro que são.

          A designação “térmico” refere-se ao princípio de funcionamento: converter energia térmica (calor) em energia mecânica.

          Tanto os motores a vapor como os motores de combustão interna fazem isso. Se não vajamos:

          1 – Motores a vapor: queimam combustível (carvão, madeira, petróleo, etc.) para aquecer água e produzir vapor, que move pistões ou turbinas.
          2 – Motores a gasolina ou gasóleo: queimam o combustível diretamente no interior do motor (combustão interna), gerando calor que aciona os pistões.

          Portanto, embora sejam tecnologias diferentes, ambos pertencem à mesma categoria de motores térmicos. O que os distingue é o tipo de sistema térmico e a forma como a energia é convertida.

          Não é?

      • Bruno says:

        E até hoje nos baseamos nos cavalos pra ver a performance de um carro 🙂

      • Pedro P. says:

        Total razão ao André R.
        Repara que a Renault pega no nome “Monte Carlo”, e cola num elétrico genérico para vender “heritage” falso. É isso que é patético. Não é evolução, é marketing parasita. Usam história automóvel para criar “modelos exclusivos” que de exclusivo não têm nada, são appliances com WiFi.
        Os térmicos tinham defeitos mas alma. Estes elétricos “exclusivos” são só tablets com rodas vendidos com nostalgia fabricada.
        A evolução é bem-vinda, mas não com esta apropriação cultural barata do legado automóvel.

        • Vítor M. says:

          Vamos por partes. O André, na minha opinião, não tem razão, e passo a explicar:

          1.º. O Renault 5 Monte Carlo, não foi a Renault, foi um projeto de 25 unidades de um concessionário.
          2.º. As marcas de carros são um pouco como o ser humano (porque fazem carros para humanos), isto é, uma marca sem passado, é uma marca sem um futuro humanizado. E a Renault sabe disso e alude aos seus mais icónicos veículos do passado, e bem, remato eu!

          Como temos visto, do Renault 5, passando pelo R4, ao Twingo que sairá em breve (já o vi está muito interessante), passando pela Estafette, a marca gaulesa tenta trazer o conceito de família, de carro útil, de todos e para todos (chamam-lhe voiture à vivre). E é importante que o faça, pois todos os argumentos são válidos para integrar um conceito revolucionário, renovado e para o futuro: os elétricos. E é muito interessante, até do ponto de vista da comunicação, ver a marca a decalcar o sucesso do passado nesta proposta moderna.

          Claro, há sempre quem não tenha essa visão, tudo bem, muita malta é porque nunca andou num elétrico, outro são apenas tacanhos, e há ainda outros mais conservadores (e está tudo bem), mas a verdade é que sempre, sempre, todas as marcas, o fizeram e continuam a fazer. Da Mercedes, aos BMW, passando pela VW, pela Audi, Porsche, Fiat, Alfa Romeu, Citroën, Hyundai, Honda, Volvo, Ferrari, Bugatti, Lamborghini e tantos outros marcos que vincaram a história automóvel.

          A alma de um veículo não é a sua forma de “energizar”, porque os veículos evoluem (os velhos do Restelo, quando viram o Fardier à vapeur disseram “lá se foi a alma do cavalgar”). E pronto, a história seguiu, o mundo evoluiu e hoje temos carros que podem consumir energia produzida por nós nas nossas casas. Para mim… essa é a maior alma, carros seguros, poderosos, com “combustível” feito nos telhados. 😉

          • Pedro P. says:

            Vítor, obrigado pela resposta. Vou seguir o teu formato e responder ponto por ponto

            1. O “Monte Carlo” foi feito por um concessionário.
            Certo. Mas isso não invalida o meu argumento, até os concessionários perceberam que basta colar um nome mítico num elétrico genérico para gerar emoção e justificar o preço. É marketing com disfarce de herança.

            2. “Uma marca sem passado é uma marca sem futuro humanizado.”
            Sim, o passado importa. Mas não chega usá-lo como decalque. Há que respeitar o que esses modelos eram, e isso não se resume ao nome ou à forma dos faróis. A alma original não é transferível por estética.

            3. “A Renault tenta trazer o conceito de carro útil e familiar.”
            Tudo bem, mas isso era verdade há décadas, sem precisar de storytelling. Hoje parece mais branding do que essência. Há uma diferença entre um carro útil e um produto criado para encaixar numa narrativa.

            4. “Quem critica é porque nunca andou num elétrico ou é tacanho.”
            Esse argumento é redutor. Conduzo igualmente elétricos, sei bem as vantagens. Mas também sei que muitos perdem identidade. Questionar isso não é ser retrógrado, é ser exigente.

            5. “A alma não depende da energia.”
            Verdade. Mas também não nasce sozinha. Muitos elétricos modernos são tão filtrados e clínicos que deixam de comunicar com o condutor. Há evolução, sim, mas nem sempre com alma.

            6. “Combustível feito nos telhados é alma.”
            É progresso energético, claro. Mas isso é eficiência, não emoção. Carros com alma não se medem em emissões ou origem da energia, mas no que fazem sentir ao volante. E aí, poucos se destacam.

            No fundo, não rejeito os elétricos. Só não alinho na ideia de que basta vesti-los com roupa antiga para lhes dar história.

            A herança não se copia, constrói-se. 😉

          • Vítor M. says:

            O formato é bom e vamos lá então…

            1. O “Monte Carlo” foi feito por um concessionário.
            Certo. Mas isso não invalida o meu argumento, até os concessionários perceberam que basta colar um nome mítico num elétrico genérico para gerar emoção e justificar o preço. É marketing com disfarce de herança.
            Tudo bem, mas não foi a Renault neste caso. Só essa correção.

            2. “Uma marca sem passado é uma marca sem futuro humanizado.”
            Sim, o passado importa. Mas não chega usá-lo como decalque. Há que respeitar o que esses modelos eram, e isso não se resume ao nome ou à forma dos faróis. A alma original não é transferível por estética.
            Não haverá maior respeito que a lembrança da sua importância no passado, e sobretudo no presente. E é isso que as marcas, praticamente todas, fazem. Há sempre uma ligação à importância do modelo, nem que seja num apontamento de estética. E não é errado!

            3. “A Renault tenta trazer o conceito de carro útil e familiar.”
            Tudo bem, mas isso era verdade há décadas, sem precisar de storytelling. Hoje parece mais branding do que essência. Há uma diferença entre um carro útil e um produto criado para encaixar numa narrativa.
            Sempre houve uma história por trás de um modelo. Não é de agora. O que muda? Apenas o facto de ser totalmente elétrico? Na minha ótica, não faz sentido esta tua observação.

            4. “Quem critica é porque nunca andou num elétrico ou é tacanho.”
            Esse argumento é redutor. Conduzo igualmente elétricos, sei bem as vantagens. Mas também sei que muitos perdem identidade. Questionar isso não é ser retrógrado, é ser exigente.
            Deixei um terceiro para ti (sem ofensa, era a minha ideia). Sobre a crítica sem conhecimento, não tenhas dúvida que é 99% dos que são contra os elétricos. Perder a alma faz parte da história (e na tecnologia automóvel é como na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma), é como olharmos para a Fórmula 1 de há 40 anos, no tempo em que eu, miúdo, adorava os domingos de corrida e olhar para a mesma competição hoje. Continua a ter muitos adeptos ferrenhos, fãs incondicionais, e eu já não lhe acho muita piada. Perdeu a alma? Não, transformou-se!

            5. “A alma não depende da energia.”
            Verdade. Mas também não nasce sozinha. Muitos elétricos modernos são tão filtrados e clínicos que deixam de comunicar com o condutor. Há evolução, sim, mas nem sempre com alma.
            Não nasce, verdade e aí está o gatilho para invocar os icónicos modelos do passado. Mas, e concordarás, que a alma no que toca aos veículos que transportam as pessoas do ponto A para o ponto B é de tal forma subjetiva que deixa apenas uma pequena, residual, margem para os aficionados dos motores térmicos. Adoro os térmicos, apaixonado pelas competições à boa maneira antiga, mas não há nada como a evolução. A transformação.

            6. “Combustível feito nos telhados é alma.”
            É progresso energético, claro. Mas isso é eficiência, não emoção. Carros com alma não se medem em emissões ou origem da energia, mas no que fazem sentir ao volante. E aí, poucos se destacam.
            Sim, a emoção no que toca à velha guarda automóvel, sim, perde-se, ou melhor, já se tinha perdido nos veículos térmicos desta última década. A evolução foi sempre contínua, e da caixa de velocidade automática, aos ADAS de assistência à condução, nada como uma caixa de 4 velocidade tipo 365 (as do meu tempo) que equipava as 4L. Se formos por esse prisma, essa alma que falas foi perdida já nos térmicos.

            No fundo, não rejeito os elétricos. Só não alinho na ideia de que basta vesti-los com roupa antiga para lhes dar história.
            Não se deve rejeitar, deve-se perceber, digo eu, a evolução dos tempos. Além disso, este aludir ao passado, não é vestir os elétricos com uma roupagem histórica. É, sim, fazer a ponte entre a filosofia de construção de um determinado período, para os dias de hoje. E essa ponte é importantíssima, ajuda-nos (quem gosta do mundo automóvel) a perceber o salto tecnológico. Se é uma ferramenta de comunicação? Sim, é um facto, mas os traços estão lá, não são ideias bastardas.

            A herança não se copia, constrói-se.
            Exatamente. E a construção de um novo segmento traz essa herança sempre no ADN das grandes marcas. A tal “transformação”.

    • JL says:

      O melhor é largar os vícios da infância.

  2. says:

    Estou a ficar cota, mas ainda sou do tempo em que um R5 era carro do povo. E depois andam estas marcas a queixarem-se que vendem pouco. Com preços assim…

  3. André R. says:

    Amigo Vitor M.
    Não entendeste patavina do meu comentário inicial… zero…
    1-Quando apareceram os elétricos pareciam naves espaciais, até as jantes eram horríveis… hoje, tens elétricos bem bonitos, já parecidos com carros térmicos como gostas de chamar.
    2- os elétricos, eram o sonho de qualquer pessoa com audição sensível… hoje já fazem uuuuuu até aos 50km/h.
    3- nos elétricos perdeste a essência de ouvires um motor, agora já pagas para ter uma “K7” a imitar uma mudança de caixa e o motor…

    Foi com este intuito, mas levaste a mal por seres green… os elétricos evoluíram mas agora estão a ir buscar as características dos térmicos…

    • Vítor M. says:

      Percebi pois, apenas contextualizei o que estavas a dizer à luz da evolução, como tu mesmo agora comentaste.

      Passo a citar:

      Quando apareceram os elétricos pareciam naves espaciais, até as jantes eram horríveis… hoje, tens elétricos bem bonitos…

      Exatamente, concordo em absoluto. O mercado dos elétricos está a evoluir e muito espelhando o mercado térmico. Por isso temos muitos ícones do passado a dar história aos novos modelos.

      os elétricos, eram o sonho de qualquer pessoa com audição sensível… hoje já fazem uuuuuu até aos 50km/h.

      Verdade. Mas esse som era apreciado (e ainda é) por quem gostava de os ver nas pistas. Nos eventos. Na verdade, nas cidades é um ruído horrível. Poluição total. Isso é um enorme salto evolutivo. Não concordas?

      nos elétricos perdeste a essência de ouvires um motor, agora já pagas para ter uma “K7” a imitar uma mudança de caixa e o motor…

      Essa emoção de apreciar o som…. isso é para quem gosta do momento de competição, no dia a dia é poluição. No que toca às K7, até isso foi um salto, antes era só radiofonia. Mas hoje temos muito mais. De facto uma coisa que não acho piada é o simular dos motores térmicos. Prefiro o silêncio. Coisa que muito aprecio num elétrico. Silêncio.

      Foi com este intuito, mas levaste a mal por seres green… os elétricos evoluíram mas agora estão a ir buscar as características dos térmicos…

      Levei a mal? Não, argumentar sobre o que disseste não é levar a mal. Não há razão para isso. Aliás, este é um ótimo assunto para dialogar, para discordar e argumentar. E aqui é o sítio certo. Green??? 😀 Eu sou green, nem para lá caminha. Sou muito da energia solar porque a posso produzir. Dos elétricos porque adoro a evolução tecnológica, mas isso em nada tem a ver com o green 😉

      Fechas com chave de ouro: “os elétricos evoluíram mas agora estão a ir buscar as características dos térmicos”… isso mesmo, isso chama-se tirar proveito da história. 🙂

    • JL says:

      Não fazem uuuu até aos 50 kmh, no máximo até aos 30.

      Sobre a essência de ouvir o motor, custa a ouvir, mas dá para ouvir.

      A vantagem é que podemos ouvir todos à volta, mas isso de ouvir o motor é bom ? o meu mecânico sempre me disse que quanto mais barulhos o motor fizer pior. Além de ser incomodativo, não deixa ouvir outros barulhos, o único aspecto positivo é esse ruido tapar ruidos parasitas,é porque isso que há malta que diz que certos carros fazem muitos ruidos parasitas, eles fazem os mesmos ou até menos, as pessoas é que não têm outros ruidos a incomodar.

  4. 9WaInJo11 says:

    Continuam a assassinar nomes históricos.

    Os entusiastas não querem carros elétricos!

  5. Pedro P. says:

    Respondendo ao Vitor M, ao comentário de 16/07 ás 16:42

    1. Monte Carlo foi do concessionário, não da Renault.
    Concordo, e já tinha reconhecido isso. Mas o problema persiste: mesmo sem ser iniciativa direta da marca, há um aproveitamento claro do imaginário coletivo para dar brilho a algo que não tem a mesma carga técnica ou emocional. É isso que eu chamo “parasitar herança” , seja por marcas ou representantes.

    2. Homenagear o passado com estética é respeito?
    Só se for acompanhado de coerência técnica ou filosófica. Uma silhueta parecida ou um nome igual não são, por si, reverência, são branding. Quando a profundidade do passado se resume a um “apontamento de estética”, arrisca-se a ser só cosmética. E sim, isso é legítimo, mas não é autêntico.

    3. Sempre houve storytelling, não é novidade.
    Certo, mas antes o storytelling nascia da engenharia, da cultura da marca, da competição, da estrada. Hoje nasce no departamento de marketing, à volta de uma plataforma modular que serve 4 modelos. Isso muda tudo. Não critico o storytelling, critico quando ele é o único conteúdo.

    4. Perder a alma faz parte da transformação?
    É verdade que as coisas evoluem, e sim, a Fórmula 1 de hoje é outro desporto. Mas esse argumento serve para tudo, até para justificar perda de identidade. A minha crítica não é ao elétrico em si, mas à homogeneização do produto. Pode-se evoluir sem perder sabor, mas é mais difícil, e nem todos conseguem.

    5. A alma é subjetiva, e serve só aos aficionados?
    Sem dúvida que é subjetiva. Mas são precisamente os aficionados que mantêm viva a ligação emocional às máquinas. O público geral quer ir de A a B com conforto, e isso está bem. Mas se só nos guiarmos por isso, acabamos a achar que um Tesla Model Y e um Renault R5 elétrico têm o mesmo ADN. E não têm.

    6. Os térmicos também já tinham perdido alma.
    Verdade. A alma já estava a desvanecer mesmo antes dos elétricos, caixas robotizadas, direções assistidas sem feedback, filtragem a mais. Mas isso só reforça a minha crítica: o caminho já vinha a escorregar e os elétricos, em vez de inverterem essa tendência, acentuaram-na. Por isso é que há tão poucos que se destacam.

    Final – “Não é vestir roupa antiga, é fazer a ponte.”
    Entendo a ideia, e gosto da expressão. Mas uma ponte também precisa de fundações de ambos os lados. Se o novo produto não tiver uma identidade forte por si mesmo, a ponte não passa de uma maquilhagem retro. Pode emocionar ao primeiro olhar, mas dificilmente resiste à convivência diária.

    Resumindo:
    Não sou contra elétricos, nem contra evolução. Sou contra tratar herança como adereço, e contra confundir design com espírito. Quando um carro novo for bom por mérito próprio, e não porque tem o nome certo e uns faróis “à antiga” , aí sim, estou todo dentro. Até lá, continuo a aplaudir a técnica, mas a exigir alma.

    • Vítor M. says:

      1. Concordo, e já tinha reconhecido isso. Mas o problema persiste: mesmo sem ser iniciativa direta da marca, há um aproveitamento claro do imaginário coletivo para dar brilho a algo que não tem a mesma carga técnica ou emocional. É isso que eu chamo “parasitar herança” , seja por marcas ou representantes.
      Es livre dessa alusão, mas, na minha opinião, estás errado quanto à essência. Acho que ir ao passado beber, é bem pensado, funciona e é produto da casa, com raízes. Mais, faz sentido usar a sua herança, já que a história não é o passado morto. É a memória viva de um povo.

      2. Só se for acompanhado de coerência técnica ou filosófica. Uma silhueta parecida ou um nome igual não são, por si, reverência, são branding. Quando a profundidade do passado se resume a um “apontamento de estética”, arrisca-se a ser só cosmética. E sim, isso é legítimo, mas não é autêntico.
      A autenticidade é marcada pelo respeito, pela salvaguarda da sua importância. E trazer ao presente um legado, é só por si autenticidade. É mais que rebranding, é mais que estética, é memória. E é precisamente disso que as marcas necessitam, para não criarem carros insípidos, desprovidos de identidade e memória.

      3. Certo, mas antes o storytelling nascia da engenharia, da cultura da marca, da competição, da estrada. Hoje nasce no departamento de marketing, à volta de uma plataforma modular que serve 4 modelos. Isso muda tudo. Não critico o storytelling, critico quando ele é o único conteúdo.
      Errado. Hoje, um dos departamentos mais importantes, quase sempre o que primeiro apresenta os veículos, é o departamento de design e de aerodinâmica. Sabemos que temos na história (lá está a importância da memória) a qualificação de segurança, do conforto, da agilidade. O desafio é o design, a leveza, sem comprometer tudo o que está convencionado ao nível da engenharia. Os motores elétricos são a engenharia de um passado promissor (não foram inventados agora), adaptados à modernidade tecnológica. O desafio está do design exterior e interior, para tirar proveito de tudo o que envolve a presença da tecnologia.

      4. É verdade que as coisas evoluem, e sim, a Fórmula 1 de hoje é outro desporto. Mas esse argumento serve para tudo, até para justificar perda de identidade. A minha crítica não é ao elétrico em si, mas à homogeneização do produto. Pode-se evoluir sem perder sabor, mas é mais difícil, e nem todos conseguem.
      Lá está. Para não haver uma perda de identidade, as marcas vão ao baú para resgatar traços marcantes dos seus produtos icónicos. É isso mesmo, trazer a memória para não fabricar produtos sem identidade.

      5. Sem dúvida que é subjetiva. Mas são precisamente os aficionados que mantêm viva a ligação emocional às máquinas. O público geral quer ir de A a B com conforto, e isso está bem. Mas se só nos guiarmos por isso, acabamos a achar que um Tesla Model Y e um Renault R5 elétrico têm o mesmo ADN. E não têm.
      Exatamente. É aí que a cartada da história, do legado faz tanto sentido. Um Tesla agarra-se à história no seu nome, escolhido porque não existia qualquer outra opção. Foi uma marca erguida do zero. Mas, por isso mesmo, é um carro sem alma, sem que isso deixe de levar as pessoas do ponto A ao ponto B com toda a qualidade. Mas não tem legado. E é aí que as marcas tradicionais querem destacar-se.

      6. Verdade. A alma já estava a desvanecer mesmo antes dos elétricos, caixas robotizadas, direções assistidas sem feedback, filtragem a mais. Mas isso só reforça a minha crítica: o caminho já vinha a escorregar e os elétricos, em vez de inverterem essa tendência, acentuaram-na. Por isso é que há tão poucos que se destacam.
      Sim, verdade, mas isso chama-se evolução. Acontece em tudo. Se olhares em volta, os ecrãs CRT de ontem, hoje são modernos microLED, os antigos telefone de disco, são hoje smartphones com IA. Sim, perdem-se algumas coisas boas (e as nossas memórias desse tempo são ouro), mas ganham-se outras maiores. Sempre foi assim. E quanto mais lutarmos pelo passado, menos notamos o futuro. Não deixo de ser um apaixonado pelo Renault 5 Turbo II, mas acho o Renault 5 Turbo 3E uma máquina com tecnologia fantástica.

      Resumindo: Não sou contra elétricos, nem contra evolução. Sou contra tratar herança como adereço, e contra confundir design com espírito. Quando um carro novo for bom por mérito próprio, e não porque tem o nome certo e uns faróis “à antiga” , aí sim, estou todo dentro. Até lá, continuo a aplaudir a técnica, mas a exigir alma.
      Percebo, mas divergimos no que respeita ao usar a herança, entendo esse uso como manter o espírito vivo. E se há um carro que tem de lutar (e que bem tem feito) por mérito próprio, é o elétrico (não confundir com o eletrificado), pois “rompeu” com um passado de 140 anos.

      • Pedro P. says:

        Obrigado pela resposta Vítor. Parece que temos algumas bases em comum, ainda que cada um veja as coisas de forma distinta, o que é natural num tema tão ligado à emoção e à identidade.

        Continuo firme na minha posição, mas respeito quem consegue encontrar valor na evolução mesmo quando ela toma formas diferentes.

        Boa sexta-feira.

  6. Pedro P. says:

    Respondendo ao comentário do JL de ontem ás 19.04

    JL, não te esforces tanto a parecer superior,fica-te mal e não resulta.

    Tu disseste, sim, que crescer é largar os hábitos e vícios da infância.Isso foi algum manual barato de autoajuda comprado numa área de serviço?

    Apegar-se ao passado com consciência não é fraqueza , é ter referências.

    • JL says:

      Não, isso é a minha opinião, se eu li, você também, não fez nada de diferente de mim.

      Mas ele não se apregoou ao passado, ele ainda pensa que no presente se faz como no passado, são coisas diferentes, não se confunda.

      • Pedro P. says:

        JL, começámos a falar de carros. Foste tu que trouxeste moralismos de bolso sobre crescer e largar “vícios da infância”, como se repetir banalidades fosse argumento.

        Tropeçaste na tua própria lógica e agora tentas disfarçar com relativismo. Não é opinião, é desorientação.

        A discussão era sobre alma e legado. Não sobre a tua dificuldade em perceber que nem tudo o que brilha em LED é futuro.

  7. Besta quadrada says:

    Eu sonho com este carro e um motor 3 cilindros, 1.6 turbo. Capaz de prestações parecidas ao GR Yaris. Competindo assim num segmento onde o R5 já competiu.
    Até tenho o nome perfeito para ele. RENAULT 5 GT TURBO

  8. Ricardo says:

    Já fizeram com motor de combustão?! Ups

  9. Rafael says:

    Concordo com muita coisa que já foi dito e como já referido isto é puro marketing parasita, só porque usam as mesmas cores do Williams e estampam o “5” nos estofes e alguma fibra e limitam a 25 unidades, a um preço estupidamente absurdo, é no mínimo ganância.

    Não concordo nem acho correto a Renault pegar no icónico Williams e transformar num aspirador a pilhas, com todo o respeito. A Toyota já porém nestas versões desportivas ao menos ainda continua a apostar forte e bem.

    Mas infelizmente há algo que devemos todos nós determinar, que cada vez mais os preços dos carros da atualidade não são para os bolsos de qualquer um, por tanto cada vez mais vemos uma realidade absurda em que o Futuro passará só apenas a ter a Classe Alta a ter carros pessoais… Isto também a que é uma triste realidade, por tanto vindo isto da Renault que é uma marca reconhecida por preços acessíveis, é um ponto extremamente negativo, mesmo que seja uma versão Williams, limitado a 25 unidades e mais não sei quê, mesmo que sejam as versões convencionais é um absurdo.

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