A Google, tal como já é do conhecimento público, cortou as relações comerciais com a Huawei. Em causa está a ordem executiva assinada em meados de maio último que colocou a fabricante de smartphones Android sediada na China, na lista negra dos Estados Unidos da América.
O futuro, bem como a possível salvação da tecnológica pode passar assim pela Rússia.
Ao propósito, recordamos primeiramente o recente acordo de cooperação estratégica entre a China e a Rússia. O mesmo acordo que pode vir a dotar a Rússia das infraestruturas necessárias para a implementação das redes 5G pode, no que lhe concerne, dar à Huawei um novo sistema operativo.
O problema: sem o Android e serviços da Google
Além de estar formalmente impedida de encetar qualquer relação comercial com empresas norte-americanas, a Huawei pode recuar para o seu mercado natal. Hipótese que resultaria da venda de novos smartphones sem o sistema operativo Android, sem a Play Store, entre outros serviços Google.
Um cenário que a Huawei quererá certamente evitar, sobretudo quando estava em pleno crescendo na Europa e vários outros mercados internacionais. No entanto, os temores levantados pela alegada ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos da América já estão a assustar o mercado mobile.
#Huawei's Chinese #Phones Are Also #American https://t.co/VqwxdwArvm
— Marta Pinto (@MPinto_IDC_UK) June 13, 2019
As consequências, para a indústria e para os consumidores ainda são impossíveis de prever. No entanto, podemos vir a ter uma perda substancial de variedade e concorrência no mercado dos smartphones Android. Aliás, a quebra com a Google é apenas uma das várias empresas norte-americanas.
A solução: do Ark OS ao Sailfish da Rússia
Ainda que a Huawei já esteja a desenvolver o seu plano B. O Hongmeng OS (nome interno), ou Ark OS, nomenclatura que possivelmente será a escolhida, esta pode não ser a única opção para a Huawei. De acordo com a publicação do The Bell, uma segunda solução pode residir na Rússia.
Apelidado de Aurora, este sistema operativo utiliza a plataforma open-source Sailfish e estará já a ser estudado pela Huawei. Assim sendo, temos neste momento dois possíveis cursos de ação perante a quebra definitiva com a Google e o seu Android. O futuro passará pelo Ark OS, ou pelo Aurora.
Say Hello to the #DragonBearOS as Huawei begins testing Russia's Aurora OS to replace Android. Yet another development that gives credence to @vtchakarova prediction of the systemic cooperation between Russia and China. https://t.co/hgxTR3y5fA
— Ovigwe (@OvigweEguegu) June 13, 2019
A peça cita duas fontes que preferiram manter o anonimato. Ambas afirmando que o presidente do conselho de administração da Huawei, Guo Ping, conversou com o ministro das comunicações e desenvolvimento digital da Rússia, Konstantin Noskov. O tema foi o sistema Aurora.
A possibilidade: o Aurora para os smartphones da Huawei
Em si, o Aurora foi desenvolvido por uma empresa cuja titularidade pertence à operadora Rostelecom, bem como ao empresário russo, Grigory Berezkin. Há ainda uma terceira fonte que vem acrescentar o seu contributo. A mesma sugere que Vladimir Putin e Xi Jinping falaram também sobre este ponto.
De igual modo, há ainda outra fonte que afirma trabalhar para o governo da China. De acordo com o seu relato, a “China já está a testar smartphones e dispositivos móveis com o Aurora“. Uma primeira fase de testes que já estará em curso, caso as suas afirmações sejam verídicas.
O Aurora seria assim o substituto completo para o Android da Google. Em síntese, uma solução com origem na Rússia, face ao bloqueio total imposto pelos Estados Unidos da América. De igual modo, fala-se já na possibilidade de a Huawei produzir alguns dos seus smartphones na Rússia.
As consequências: a deslocação para a China e Rússia
O atual enquadramento aponta uma nova realidade para a Huawei. A empresa será obrigada a procurar fornecedores de hardware, bem como de software fora dos EUA. Assim sendo, passaria a utilizar soluções desenvolvidas na China e na Rússia face ao acordo recente que cimentou as relações entre ambas.
Já, por sua vez, o Sailfish OS evoluiu a partir do MeeGo, uma plataforma inovadora para a altura e que usava gestos para navegação. Entre os seus exemplos de utilização temos o Nokia N9 que, infelizmente, não foi capaz de reavivar a chama no coração da Nokia, vindo esta a optar pelo Windows Phone.
Let me sum up… Don’t sell America’s national security to China (or anyone else)! This is the point of the Committee on Foreign Investment in the US (CIFIUS). #AmericaFirst #DeedsNotWords https://t.co/PgK2YK8Qc3
— Warren Davidson (@WarrenDavidson) June 12, 2019
Desde os semicondutores a todo o software, estaríamos a criar um forte bloco de desenvolvimento tecnológico nestes dois países. Algo que, aliás, também pode trazer riscos imediatos para os Estados Unidos da América.
Onde será o novo Silicon Valley?