V2G: Baterias de elétricos com carregamento bidirecional poderão ajudar a poupar milhões
Os carregadores bidirecionais custam apenas mais 100 euros do que um carregador convencional para veículos elétricos e pagam-se a si próprios em poucos meses. O carregamento bidirecional (V2G) poderia poupar aos europeus 22 mil milhões de euros por ano.
V2G só traz benefícios
A Transport & Environment encomendou recentemente ao Instituto Fraunhofer, na Alemanha, um estudo sobre os benefícios económicos da tecnologia de carregamento bidirecional (V2G) na Europa.
No final de outubro, a organização apresentou um relatório que prevê que esta tecnologia tem o potencial de poupar aos europeus até 22 mil milhões de euros por ano em custos energéticos até 2040 e mais de 100 mil milhões de euros entre 2030 e essa data. Inicialmente, as poupanças seriam modestas devido à adoção limitada da tecnologia, mas aumentariam de ano para ano à medida que esta se tornasse mais amplamente disponível.
Eletrificação e procura de energia
A eletrificação do sector da mobilidade implica um aumento da procura de eletricidade e, consequentemente, uma maior necessidade de produção de energias renováveis para cumprir os objetivos de redução das emissões de CO₂.
Este aumento poderá também levar a uma maior dependência da expansão da rede, especialmente se forem utilizadas as melhores localizações de recursos renováveis na Europa. No entanto, o carregamento inteligente e bidirecional pode aliviar significativamente esta pressão, facilitando uma melhor integração da capacidade fotovoltaica e permitindo a instalação de mais capacidade sem exigir tanta flexibilidade dos recursos alternativos.
A implementação do carregamento bidirecional reduz a dependência do armazenamento estacionário e de outras alternativas, como a eletrólise do hidrogénio e do gás natural, permitindo uma poupança de custos do sistema superior a 10%.
Entre 2030 e 2040, mais de 100 mil milhões de euros em custos energéticos poderiam ser poupados com a implementação desta tecnologia.
Benefícios do carregamento bidirecional
A tecnologia V2G permite que os veículos elétricos (VE) contribuam para o sistema elétrico como armazenamento móvel de energia, reduzindo a necessidade de baterias estacionárias em até 92% até 2040. Além disso, o sistema poderia integrar até 40% mais capacidade de energia solar na rede europeia.
Ao armazenar o excesso de energia renovável que, de outra forma, se perderia, a frota de veículos elétricos poderia cobrir até 9% da procura anual de eletricidade da UE até 2040, tornando-se o quarto maior “fornecedor” de eletricidade na UE e diminuindo a necessidade de capacidade de produção adicional.
Os veículos elétricos colocaram o transporte rodoviário na via da descarbonização, mas ainda há benefícios económicos a descobrir.
Refere Fabian Sperka, gestor da política de veículos da Transport & Environment.
O carregamento bidirecional oferece a oportunidade de dispor de baterias móveis de baixo custo, reduzindo a necessidade de construir sistemas de armazenamento de energia para o excedente de energia eólica e solar.
Poupanças para os condutores de VE
Além das vantagens já enumeradas, o V2G (ou carregamento bidirecional) também permite que os utilizadores de veículos elétricos carreguem o excedente de eletricidade nas horas de vazio ou diretamente a partir de painéis solares domésticos. Este aproveitamento poderá levar a poupar até 52% nas contas anuais de eletricidade, com poupanças de até 780 euros ano, dependendo de fatores como a localização, a disponibilidade de painéis solares em casa e o tamanho da bateria do veículo.
Embora os carregadores domésticos bidirecionais custem mais 100 euros do que os carregadores convencionais, a redução dos custos de eletricidade pagaria rapidamente esta despesa inicial.
Prolongar a vida útil das baterias dos veículos elétricos
Para além das poupanças económicas, o carregamento bidirecional pode prolongar a vida útil das baterias dos veículos elétricos até 9% em comparação com as práticas de carregamento normais, de acordo com um estudo publicado na revista Science Advances.
Isto deve-se ao facto de o sistema manter a bateria num estado de carga ótimo através de ciclos regulares de carga e descarga.
A importância das normas
A Europa poderia colher os benefícios da tecnologia V2G quase a custo zero, uma vez que os custos adicionais dos carregadores bidirecionais seriam rapidamente compensados por faturas de eletricidade mais baixas. No entanto, a falta de interoperabilidade entre os sistemas de carregamento de diferentes fabricantes está a dificultar a sua adoção.
Atualmente, alguns fabricantes concentram-se em sistemas de carregamento de corrente alternada (CA), enquanto outros utilizam corrente contínua (CC).
De acordo com Sperka, para que a V2G arranque, todos os veículos elétricos têm de ser compatíveis com qualquer carregador, o que só será conseguido através do estabelecimento de normas uniformes em toda a UE.
Além disso, os requisitos V2G variam consideravelmente entre os países da UE. A Alemanha, por exemplo, tem uma rede elétrica descentralizada com mais de 900 operadores, o que complica a implementação de tecnologias inovadoras. Em contrapartida, países como a França e o Reino Unido têm menos operadores e uma infraestrutura de rede mais centralizada, o que facilita a implementação da V2G.
Na Alemanha, existem também barreiras regulamentares, como a duplicação das tarifas de rede e a lenta implantação de contadores inteligentes, o que não tem sido um problema noutros países europeus.
A Renault e o seu compromisso com o V2G
O novo Renault 5 E-Tech 100% elétrico será equipado com capacidade V2G desde o início da produção. Em 22 de outubro de 2024, a Mobility House anunciou uma parceria com a Renault para permitir que o Renault 5 partilhe energia com a rede, para além da sua capacidade de carregamento bidirecional para alimentar dispositivos até 3500 watts.
Este lançamento assinala um marco histórico em que os veículos elétricos não só consomem energia, como também a devolvem à rede, atuando como centrais elétricas móveis.
Thomas Raffeiner, fundador da The Mobility House, sublinhou que, com o lançamento em França, foi alcançado um marco importante que prova a viabilidade técnica da implementação do V2G à escala comercial. O objetivo agora é demonstrar que é possível conduzir um VE de forma económica e sustentável também na Alemanha, onde a forma de implementar a tecnologia ainda está a ser avaliada.
No centro da plataforma V2G da The Mobility House está um sistema de agregação de flexibilidade de carregamento que permite que a eletricidade armazenada na bateria de um VE gere receitas adicionais para o proprietário.
Este modelo de negócio responde à necessidade de gerir a intermitência das energias renováveis através de estratégias inovadoras, com os sistemas de controlo V2G a emergirem como ferramentas fundamentais para um futuro energético sustentável.
Lamento mas então eu devo ser egoísta pois a comprar carro eléctrico ao carregar a bateria irei querê-la carregada e não a carregar e descarregar sucessivamente e à mercê de qualquer necessidade da rede.
Esta é a típica solução de remedeio para um problema que nem existiria se os políticos não obrigassem toda uma sociedade a adoptar energias intermitentes.
As energias intermitentes têm, sem dúvida, o seu lugar mas não do modo como foram implementadas como se fossem a única solução… deviam ser nada mais do que um complemento, não a solução principal como alguns têm pretendido.
O problema é mesmo a intermitência destas energias e não o tipo de uso que o consumidor faz!
E os tais milhões de poupança que alegam que o carregamento bidireccional proporcionaria poderiam já ter sido poupados se não nos tivessem impingido as energias intermitentes que tanto aumentaram o valor a pagar nas facturas de electricidade ao longo dos últimos 10 ou 15 anos.
Ninguém obrigou ninguém quem quer quer quem não quer nao quer