Serão os mercados chineses capazes de superar Wall Street?
Por serem historicamente lucrativas, as empresas dos Estados Unidos da América (EUA) são os "pãezinhos quentes" de muitos investidores, que veem nelas oportunidades imperdíveis de ganhar dinheiro. Curiosamente, a atual conjuntura comercial e financeira do país pode estar a contribuir para um crescimento notável da China. Serão os mercados chineses capazes de superar Wall Street?
Na semana passada, o S&P 500 entrou em correção, pela primeira vez, desde 2023, ao passo que o MSCI China valorizou 19%, desde o início do ano, até 9 de março. De acordo com a Goldman Sachs, este foi o melhor início de ano na história do índice chinês.
As evoluções de mercado contrastantes marcam uma rápida reviravolta relativamente a alguns meses atrás, quando muitos investidores acreditavam que os EUA estavam numa posição única para enfrentar as controvérsias económicas e políticas que atingiam outros países.
Na altura, as ações chinesas estavam, também, enfraquecidas, devido a preocupações com a regulamentação e com a saúde da economia da China.
Entretanto, segundo um artigo da CNBC, a recuperação chinesa está a levar os investidores a prever que as ações da China continental terão um desempenho superior ao das suas homólogas americanas.
Isto mostra que as valorizações atrativas estão a prevalecer sobre a ideia do caráter excecional associado aos EUA.
"Great pivot" coloca a China em destaque
Segundo Richard Harris, diretor-executivo da Port Shelter Investment Management, à CNBC, a política de taxas do Presidente dos EUA Donald Trump alimentou a especulação de um abrandamento económico.
Ao mesmo tempo, na China, o otimismo em torno das capacidades de Inteligência Artificial (IA) do país intensificou-se, especialmente no início deste ano, com a introdução do modelo R1 da DeepSeek.
Os EUA tiveram um bom período, que está a chegar ao fim, porque as políticas de Trump são muito anti-económicas. A China teve um período muito mau, mas parece que está a começar a recuperar.
Chamo-lhe great pivot. Obviamente, nos últimos cinco a sete anos, os mercados dos EUA têm sido dominantes. Os Sete Magníficos foram à Lua... [Mas] parece difícil ver que há muito mais para onde ir.
Os Sete Magníficos (em inglês, The Magnificent Seven) incluem a Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.
Além do S&P 500, o Nasdaq Composite, de alta tecnologia, está, também, em correção, devido a preocupações com a recessão e receios de guerra comercial.
A capitalização do mercado bolsista dos EUA, relativamente à capitalização do mercado bolsista mundial, atingiu um pico histórico no final do ano passado, no meio da conversa então prevalecente sobre o "excecionalismo americano".
Disse Chris Wood, chefe global de estratégia de ações da Jefferies Hong Kong Global.
Na perspetiva de Ken Wong, especialista em carteiras de ações asiáticas da Eastspring Investments, esse "excecionalismo americano" terminou no início deste ano.
Aliás, o esperado aperto fiscal e a guerra das taxas de Trump deverão abrandar o crescimento económico dos EUA para menos de 2% este ano, em comparação com as estimativas consensuais de 2,2%.
Enquanto os mercados dos EUA tremem, as ações tecnológicas chinesas têm estado em alta. A par disso, o Governo chinês tem manifestado ativamente o seu apoio ao setor tecnológico, com planos para aumentar o financiamento.
De acordo com dados da LSEG, o índice Hang Seng Tech, que acompanha algumas das maiores empresas tecnológicas chinesas cotadas em Hong Kong, subiu mais de 30% desde o início do ano.
Na opinião do especialista Ken Wong, "os investidores devem procurar vender as subidas nos EUA e comprar as correções na Europa e na China, onde há mais provas de melhoria".
Segundo James Sullivan, diretor de pesquisa de ações da Ásia-Pacífico da JPMorgan, as valorizações são extremamente atrativas em relação às suas homólogas globais em mercados como a China, onde o posicionamento dos investidores continua a ser extremamente baixo.
Aliás, atualmente, o índice MSCI China está a ser negociado a 13,38 vezes os lucros projetados para um ano, de acordo com a FactSet.
Para Michael Gayed, editor do The Lead-Lag Report, o crescimento da China relativamente aos EUA não se deve a Donald Trump nem às suas políticas.
Penso que o mercado chinês vai ter um desempenho superior ao dos mercados norte-americanos nos próximos quatro anos, e não creio que isso tenha nada a ver com Trump. Penso que tem tudo a ver com a valorização inicial.
Disse o editor, atribuindo a sua posição otimista, em grande medida, a um "tremendo subinvestimento" na China.
A China tem sido, não só do ponto de vista do investimento, dinheiro perdido, mas também se tornou uma fonte de ansiedade e de risco para os consultores financeiros sequer considerarem a hipótese de fazer uma aposta contrária para os seus próprios clientes investirem em ativos chineses.
Num relatório divulgado na semana passada, o Citi Research elevou a China para uma posição de sobreponderação, ao mesmo tempo que reduziu a posição das ações dos EUA para neutra, após ter estado sobreponderada desde outubro de 2023, esperando mais dados negativos da economia do país.
Ainda assim, a Citi Reserarch ressalvou que a sua perspetiva neutra é uma visão de três a seis meses, e sublinhou que os EUA continuarão a ser um dos líderes da IA, mesmo que em conjunto com a China.
Os índices MSCI (da Morgan Stanley Capital International) permitem comparar o desempenho das bolsas de cada país, grupo de países ou regiões. Em cada país é criada uma carteira de ações de grandes e médias empresas e é medido o seu desempenho, segundo vários critérios.
Há dias, o Voronoi apresentou, desde 1 de janeiro a 12 de março, o índice Voronoi dos EUA e o do resto do mundo (sem os EUA) e vê-se que, desde início de fevereiro estão a divergir, com uma significativa redução do valor das bolsas (ações das empresas) dos EUA. O título do Voronoi é: “É altura de olhar para além das ações dos EUA?”.
https://www.voronoiapp.com/investing/Is-it-time-to-look-beyond-US-equities-4352
Sou fã dos gráficos do Voronai, há sempre alguns surpreendentes.
Um mostra que os bilionários (com mais de mil milhões de dólares) dos EUA, incluindo Elon Musk, Jeff Bezos, Sergey Brin, Mark Zuckerberg, e Bernard Arnault, são mais ricos que os bilionários dos 11 países seguintes (China, Índia, França …).
Mas, desde a posse de Trump, já perderam $209 mil milhões, devido ao declínio no valor das ações e crise nas bolsas. Coitados …
O Voronoi tenta fazer parecer que descobriu algo revolucionário, mas na verdade só repete dados sem contexto. Os índices MSCI são úteis, mas não são a bíblia, o mercado dos EUA tem ciclos e continua a liderar a economia global.
a suposta “queda” das bolsas americanas é apenas um ajuste normal após um crescimento forte, impulsionado por fatores como taxas de juro e lucros recorde. Comparar os bilionários dos EUA com os de outros países é só show off, prque fortunas sobem e descem.. Musk e companhia já tiveram variações brutais antes . No fim, a ideia de fugir das ações americanas não faz sentido: apostar contra os EUA a longo prazo é sempre um erro.
nao ! o dinheiro circula sempre para onde ha mais liberdade!!!
Eu invisto em stocks dos EUA.
Apesar de, na minha opinião, já não terem a hegemonia que tinham, e cada vez terão menos, ainda serão durante bastantes anos a economia mais forte do mundo.
Após a forte correcção deste mês as coisas estão novamente a recuperar.
Estive no vermelho mas já há recuperação e estou no verde.
Aproveitei esta baixa para comprar unidades e vou investir mais enquanto estiverem a preço apetecível.
O VWCE esteve nos 139 e agora está nos 127.
Tenho comprado fortemente nesta queda.