Pela primeira vez, uma aeronave de uma empresa privada voou mais rápido do que o som
Na terça-feira, sobre um deserto na Califórnia, uma aeronave desenvolvida de forma privada quebrou pela primeira vez a barreira do som. O XB-1 da Boom Supersonic atingiu Mach 1.122, marcando um feito significativo para a aviação supersónica.
O voo foi conduzido por Tristan "Geppetto" Brandenburg, um ex-piloto da Marinha dos Estados Unidos. Durante o teste, a aeronave ultrapassou a barreira do som três vezes antes de aterrar em segurança no Mojave Air & Space Port, de onde descolara apenas meia hora antes. O sucesso representou um marco para a Boom, empresa fundada há uma década com o objetivo de comercializar viagens aéreas supersónicas.
Um pequeno grupo de engenheiros talentosos e dedicados conseguiu aquilo que anteriormente exigia governos e milhares de milhões de dólares.
Afirmou Blake Scholl, fundador e diretor executivo da Boom Supersonic, num comunicado.
O XB-1 é um protótipo que serve de plataforma de testes para o desenvolvimento do Overture, uma aeronave comercial supersónica em que a empresa está a trabalhar. As especificações previstas para este modelo incluem uma velocidade de cruzeiro de Mach 1.7 e uma velocidade máxima de Mach 2.2. Com uma autonomia de 7200 km, o Overture terá capacidade para transportar 55 passageiros.
Empresas privadas estão a tentar revitalizar a era das viagens supersónicas, que se perdeu há décadas. Nos anos 1960, os governos de França e do Reino Unido desenvolveram conjuntamente o Concorde, enquanto a União Soviética produziu o Tupolev supersónico. No entanto, nenhum deles se revelou economicamente viável, levando ao abandono da tecnologia no início dos anos 2000.
Mas isso parece estar a mudar
Agora, uma nova geração de empresas, como a Boom Supersonic, pretende combinar inovação, avanços tecnológicos e uma abordagem comercial para tornar as viagens a alta velocidade mais acessíveis. O voo de terça-feira é significativo porque representa a primeira vez que uma destas empresas conseguiu projetar, construir e pilotar uma aeronave própria acima da velocidade do som.
Apesar de ser um progresso importante - resultado de 11 voos de teste bem-sucedidos do XB-1 desde março de 2024 -, este é apenas um passo no caminho para o desenvolvimento de uma aeronave comercial plenamente operacional. O próximo desafio da Boom será a construção do Overture.
A empresa indicou que o XB-1 validou várias tecnologias essenciais que serão incorporadas no Overture, tais como compósitos de fibra de carbono, estabilização digital e entradas de ar supersónicas. Contudo, o Overture contará com um sistema de propulsão diferente, denominado Symphony.
A procura por aviões supersónicos no setor da aviação comercial parece ser elevada, e a Boom Supersonic já garantiu 130 encomendas e pré-encomendas do Overture por parte da American Airlines, United Airlines e Japan Airlines. Em 2024, a empresa concluiu a construção da sua Superfábrica em Greensboro, Carolina do Norte, onde pretende fabricar até 66 unidades do Overture por ano.
A Boom ambiciona iniciar as entregas antes do final da década.
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Imagem: Boom
Neste artigo: aeronave, Boom Supersonic, XB-1