Extravio de bagagens em Portugal pode custar 1,63 mil milhões em indemnizações
O extravio de bagagens nos aeroportos portugueses poderá representar um custo de até 1,63 mil milhões de euros em indemnizações a passageiros. Em 2024, a AirAdvisor contabilizou cerca de 851.160 malas perdidas em Portugal.
Indemnização máxima por perda de bagagem é de 1.920 euros
Os dados têm como base o relatório Baggage IT Insights 2025, da SITA, que aponta para uma taxa de 12,3 malas extraviadas por mil passageiros na Europa, mais do dobro da média mundial.
Com base nesse índice e no volume de passageiros que passaram pelos aeroportos portugueses, a projeção ganha dimensão.
Só em 2024, os dez principais aeroportos do país, incluindo Lisboa, Porto e Faro, receberam 69,2 milhões de passageiros, segundo dados da ANA (Aeroportos de Portugal).
Aplicando os índices europeus ao tráfego aéreo registado em Portugal, torna-se evidente a verdadeira dimensão do problema relacionado ao manuseamento de bagagens tanto para os passageiros quanto para as companhias aéreas.
Referiu Anton Radchenko, advogado especializado em Direito Aeronáutico e CEO da AirAdvisor.
Segundo ele, embora nem todas as malas extraviadas deem direito a indemnização integral, o impacto financeiro pode ser significativo.
Se cada uma dessas bagagens fosse elegível para o valor máximo previsto na Convenção de Montreal, que é de 1.920 euros, o montante total em indemnizações poderia ultrapassar os 1,63 mil milhões de euros apenas em Portugal.
Sublinhou Radchenko.
Os “lesados” desconhecem as garantias legais
Quanto ao direito de solicitar uma indemnização por perda ou atraso na entrega de bagagens, Anton Radchenko alerta que muitos passageiros ainda desconhecem as garantias legais que asseguram compensações pelos prejuízos sofridos durante a viagem.
O CEO da AirAdvisor considera que a falta de informação e a dificuldade de acesso aos canais de reclamação das companhias aéreas contribuem para esta situação. Por isso, é comum que muitos consumidores nem cheguem a apresentar as suas queixas às transportadoras.
Saiba como calcular o valor que tem direito
Com o propósito de simplificar a solicitação de indemnização por bagagens extraviadas durante os voos, a AirAdvisor lançou uma ferramenta online.
Esta plataforma permite avaliar a elegibilidade do pedido e calcular automaticamente o valor da compensação por bagagem perdida ou com atrasos na entrega.
Ajuda também a calcular automaticamente o valor da indemnização, com base em cada voo e nos requisitos da companhia aérea.
Valor de indemnização a que cada passageiro varia consoante o país
Para quem viaja pelo Reino Unido ou por países da União Europeia, a compensação pode chegar a até 1.920 euros, quando ocorrer a perda ou o atraso na entrega das bagagens.
Para voos domésticos dentro dos Estados Unidos, os passageiros elegíveis podem recuperar até 4.034 euros ou 4.700 dólares, desde que sejam apresentados os recibos e cumpridos os requisitos específicos de cada companhia aérea.
Conforme afirma o CEO da AirAdvisor, agora, os viajantes têm ao seu dispor uma forma prática e segura de reclamar as indemnizações a que têm direito.
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Aplicar a média europeia (com grandes hubs e pontes aéreas) a Portugal parece pouco assertivo…
Principalmente com o peso que as lowcost (onde uma parte considerável de passageiro viaja sem malas no porão) tem no nosso país.
Acertado (Assertivo é outra coisa)
+1
Há vários aspectos de como é que se chega 1,63 mil milhões de euros, mas há um que acho aldrabice.
Há um truque de ilusionismo que converte: “mishandling”, que inclui perdas de bagagem e atrasos na entrega, em “extravio”, que se faz passar por “perdas de bagagem.
O que diz o relatório da SITA : “Europe reduced its mishandling rate to 12,3 bags per 1.000 passengers in 2024”. Os 12,3 são de malas perdidas e atraso na entrega.
Os 1.200€ de compensação, estabelecidos na Convenção de Montreal, são por “bagagem despachada que seja considerada perdida depois de um período de espera (geralmente 21 dias). Ou seja é por “perda” de bagagens e não cobre o “atraso na entrega da bagagem”.
Sabendo que ao fim de 2 dias são recuperados 2/3 das bagagens atrasadas (e que ao fim de 21 dias a percentagem de recuperação será bem maior) considerar o número de bagagens “mishandling” como bagagens “extraviadas/perdidas” é grossa asneira.
É o que faz a AirAdvisor, com sede na Polónia e que trabalha à comissão nos pedidos de indemnização às companhias aéreas. Diz que:
(1) Na Europa há uma taxa de malas “extraviadas” de 12,3 malas por 1000 passageiros.
(2) Como, em 2024, passaram 69,2 milhões de passageiros pelos aeroportos portugueses
(3) A estimativa das malas “extraviadas” é de 851.160
(4) Como o valor da compensação é de 1.920€ por mala (“perdida”) o total das compensações das malas “extraviadas” é de 1,63 mil milhões de euros.
Está a assentar o raciocínio num truque de ilusionismo, de que o que chama malas “extraviadas” ou “perdidas” é o mesmo. O número de bagagens perdidas, ao fim de 21 dias, é muitíssimo menor.
Estas contas foram feitas antes de apanharem aquele rapazito do Chega, o das malas, certo? Agora está tudo normalizado…
O “mishandling” de bagagens inclui perda, atraso na entrega, bagagem danificada e roubo de bagagem.
Obviamente que a bagagem roubada não aparece e é considerada perdida ao fim de 21 dias. Quem perdeu a mala tem direito a 1.200€ de compensação por ela.
O rapazito do Chega até nem estava a prejudicar ninguém – fossem reclamar os 1.200€, por um saco de roupa suja até lucravam e bem. Será que roubava também as próprias malas? Isso é que era negócio, não era vender peças a 1€ na internet.
Pensando bem, o roubo com a mala já no tapete não deve dar compensação, porque já terá ficado registado que foi para o tapete … deve ser só os roubos antes de lá chegar.