Bicicletas elétricas e adolescentes: será mesmo uma combinação perigosa?
Nas estradas por todo o mundo, a circulação de bicicletas tem aumentado com as bicicletas elétricas a ganhar o seu espaço. Uma publicação recente do The New York Times alerta para o aumento de acidentes entre os jovens neste tipo de bicicletas, podendo sugerir que são elas um fator para o aumento dos riscos de acidentes, quando comparadas com as bicicletas comuns. Mas serão as ebikes os verdadeiros vilões?
Numa altura em que as bicicletas elétricas crescem no mercado, há um alerta para o número de acidentes mortais que envolvem estes veículos que podem atingir legalmente uma velocidade máxima na Europa de 25km/hora.
As fabricantes colocam estes limites, mas se formos passear num domingo de manhã pelas estradas nacionais, facilmente vemos ciclistas de bicicletas comuns a ultrapassarem este limite, sem que isso coloque em risco a sua segurança ou dos outros motoristas que andem na estrada, desde que todos saibam respeitar as regras de trânsito ou simplesmente a presença de outros veículos.
Recentemente, nos EUA forma registados alguns acidentes com ebikes, onde jovens acabaram mesmo por perder a vida. Um artigo do The New York Times foi lançado este fim de semana com o título ‘A Dangerous Combination’: Teenagers’ Accidents Expose E-Bike Risksv. Numa tradução direta, o título diz: 'Uma combinação perigosa': acidentes de adolescentes expõem riscos de bicicletas elétricas.
No artigo são dados exemplos de acidentes recentes com adolescentes que iam a conduzir ebikes e acabaram por ser abalroados por carros ou batendo neles. Num desses acidentes, um jovem acabou por morrer depois de entrar numa estrada com velocidade máxima de cerca de 90 km/h (55 milhas/h) e de um carro lhe ter batido.
Mas o problema será da bicicleta elétrica nas mãos de jovens?
Nos vários casos relatados, todos evolvem ebikes e carros. Em nenhum dos acidentes relatados é dito que os jovens tiveram um acidente devido à velocidade atingida com as bicicletas elétricas e que tenha resultado em acidentes sozinhos.
Apesar de no artigo citado e num outro também do NYT onde se tenta retirar o perigo dos carros da equação, a verdade é que acidentes com bicicletas existem todos os dias independentemente da sua configuração. E quais são os problemas?
Os problemas são transversais: condução imprudente dos ciclistas; condução imprudente de motoristas de carros; desrespeito das vias dedicadas a bicicletas; e falta de infraestruturas seguras na maioria das estradas para ciclistas.
Na verdade, nos casos citados pelo jornal, em nenhum dos locais dos acidentes havia ciclovias, os condutores desrespeitaram as regras de trânsito ou foram improducentes na sua condução e o mesmo aconteceu com alguns dos jovens. Agora, nalguma o problema foi o da bicicleta ser elétrica? Não há nada que o demonstre.
Um especialista em mobilidade, cidades e tecnologia, comentou mesmo, perante estas publicações do jornal, que "tudo poderia ser evitado se os ciclistas estivessem protegidos dos carros" e que se deveria "lutar contra o verdadeiro inimigo".
Every crash in this story involves a e-bike colliding with a motor vehicle.
All could’ve been avoided if e-bike riders were protected from cars (or if there were no cars).
Fight the real enemy.https://t.co/POH4IM68Xf
— David Zipper (@DavidZipper) July 29, 2023
Se o inimigo é o carro, talvez. Todos nós que andamos na estrada, seja a pé, de carro ou de bicicleta temos consciência dos perigos que corrermos e ainda mais de que uma pequena distração poderá ser fatal. A criação de infraestruturas e a formação cívica são os pontos-chave para minimizar a ocorrência de acidentes.
Este artigo tem mais de um ano
As e-bikes são motorizadas silenciosas, não têm a proteção que dá o barulho das motorizadas.
Quem as tomar como bicicletas engana-se. Bicicletas não são porque andam muito mais depressa nas subidas. A primeira vez que, de carro, ia para ultrapassar uma, como se fosse uma bicicleta, vi que andava p’a caraças.
Quem anda de bicicleta sabe que conta com as pernas nas subidas e os travões nas decidas e mais as inclinações de corpo.
Como tem motor, guiar uma e-bike há de ser diferente. O pessoal sabe guiar uma e-bike, ou cada vez que se espeta a culpa é do carro?
Acho que deves estar a confundir as e-bikes que estão deslimitadas ilegalmente e que sim representam um perigo podendo atingir facilmente mais de 60 km/h e sem necessidade de pedalar.
Uma e-bike ou Pedalec dentro da legalidade o motor corta a assistência ao atingir os 25 km/h e tens sempre de pedalar para mater a assistência.
Claro que se queres aumentar a velocidade da e-bike após ultrapassares os 25 km/h terás de pedalar com a tua propria força como se de uma bicicleta se tratasse.
Lamentavelmente há muito energúmeno, principalmente os uber eats e globos que deslimitaram as e-bikes e andam tanto na estrada como nos passeios ou ciclovias sempre a abrir.
Não sabia que existiam e-bikes com e sem limitador de velocidade.
Confirmo que a e-bike que referi – e todas as de alta-rotação, que vejo quase todos os dias, são das duas empresas de entrega de refeições.
Não vou adjetivar esses estafetas, porque dá-se o caso de os encontrar, a um canto, num centro comercial e achar que não devem ter uma vida nada fácil.
Agora, para o caso de alguém querer prestar mais esclarecimentos – não anda por aí uma “indústria” para desbloquear a velocidade das e-bikes, de 25 km/h para 60 km/h, a subir, sem se ser estafeta?
Uma bici eléctrica é exactamente o mesmo que uma bici a pedais, com a única diferença de que na subida tens o motor eléctrico a ajudar e praticamente não fazes esforço físico. Transforma os Himalais na Holanda e o Porto em Amsterdão. Por isso substitui perfeitamente o carro em ambiente urbano para distâncias até 15 kms, ou até mais, quando a pedais 10 kms já é complicado para ir para o trabalho. Daí a raiva toda dos sem vergonhas do lobby automóvel aos ciclistas em geral e às e-bikes em especial: “de bicicleta não, ou é de carro ou é a pé, tens de gastar, tens de consumir, tens de desperdiçar, tens de poluir, que é para manter a economia a funcionar e os capitalistas a facturar”. Mas o reinado dessa gentinha já tem os dias contados. Quanto mais rosnarem e vociferarem mais os ciclistas vão rir.
Muitas pessoas fazem percursos superiores a 10 km para ir para o trabalho…
ando de ebike legal, apenas com pedal assist e até 25km/h assistido pelo motor e tem dias que faço 21km num só dia. Zero custo físico, pouco/nenhum custo na carteira, zero chatice e ainda ganho saúde. É absurdo os trajetos que fazemos de carro que podiam bem ser feitos de forma mais sustentável, barata e amiga do ambiente.
muitos ciclistas não sabem andar na estrada, alguns nem sabem como andar nas cidades (indo em contra-mão).
E muitíssimos mais automobilistas não sabem andar nem em estrada, nem em cidade, ultrapassando ciclistas sem guardar a distância obrigatória lateral de 1,5 metros. São autênticos criminosos à solta e justificam perfeitamente o ajuste de contas.
Há muita coisa que quando combinada com adolescentes é perigosa…
Querem uma combinação mais perigosa? Trotinetes e idosos.
Os ciclistas na maioria dos casos não tem noção do perigo. Quer tenham razão segundo o código de estrada ou não.
Hoje parado numa passadeira passaram 2 ciclistas na passadeira, entraram na estrada a minha frente ultrapassaram o carro a minha frente pela direita, no semáforo seguinte, vermelho saltaram para o passeio e seguiram.
Além disso ignoraram a via para bicicletas. Qual o condutor que já não assistiu a cenas parecidas?
Agora como peão no passeio também já levei encontrões de ciclistas, já me desviei numa passadeira com sinal verde, etc.
Os ciclistas e os automobilistas não são entidades diferentes. Eu ando de carro e de bicicleta. Irritam-me sobremaneira aqueles ciclistas que vão para a estrada pôr a conversa em dia, lado a lado, dificultando a ultrapassagem; assustam-me, enquanto ciclista, os carros que me ultrapassam, rente a mim, a grande velocidade, apesar de procurar deslocar-me sempre próximo da berma. Não há um problema de ciclistas vs automobilistas, há um problema de falta de civismo, bem, e às vezes de falta de percepção dos automobilistas de que as bicicletas só têm 2 rodas
Sempre que o ciclista tem razão segundo o código de estrada o automobilista é um criminoso. E é assim que deve ser tratado e, se possível e necessário, eliminado.
Eu quase morri, numa ciclovia, por ter travado ao surgir um cãozinho, e as donas atrás, de repente. A passagem superior de peões desemboca na ciclovia. E não avisaram o animal. E a pressão dos pneus estava acima do indicado. E tinham feito obras recentemente, havia areia espalhada. E vinha a descer. E a ebike é silenciosa. E a malta não coloca lá uma campainha e uma buzina. É natural que os peões usem a ciclovia. E deveria ser obrigatório o uso de capacete e luvas. E convém circular mais devagar e com atenção redobrado. E o capacete de 7€ salvou-me a vida, literalmente. Passei uma noite internado, 2 tac, e o sobrolho cosido, óculos para o lixo, capacete e luvas, idem. Os bons samaritanos por ali e sobretudo Deus, estiveram comigo. Capacete, luvas, buzina, campainha, luzes, e sorte.
Obrigatório o uso de capacete (luvas de bici, a não ser de inverno, não se sabe para que servem) só interessa aos sem vergonhas do lobby automóvel. Por uma razão muito simples: impedir que mas pessoas use bicicleta e manter a parolada dependente do carro e a pagar-lhes tributo. Não tem nada que saber.
Como é já está provado aqui nos Países Baixos, o capacete não oferece qualquer segurança extra para um ciclista que circule a velocidades normais. A única excepção são idosos, cujos reflexos são mais lentos e o corpo mais frágil.
Falamos do país com mais bicicletas por habitante e ao mesmo tempo com menos mortes de ciclistas nas estradas. Não é coincidência.
Como disse e muito bem, o uso de capacete é normalmente promovido por organizações do lobby automóvel, porque sabem que se criarem barreiras, menos pessoas vão usar bicicleta.
Porque sabem que se muita gente usar bicicleta, o número de mortes por colisões com automóveis vai aumentar exponencialmente e a certo ponto as pessoas vão pedir explicações. O que dá má publicidade à indústria.
Assim podem manter a ilusão de que as cidades são seguras.
E funciona, basta ler os comentários. Centenas de automobilistas passam sinais vermelhos, pondo em perigo a vida de terceiros. Não é o primeiro nem o último peão que é morto por um automobilista que passou no vermelho.
Mas quando um ciclista passa num vermelho, não pondo sequer em risco a vida de terceiros, é o fim do mundo. E depois todos os ciclistas são culpados.