Google suspende a análise de gravações e conversas na União Europeia
A Google suspendeu o programa de transcrição das gravações e conversas levadas a cabo pela sua assistente virtual, a Google Assistant. A medida, contudo, tem eficácia limitada à União Europeia, ao passo que a rival, Apple, deu também hoje a conhecer que suspenderia o seu programa homólogo em todo o mundo.
O escrutínio em torno das grandes tecnológicas e a pressão do legislador motivaram esta decisão.
Trata-se de uma ação voluntária, semanas após ter sido exposta a prática. A propósito, relembramos que ao ativar a assistente virtual com as chaves de voz, a mesma dá início à gravação das conversas. Isto é, aquilo que lhe pedimos fica registado e, em alguns casos, pode ser utilizado para fins de melhoria do serviço.
O fator humano foi retirado na União Europeia
A tecnológica norte-americana admitiu, em meados de julho último, transcrever algumas das conversas gravadas pela Google Assistant. A prática visava aperfeiçoar a assistente virtual, Google Assistant, ao essencialmente "alimentar" os algoritmos de inteligência artificial com um fluxo contínuo de informação.
Contudo, graças a uma investigação levada a cabo por uma publicação belga, o caso recebeu grande atenção por parte dos media. Em causa estavam diversas gravações de conversas dos utilizadores com a assistente virtual. Isto é, os pedidos, comandos normais. Aqui bem como alguma gravações tomadas por erro.
Foi ainda de acordo com essa investigação que se trouxe a público o modus operandi da Google. Partindo das gravações destas conversas, os trechos de áudio eram transcritos. Em seguida, esses mesmos dados eram utilizados para melhorar a própria assistente. Tudo isto para a tornar mais precisa e útil.
A análise das gravações e conversas para melhorar a Google Assistant
No entanto, algumas das gravações acabaram por captar detalhes sensíveis. Sobretudo aqueles que foram gravadas por engano. Isto é, perante um "falso" reconhecimento da frase de ativação. Entre estas informações constavam dados médicos, pessoais, sexuais, bem como outros detalhes de índole pessoal.
Estamos em contacto com a autoridade de proteção de dados de Hamburgo. Estamos também e apurar e recapitular a forma como procedemos à análise dos trechos de áudio e a forma como ajudamos os utilizadores e entender a forma como estes dados são utilizados.
Ainda de acordo com as declarações deste representante, a Google analisava cerca de 0,2% de todas as conversas e gravações feitas pela Google Assistant. Uma fração reduzida, mas que ainda assim acabava por colocar esse material em contacto com outro ser humano.
Para ajudar a tornar os sistemas de reconhecimento de voz mais inclusivos. Para que estes possam identificar diferentes sotaques e dialetos característicos dos vários idiomas.
Atenção redobrada às práticas das gigantes
Ainda assim, certo é que agora a Google suspendeu a prática de forma voluntária. Fê-lo também numa altura em que vários reguladores, sobretudo na Europa, mas também nos EUA, estão mais atentos às atividades das gigantes tecnológicas.
Por fim, para a Johannes Caspar, da entidade sediada em Hamburgo, "atualmente existem dúvidas substanciais quanto ao respeito pelo RGPD por parte da Google". Por outras palavras, há um crescente escrutínio por parte dos vários mecanismos e entidades reguladores na Europa.
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Este artigo tem mais de um ano
Fonte: Associated Press
Neste artigo: Android, europa, Google, Google Assistant
Estamos numa era em que permitimos que fabricantes de software e hardware escutem as nossas conversas sem que demos conta… Tvs, smartphones, carros, electrodomésticos, colunas… E o filtro que implementam é: não se preocupem que estamos à escuta apenas para melhorar os assistentes AI… Medo… Muito medo… Quantas empresas, governos, estão a ser escutados dentro e fora das instituições?! E quem são esses fabricantes: chineses , americanos e russos…
Por que é que tenho a impressão que a Google copia/ anda a reboque da Apple 😉
“Ai a Apple suspendeu … então temos também que suspender … que remédio”.
“… mas só na Europa, porque os gajos têm o costume de nos ferrar valentes multas”.
“… e apenas por três meses, enquanto durar a investigação pelo regulador alemão”.
E afinal a Google não suspendeu voluntariamente – foi obrigada por ordem do regulador alemão 😉
A Google Assistant deixou de identificar as músicas, será por isto, uma vez que o processo parecia consistir em gravar um trecho e enviar para a Google? Bem, temporario ou nãom há sempre o Shazam …
Não tem relação. O que foi suspenso (na Europa) foi a audição das gravações por humanos.
No Google Assistant as gravações deviam ter início apenas nos casos em que se dizia “OK Google” – mas está provado que há muitas gravações que foram feitas sem o “OK Google”.
Com o Siri é semelhante era preciso dizer “Hey Siri”, mas há casos em que sons semelhantes e o ruído ambiente podem ativar o Siri e, por isso, podiam originar gravações.
Com o Alexa da Amazon e, pelo menos em tempos, com as smartTVs da Samsung nem era preciso dizer nada disso.
Bom, não necessariamente (a parte do início da gravação). Enquanto utilizador de uma Google Home, por vezes mesmo ao assistir a um filme, a coluna por vezes ativa os LEDS. Isto significa que ao ouvir certos trechos com uma sonoridade similar às frases de ativação pode estar a dar início a uma gravação.
Bem, a Apple depois de tropeçar aponta o caminho e os outros não têm outra hipótese senão seguira – a Amazon também vai permitir que humanos escutem o o Alexa apenas se o utilizador o permitir: https://9to5mac.com/2019/08/03/amazon-alexa-human-review/