Este casal custou 2,4 mil milhões de euros à Google
A Google tem vários processos a decorrer, em especial devido às suas práticas anticoncorrenciais. Aparentemente, estas não afetam apenas empresas grandes: este casal, por exemplo, custou-lhe 2,8 mil milhões de euros.
Oito anos depois de Larry Page e Sergey Brin terem lançado a Google, em 2006, um casal lançou um website de comparação de preços chamado Foundem. Os britânicos Adam e Shivaun Raff tinham grandes expectativas para o seu negócio, por considerarem que oferecia mais do que outros websites semelhantes.
Nessa altura, os websites que ajudavam os clientes a comparar preços online começavam a surgir e especializam-se principalmente num produto, como passagens aéreas. Contudo, Adam pensou num website que comparasse os preços de praticamente qualquer produto que o cliente desejasse. Foi com base nesta premissa que o casal fundou a Foundem, em 2006.
Logo após o lançamento do website, o casal notou que o tráfego para a sua página diminuía em vez de aumentar, tendo percebido que algo estava errado. Afinal, Adam trabalhava com supercomputadores e Shivaun tinha uma carreira em consultoria de software.
Enquanto a Google fazia aparecer as páginas do Foundem no fundo dos resultados, outros motores de pesquisa colocavam-no no topo ou, pelo menos, na primeira página para pesquisas como "comparação de preços" ou "compras", segundo o TechSpot.
Na perspetiva do casal, o motor de pesquisa da Google estava, portanto, a aplicar penalizações automáticas (e não intencionais) por spam, tornando o website Foundem praticamente invisível para os utilizadores.
Estávamos a monitorizar as nossas páginas e como estavam a ser classificadas, e depois vimo-las cair quase imediatamente. Partimos do princípio de que tínhamos de levar [o problema] ao sítio certo e [as penalizações] seriam anuladas.
Contou o casal, à BBC, revelando que decidiu abordar a Google, por várias vezes, entre 2006 e 2008. As queixas foram sempre ignoradas, de acordo com Adam e Shivaun Raff.
Como resultado de uma eventual cobertura mediática, a Foundem foi bombardeada com tráfego, mas a sua classificação nos resultados de pesquisa não mudou.
Casal britânico motivou uma investigação antitrust
Depois de alguma dificuldade para levar o seu caso a vozes mais audíveis, em 2010, o casal contactou uma agência reguladora de Bruxelas e a Comissão Europeia envolveu-se, lançando uma investigação antitrust.
Em 2017, a Comissão Europeia tinha provas suficientes para acusar a Google e aplicar uma multa recorde de 2,4 mil milhões de euros.
Apesar de a Google ter lutado contra a multa, no mês passado, o Tribunal de Justiça Europeu rejeitou todos os recursos da gigante das pesquisas, afirmando que é culpada de "abuso de mercado" e de usar o seu poder para limitar a concorrência contra a Foundem, a Microsoft, a Expedia e a Twenga.
A Foundem encerrou as suas atividades em 2016, um ano antes de a Google ter sido multada e ter alterado as suas políticas para ir ao encontro das medidas anticoncorrência da Comissão Europeia.
Atualmente, o casal tem um processo civil contra a Alphabet para tentar recuperar os danos causados pelas taxas legais e pela perda do seu negócio. O julgamento está previsto para começar no primeiro semestre de 2026.
A Google lançou o seu próprio serviço de comparação de preços, que foi mudando de nome – Froogle, Google Product Search e, atualmente, Google Shopping.
Para promover o seu próprio serviço, a Google manipulou os resultados das pesquisas no Google Sarch – quem pesquisasse por comparador de preços aparecia o Google Shopping, enquanto o serviço concorrente melhor classificado só aparecia na 4ª página dos resultados da pesquisa, e os outros ainda pior.
A Google foi condenada a acabar com isso e a pagar a multa de 2,8 mil milhões de euros.
Apesar de ser muito dinheiro, a Google já deve ter feito esse valor pelo menos duas vezes. Embora eles saibam que vão pagar multa, continuam a fazer o mesmo, pois o retorno é muito superior. Se a regra fosse: “pagas o que ganhaste mais 50%”, provavelmente já não haveria este tipo de problemas.
pois esse é que é o problema e a solução é só uma, esssa mesmo que apresentaste.
no que respeita a mega empresas a dissuasão não se faz com simples coimas mas com a perda do volume de negócios gerado pelo negócio próprio que incentivaram acrescido de uma penalização
O pior é quando as empresas não tem capacidade de abrir um processo. Vejam na terra da liberdade, são 10M para abrir um processo destes e as empresas acabam todas por desistir e dar o ouro à google. É o capitalismo, estupido!