Tardígrados na Lua – As questões que se levantam
No passado mês de abril, estava planeada a alunagem do módulo lunar israelita Beresheet que infelizmente não foi bem-sucedida, colidindo com a superfície lunar. Mas esta missão tornou-se famosa porque o Beresheet transportava uma biblioteca terrestre que, além de muitos registos humanos continha uns microrganismos chamados tardígrados (também conhecidos por ursos-d’água), que são especialistas em sobrevivência.
Estes microrganismos são capazes de resistir a ambientes onde se esperava que nenhum ser vivo sobrevivesse. Após este acontecimento várias questões se levantam. Os tardígrados conseguiram sobreviver ao impacto, contaminando assim a superfície lunar? Como é que isto pode acabar por contribuir, involuntariamente, para o futuro da astrobiologia?
Os tardígrados são imortais?
Os tardígrados também são designados por ursos-d’água devido ao seu movimento que faz lembrar o dos ursos. Além disso, estes microrganismos possuem um aspeto peculiar, que, apesar do seu tamanho microscópico (entre 0,05 e 1,2 mm de comprimento) são constituídos por uma cabeça e por um corpo segmentado com quatro pares de pernas.
Algumas espécies de tardígrados têm ainda presentes um par de células fotossensíveis na cabeça, que se assemelham visualmente a olhos. Curiosamente, os tardígrados mantêm o número de células durante toda a sua vida, apenas crescendo em tamanho.
Estes seres vivos são encontrados em quase todos os habitats da Terra, sendo facilmente encontrados em líquenes e musgo. De facto, eles são conhecidos pela sua capacidade de sobrevivência em ambientes com condições extremas, tendo voltado à vida e sendo até capazes de se reproduzirem (!), após três décadas congelados a -20°C.
Mas, ao contrário do que possa parecer estes microrganismos não gostam de viver nestas condições extremas, eles apenas fazem o possível para sobreviver e para que um dia consigam transmitir a sua informação genética de modo a continuar a perpetuar a sua espécie. Com este objetivo, quando sujeitos a condições extremas os tardígrados entram num estado reversível designado por criptobiose que, muito sucintamente, consiste na diminuição drástica da atividade metabólica de um ser vivo (até 0,01% da atividade normal, no caso dos tardígrados).
Um dos tipos de criptobiose mais estudado em tardígrados é a anidrobiose que é desencadeado face à ausência de água. Mas, mesmo neste estado os tardígrados não são imortais, embora consigam sobreviver décadas nessa forma!
Tardígrados no espaço
Num estudo liderado por K. Ingemar Jönsson e em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA), tardígrados no estado de criptobiose foram lançados para a órbita terrestre a bordo de um satélite. Assim, foram expostos ao vácuo espacial durante 10 dias. Ao fim deste período, voltaram à Terra para serem reidratados.
Surpreendentemente, parte destes microrganismos foram capazes de sobreviver. Isto, após serem expostos diretamente a raios cósmicos e radiação ultravioleta. Tornando-se assim no primeiro animal conhecido pelo Homem capaz de sobreviver a condições tão extremas.
Da Terra à Lua: uma viagem de última hora
No dia 11 de abril de 2019, uma missão espacial à Lua mal sucedida resultou na sua possível contaminação com tardígrados. No fundo, esta missão serviu para impulsionar as missões espaciais com fundos privados. Tendo assim como objetivo científico estudar o campo magnético da Lua.
Além disso, o módulo lunar Beresheet continha uma biblioteca com milhões de páginas de informação como uma cópia de quase toda a Wikipédia em língua inglesa, do Projeto Roseta, de memórias de sobreviventes do Holocausto e da Bíblia Hebraica.
Mas, à última hora decidiram também incluir material genético humano e tardígrados, preservados numa camada de resina (que se assemelha ao modo como os fósseis estão preservados em âmbar). Esta biblioteca do conhecimento humano e da biologia terrestre foi criada como uma espécie de cópia de segurança do planeta Terra.
Contudo, mesmo que estes microrganismos tenham sobrevivido ao impacto com a superfície lunar e resistam ao ambiente da Lua, tornando-se nos segundos seres vivos que visitam este satélite, é bastante improvável que recuperem do estado criptobiótico. Assim, apenas com uma nova viagem à Lua será possível resgatar e reidratar os tardígrados.
A missão que, à primeira vista pareceu ser um fracasso, no futuro poderá contribuir para aumentar o nosso conhecimento sobre a possibilidade de vida extraterrestre. Podendo vir a ser importante, por exemplo, para conhecermos e percebermos quais os efeitos e consequências que a vida noutro planeta poderá ter.
Além disso, dá-nos a confirmação de que a vida pode resistir em ambientes que para nós, humanos, é impossível. E se estes seres terrestres são capazes de sobreviver nestas condições, não poderá haver outros seres espalhados pela imensidão do Universo que também sejam capazes de prosperar?
Este artigo tem mais de um ano
Imagem: Getty Images | Global Soil Biodiversity Atlas
Neste artigo: espaço, Lua, Tardígrados
Sempre a poluir, não há hipótese…
Ainda dizem que são os gatos que vão dominar o mundo!…
com as radiações esse bicho feio vai sofrer mutações e daqui a uns anos transforma-se em gato, mais uns anos e dominam a Lua, mais uns anos, dominam a terra. TLDR, os gatos vão dominar o mundo.
Mrrrrow….. estão enganados… os gatos vão dominar o universo. meeaOOOOOOWWWWWW.
Os gatos e demais felinos estão já muitos níveis acima, só querem viver e não reagem bem a hierarquias. Acho que serão mesmo os babuínos como já nos mostraram, esses devem estar fartos de ver a sua inteligência insultada por pessoas crentes que deles descendem. Será a vingança dos macacos
São só os primeiros a chegar a lua, quando cololonizarem a lua o que acham que vamos levar conosco? Ratos! Claro
A estação espacial esta repleta de bactérias, a lua também irá ter mais imigrantes.
Exacto. Não se pode dizer com nenhuma confiança que estes são os segundos seres vivos a chegar à lua. É que certo que foram algumas bactérias que vieram com os primeiros visitantes. Talvez algumas delas estivessem na sola do Armstrong e tenham sido, de facto, o primeiro ser vivo a chegar à lua.
A LUA é ‘plasma’. https://www.youtube.com/watch?v=XhIwZuPGfss
Fez-me espécie para que é que se levava uma biblioteca terrestre para a Lua.
Afinal uma tal The Arch Mission Foundation, que quer espalhar pelo universo informação sobre a civilização terrestre (para o caso de esta terminar poder ser reconstruída por alguém) alugou carga aos israelitas. Sem os avisar juntou ADN de 40 pessoas e mais os tais tardígrados, que já iam mais mortos do que vivos. Com o trambolhão e mais a radiação devem-se ter finado de vez.
Os tadígrados iam desidratados, na fita que embrulhavam a biblioteca, do tamanho de um DVD, com obras de arte e assim. O ADN das 40 pessoas também ia na fita.
Só doidos 🙂
Os tardígrados tornam-se macro organismos no espaço. Quando as portas se abrirem e a terra despressurizar, lá vamos nós ter que lutar de novo com estes e outros simpáticos seres que de lá possam cair, como insectos gigantescos que comem miolos humanos tal como nós comemos perceves ou caracóis..