Radão: Portugal poderá ter um problema de saúde pública com este gás cancerígeno?
Estamos continuamente expostos à radiação na vida quotidiana, através de fontes de conhecidas, onde se incluem os fornos de microondas nas cozinhas ou os rádios que usamos para ouvir música nos nossos carros. A maior parte da radiação a que estamos expostos não traz riscos à saúde. Contudo, no caso do radão, a realidade... é diferente!
Uma fonte de radiação natural que representa perigo é o radão – um gás radioativo sem cor, cheiro ou sabor. É libertado do material rochoso e passa pelo solo. Em seguida, tende a diluir-se no ar, portanto, ao ar livre.
Mas será que o radão representa algum dano à saúde humana?
O radão é um gás natural, mas a sua concentração pode criar um risco para a saúde. A tal ponto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica-o como uma das principais causas de cancro do pulmão. O caso não se tem falado em Portugal, mas na semana passada, em Espanha, o Conselho de Ministros aprovou um novo Plano Nacional que visa combater o radão e minimizar o seu impacto na saúde dos espanhóis em geral e dos trabalhadores em particular.
O Radão (Rn) é um elemento que pertence à categoria dos “gases nobres”, elemento 86 da tabela periódica. É também uma fonte de radiação natural que, em determinadas concentrações, é prejudicial à saúde humana.
Este risco é mínimo em espaços abertos, mas é importante em espaços fechados, “mesmo em concentrações moderadas”, conforme observado pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
Como gás, é incolor, inodoro e insípido, podendo ocorrer naturalmente em três formas isotópicas, duas delas (radão 222 e 220) de especial interesse por apresentarem maiores riscos.
O radão 222, o mais perigoso entre eles segundo a própria AIEA, pode ser produzido naturalmente como produto da decomposição do urânio 238 ou do rádio 226. O primeiro desses elementos pode ser encontrado naturalmente numa ampla variedade de terrenos, enquanto o segundo está ocasionalmente presente em materiais de construção.
A OMS lista este gás como uma das principais causas do cancro do pulmão, atrás apenas do tabaco. Estimativas desta organização dependentes da ONU atribuem o radão a entre 3% e 14% dos casos de cancro deste tipo atribuíveis ao gás.
Segundo a própria OMS, a probabilidade de sofrer de cancro aumenta 16% a cada aumento na concentração deste gás de 100 becquerels por metro cúbico (Bq/m³), sendo o becquerel uma unidade de medida que mede a atividade radioativa.
Existem problemas de radão em Portugal?
Sim. Há uns anos, o Instituto Tecnológico e Nuclear realizou um estudo que envolveu a medição do radão no ar interior de 4200 habitações em Portugal e conclui que em 2,6% destas, era ultrapassado o valor máximo recomendado pela legislação portuguesa de 400Bq/m3 (1 Bq/m3 = 1 desintegração de um átomo de radão num m3 de ar num segundo).
No mapa do ITN em baixo, pode ver-se a distribuição dos valores encontrados, sendo que a verde se encontram os valores médios mais reduzidos, a amarelo valores intermédios e a vermelho os mais elevados.
A legislação portuguesa apenas prevê medidas preventivas contra o radão nas novas construções nos distritos de Braga, Porto, Vila Real, Viseu, Guarda e Castelo Branco. Mas podemos concluir deste estudo que existem zonas de risco mais elevado de radão em edifícios em todos os distritos de Portugal, incluindo, por exemplo, nalguns concelhos de Lisboa, Coimbra, Portalegre, Évora, Beja ou Algarve, principalmente se os solos nesses concelhos forem graníticos.
A própria Agência Portuguesa do Ambiente, levanta uma série de ilações, referindo na sua apresentação sobre o radão que este gás e os seus descendentes produzem partículas radioativas no ar que respiramos. Tais partículas ficam retidas nas nossas vias respiratórias e aí emitem radiação provocando lesões nos pulmões. Estas lesões aumentam o risco de cancro do pulmão.
Entretanto, a União Europeia tem sido mais exigente ao nível das radiações ionizantes a que as populações e os trabalhadores estão expostos nas suas casas e locais de trabalho. Na sua Directiva 2013/59/EURATOM de 5 de Dezembro de 2013, no artigo 74º, a UE define que os Estados-Membros estabeleçam níveis de referência nacionais para as médias anuais para as concentrações de atividade média de radão, que não devem exceder 300Bq/m3, dando um prazo para os Estados-Membros legislarem nesse sentido.
Se vive em zonas de risco ou quer, simplesmente, ter a certeza de que não está a ser exposto a este gás, existem alguns procedimentos a ter em conta. Segundo alguns especialistas, ainda na fase de pré-construção, é importante utilizar-se, ao nível do pavimento, “matérias que funcionem como barreira à difusão” do gás. É também importante, nas construções já existentes, promover a ventilação desses espaços e a renovação do ar.
E ninguém fala disso? Eu nunca ouvi falar nesta cena.
Basra saber onde fica a Urgeiriça.
As pessoas não devem estar muito preocupadas com isso, visto o tanto de pessoas que adoraram o protótipo de bateria nuclear da China. São coisas que acham que acham que afetam somente os demais.
Porque certamente não és de uma zona afectada, eu sou e estou farto de ouvir isto a décadas.
A uns anos valentes na minha zona fizeram um teste a água de todos os poços e minas para ver se apresentavam sinais de radão.
Atenção que o mapa apresenta de forma genérica o distrito mas isso não afecta o distrito todo mas sim locais específicos no distrito
Pior é as águas pluviais que veem das antigas minas lexiviadas p.e. Minas da Urgeiriça, que escoam todas para o rio Mondego e são bebidas principalmente através da captação de água de Coimbra.
Consultar o site especifico da APA:
https://apambiente.pt/prevencao-e-gestao-de-riscos/radao
Fala-se deste tema há anos, mais preocupante nas zonas graniticas do País.
Comer muitas vezes no McDonalds é muito pior
Plano Nacional para o Radão (aprovado pela RCM 150-A/2022, de 29/12/2022)
https://files.dre.pt/1s/2022/12/25001/0001400091.pdf
é pá eu também sei a Internet e pesquisar, que coisa……
comentários da treta pá…….
Aquelas bancadas enormes de granito são tão bonitas.
Sempre se falou no Rádão, especialmente nas zonas montanhosa. Existem planos e vária documentação em Portugal sobre isso, como p.e.:
https://apambiente.pt/sites/default/files/_Prevencao_gestao_riscos/Protecao_radiologica/Eventos/Apresent4_25.06.2020.pdf
Há países, como no Reino Unido, onde se usam detetores de Rádão nas casas para fazer monitorizações passivas.
O facto de não sabermos, não significa que não andem em cima do assunto. Mas também nos dias de hoje parece que não se pode falar de coisas más. Quando era miúdo tive formação de proteção em caso de sismo, em caso de incêndio, em caso de acidente químico (existe um parque industrial químico aqui perto)… Hoje em dia não existe nada disso. Parece que temos medo de pensar que algo de mal pode acontecer. Eu sempre ouvi dizer que se prepara para o pior e espera-se pelo melhor. Mas nada como conhecer os riscos e ter algum conhecimento. Um dia pode salvar-nos.
Legalmente é obrigatória a avaliação da concentração de radão no âmbito das avaliações da QAI em edifícios localizados nos distritos com predominância granítica. Para além disso, em contexto de trabalho, no âmbito da proteção radiológica dos trabalhadores, também deve ser avaliada a expiação ao referido gás.
Relativamente aos medidores passivos que referiam serem usados no UK, é só para dizer que em PT também existem.
Nenhum empreiteiro está interessado em construir com materiais isolantes! E os nanoplásticos? E as micropartículas lançadas pelos tubos de escape e os perfumes, os desodorizantes e os produtos de limpeza que usamos em nossas casas? E os químicos que os agropecuários usam nas plantas e animais? E o fumo que sai das cheminés? E o tabaco?…..
Só uma correcção: fornos de microondas, receptores de rádio e telemóveis emitem radiação etectromagnética, mas NÃO SÃO radioactivos. São coisas completamente distintas! O radão sim, é radioactivo, assim como o urânio, o rádio, o polónio, etc