O que aconteceria se se atirasse um avião de papel para fora da ISS?
A ISS orbita a Terra a uma altitude média de cerca de 400 km. Então, o que aconteceria se se atirasse um avião de papel para fora da Estação Espacial Internacional? Um novo estudo apresentou dados que são surpreendentes. A informação é valiosa para missões espaciais de baixo custo.
O temível síndrome de Kessler
A velha questão do que aconteceria se se atirasse um avião de papel para fora da Estação Espacial Internacional (ISS) foi respondida num novo artigo.
O espaço à volta do nosso planeta está a ficar bastante cheio. Somos uma espécie desarrumada e, aparentemente, a órbita baixa da Terra não é exceção à nossa regra “limpamos depois”.
Uma das preocupações relativamente aos detritos é o facto de poderem causar o “Efeito Kessler” (ou Síndrome de Kessler). Simplificando, o Efeito Kessler é quando um único evento (como a explosão de um satélite) na órbita baixa da Terra cria uma reação em cadeia, à medida que os detritos destroem outros objetos em órbita.
Se isto acontecer, os detritos podem continuar a colidir com outros objetos, causando potencialmente problemas de comunicação e deixando áreas do espaço inacessíveis às naves espaciais.
Essencialmente, poderia acabar como no filme Gravidade, mas sem o George Clooney! Na pior das hipóteses, há quem especule que poderia essencialmente prender-nos aqui na Terra, sem podermos sair.
O futuro das viagens orbitais "num avião de papel"
Embora existam esforços para limpar a órbita terrestre próxima de detritos e satélites inoperacionais, alguns investigadores estão a explorar formas de tornar as naves espaciais e os satélites mais sustentáveis antes do lançamento.
Uma das direcções de investigação passa pela utilização de materiais orgânicos como substituto dos metais tradicionais, de modo a reduzir o impacto ambiental das naves durante a queima na reentrada atmosférica.
Outra linha de estudo foca-se em velas de arrasto dobráveis, que aceleram a descida orbital dos satélites em órbita terrestre baixa (LEO) no fim da sua vida útil e ajudam a remover detritos espaciais. Um avião espacial em origami (que significa ‘papel dobrado’ em japonês), situado entre estas duas tendências, pode abrir novas vias para uma utilização e exploração espacial mais sustentável.
Explica a equipa no seu novo artigo.
Para explorar esta possibilidade, a equipa tentou simular o que aconteceria a um avião de papel feito a partir de uma única folha A4 se fosse lançado da Estação Espacial Internacional (ISS), a uma altitude de 400 quilómetros.
Na entrada na atmosfera poderia ocorrer a pirólise
No estudo, os investigadores modelaram a velocidade de decaimento orbital do avião, a sua orientação em relação à direção de voo, e o nível de aquecimento que a estrutura sofreria ao atravessar a atmosfera terrestre.
Realizando simulações e testes num túnel de vento com um avião ligeiramente modificado (foi usada uma combinação de alumínio e papel para esta experiência), a equipa descobriu que o avião poderia voar surpreendentemente bem, pelo menos numa fase inicial.
O avião espacial apresenta estabilidade estática em relação à direcção do fluxo (eixo X alinhado com o fluxo incidente), tanto em inclinação como em guinada.
Isto sugere que poderá manter passivamente o alinhamento com a direcção orbital durante o voo na atmosfera rarefeita da órbita terrestre baixa (LEO).
Escreve a equipa.
Segundo o trabalho realizado, a órbita do avião decairia muito rapidamente após o lançamento, entrando na atmosfera da Terra em cerca de 3,5 dias. O teste em túnel de vento demonstrou que o avião sofreria apenas ligeiras deformações ao atravessar a atmosfera, embora isso não fosse suficiente para garantir a sua sobrevivência.
Com base nos testes hipersónicos em túnel de vento e nas simulações, espera-se que as forças superficiais actuantes sobre o avião durante a reentrada atmosférica não provoquem deformações significativas.
No entanto, o avião de papel sofrerá aquecimento aerodinâmico severo, na ordem dos 105 W/m² (ou 10 W/cm²) durante vários minutos. Assim, é expectável que ocorra combustão ou pirólise durante a reentrada.
Explica a equipa.
Embora enviar um avião de papel para arder na nossa atmosfera possa não parecer muito útil, é esta descartabilidade que a equipa procurava.
A forte sensibilidade do avião espacial de papel à resistência aerodinâmica na atmosfera rarefeita [baixa atmosfera terrestre] sugere que pode ser utilizado como sonda passiva para medir a densidade atmosférica.
Conclui a equipa.
A densidade do ar pode ser objeto de engenharia inversa a partir do seu movimento orbital. Dada a curta duração da entrada na atmosfera, os dados são adquiridos rapidamente. Devido ao custo extremamente baixo de um avião espacial de papel, podem ser efectuadas várias utilizações ao mesmo tempo e repetidas a intervalos regulares, fornecendo medições distribuídas em simultâneo.
A equipa sugere que aviões de papel poderiam ser utilizados noutras missões de baixo custo e em órbita baixa, caso fossem, por exemplo, equipados com sistemas de imagem de filme fino.






















Penso que poderiam ser feitos teste com outros tipos de matéria orgânica dispensável. Atirem políticos para poder ter informação sobre a reentrada e seus efeitos na atmosfera terrestre… 😛
Cada português é um político, os que se dizem não ser políticos só não têm imaginação e querem o mercado a resolver tudo na sua vida, esses só pensam com o bolso e não conseguem ver mais além.
Mas ainda acho que a proposta do “r41m31” tem muito valor.
Podem começar pelo Ventura e pelo badocha parasita Pedro Pinto. Ah! E já agora, também pelo membro da Opus Dei e fundamentalista católico, Pedro Frazão.
+1000
Podem ver no filme Gravity (2013) uma representação do síndrome de Kessler.
Bem lembrado
Aconselho a ler o artigo antes de comentar pois esse filme está lá mencionado.
Tens razão mas a comida está cara uma pessoa não tem energia para tudo.
Mas, a ISS já descartou 18 tanques, de amónia (13 toneladas, cada), 8 painéis solares e vários equipamentos.
Nas visitas, dos Shuttles, vários sacos, eram descartados, pelos astronautas. Já se sabe que, ao serem despachados, começam a perder velocidade e, a gravidade, trata de os incinerar. O mais famoso, foi uma chave, de porcas, que um astronauta, deixou fugir, enquanto reparava a casa de banho, da ISS. 2 semanas depois, a mesma ISS, teve de subir 20 metros, a sua altitude, porque a chave apareceu, no radar. Não mais foi detectada.
O pior mesmo é na geoes
Tu tens uma tara por vírgulas, não tens?
Tens de aprender a usar as vírgulas correctamente!… Que confusão!
E um drone não tripulado, a energia solar, para recolher os detritos??
Se for para reciclar, cria-se estrutura para guardar esses resíduos. Se for só para destruir, impulsionam-se em direção á terra, em tamanhos adequados para serem “derretidos” pela atmosfera…
Depois, é só replicar por 100 ou 1000…
A teoria está, falta o resto…
Não é necessário utilizar duas contas, Manuel. Comentários escritos da mesma maneira e tudo. Não existem mais vírgulas? 🙂