Hígia – Descoberto o planeta anão mais pequeno do Sistema Solar conhecido até à data
Uma equipa internacional de astrónomos acaba de descobrir que o asteroide Hígia... afinal deve ser classificado como um planeta anão. Graças às capacidades únicas do instrumento SPHERE da VLT, descobriu-se a forma deste astro. Assim, a rocha quase esférica foi agora reclassificada a planeta.
Hígia, depois de Ceres, Vesta e Pallas, é o quarto maior objeto na cintura de asteroides. Este enorme anel de rochas situa-se entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Hígia passa de asteroide para planeta anão
Conforme revelaram os astrónomos, foi utilizado o instrumento SPHERE montado no VLT (Very Large Telescope) do ESO, para determinar que o asteroide Hígia pode ser classificado como planeta anão. Assim, sabe-se agora que este objeto é o quarto maior da cintura de asteroides, depois de Ceres, Vesta e Pallas. Foram feitas pela primeira vez observações com resolução suficiente para estudar a sua superfície e determinar a sua forma e tamanho.
Como resultado, os astrónomos descobriram que Hígia é um asteroide esférico. Este pode potencialmente destronar Ceres da sua posição de planeta anão mais pequeno do Sistema Solar.
Novo astro responde positivamente aos critérios para ser elevado a planeta
Tal como os objetos da cintura principal de asteroides, Hígia satisfaz logo à partida três dos quatro critérios necessários para ser classificado como planeta anão. Este astro orbita em torno do Sol, não é satélite de nenhum planeta e, contrariamente aos planetas, não "limpou" o espaço em torno da sua órbita.
O último critério diz que tem que ter massa suficiente para que a sua gravidade lhe permita ter uma forma mais ou menos esférica. Foi isto que as observações obtidas com o VLT revelaram agora sobre Hígia.
Graças à capacidade única do instrumento SPHERE montado no VLT, um dos mais poderosos sistemas de imagens astronómicas do mundo, pudemos resolver a forma de Hígia, a qual se revelou ser praticamente esférica. Graças a estas imagens novas, Hígia pôde ser reclassificado como planeta anão, até agora o mais pequeno do Sistema Solar.
Referiu o investigador principal deste estudo Pierre Vernazza, do Laboratoire d'Astrophysique de Marseille, em França.
A equipa utilizou também as observações SPHERE para constringir o tamanho de Hígia. Assim, este tem um diâmetro de pouco mais de 430 km. Plutão, o mais famoso dos planetas anões, tem um diâmetro de cerca de 2400 km, enquanto Ceres apresenta cerca de 950 km de diâmetro.
Este novo planeta vem de uma "grande família de asteroides"
Surpreendentemente, as observações revelaram também que Hígia não apresenta a enorme cratera de impacto. Esta era uma das características que os cientistas esperavam ver na sua superfície.
Hígia é o membro principal de uma das maiores famílias de asteroides. Esta enorme família é composta por cerca de 7000 membros todos com origem no mesmo corpo celeste. Nesse sentido, os astrónomos esperavam que o evento que levou à formação desta família numerosa tivesse deixado uma marca profunda.
Apesar dos astrónomos terem observado 95% da superfície de Hígia, foram apenas identificadas inequivocamente duas crateras.
Nenhuma destas duas crateras poderia ter sido causada pelo impacto que deu origem à família de asteroides Hígia, cujo volume é comparável a um objeto com uma dimensão da ordem dos 100 km. As crateras observadas são muito pequenas.
Explicou o coautor do estudo Miroslav Brož, do Instituto Astronómico da Universidade Charles em Praga, na República Checa.
Nesse sentido, a equipa decidiu investigar este facto mais detalhadamente. Com o auxílio de simulações numéricas, deduziu-se que a enorme família de asteroides e a forma esférica de Hígia são provavelmente o resultado de uma enorme colisão frontal com um projétil de diâmetro compreendido entre 75 e 150 km.
As simulações mostram que o impacto violento, que se pensa ter ocorrido há cerca de 2 mil milhões de anos atrás, despedaçou completamente o corpo progenitor. Posteriormente, quando os vários pedaços se voltaram a juntar, deram a Hígia uma forma esférica e milhares de asteroides companheiros.
Very Large Telescope - O observatório astronómico ótico mais avançado do mundo
Conforme veiculado, o estudo detalhado de asteroides tem tido um poderoso aliado, além dos avanços em computação numérica. Segundo os especialistas, é graças ao VLT e ao instrumento SPHERE de ótica adaptativa de nova geração, que se tem conseguido obter imagens dos asteroides da cintura principal com uma resolução sem precedentes.
O artigo científico foi publicou ontem na revista Nature Astronomy.
Este artigo tem mais de um ano
Imagem: ESO
Fonte: CCVAlg
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