Cientista de 29 anos desenvolveu algoritmo que possibilitou 1.ª foto de buraco negro
O mundo ficou a conhecer a primeira imagem de um buraco negro, que se situa na galáxia M87. Esta imagem e os dados recolhidos pela rede de telescópios só foi possível graças a um algoritmo criado pela jovem Katherine Bouman.
A cientista tem 29 anos, é doutorada em Engenharia Elétrica e Ciência da Computação pelo MIT e teve um papel fundamental.
O algoritmo do buraco negro
O mundo ontem viu algo que nunca havia sido possível. A informação existia, mas os meios para a fazer chegar até aos nossos olhos ainda não estavam disponíveis. Contudo, por trás do buraco negro divulgado ao mundo nesta quarta-feira, estão anos de trabalho de uma jovem cientista americana.
Katherine Bouman é a cientista que lidera a criação de um algoritmo fundamental para esta mais nova conquista da ciência.
No entanto, a história deste acontecimento tem de ser contada de trás para a frente.
Há mais de um século, Albert Einstein publicou pela primeira vez a sua teoria da relatividade. Desde então, os cientistas forneceram muitas evidências para a sustentar. Uma das coisas previstas na sua teoria, os buracos negros, ainda não foram observados diretamente.
Apesar de termos algumas ideias de como estes buracos negros possam aparentar, ainda não conseguimos de fato tirar uma foto de um.
Explicou Bouman em 2016 durante uma palestra no evento TEDxBeaconStreet.
Neste passado dia 10 de abril de 2019, Bouman foi uma das protagonistas deste feito. A cientista partilhou no Facebook a sua reação ao olhar para esta imagem inédita:
Conforme o que ela publica como legenda, o fotografar "um buraco negro é um longo processo de várias etapas – que inclui desde usar complexas fórmulas matemáticas a lidar com ruídos provenientes do espaço.
Assim, como um artista forense usa descrições limitadas para formar uma imagem usando o seu conhecimento sobre o formato do rosto, os algoritmos de imagem que eu desenvolvi usam os nossos dados limitados de telescópios para compor uma imagem.
Explicou a jovem no TEDxBeaconStreet.
Event Horizon Telescope - Rede de telescópios do tamanho da Terra
A equipa do projeto Event Horizon Telescope (EHT) – responsável pelo feito desta quarta-feira – usualmente dão exemplos "divertidos" sobre o captar uma imagem do Sagittarius A, um buraco negro no centro da Via-Láctea e que é um dos principais objetos de estudo da equipa. Segundo eles, o que têm tentado fazer compara-se ao tentar fotografar uma peça de fruta colocada na Lua.
E, como para observar objetos cada vez menores no espaço, é preciso telescópios cada vez maiores, neste caso, a equipa precisaria de um telescópio do tamanho da... Terra.
Assim, a equipa do EHT pensou numa alternativa, digamos, mais viável – ainda que bastante complexa.
O projeto reúne oito radiotelescópios ao redor do mundo – do Polo Sul ao Havai, passando também pelo Chile e Espanha. Com esta rede, os cientistas mimetizam uma espécie de "telescópio virtual" do tamanho da Terra através de uma técnica chamada de interferometria.
Daqui em diante entra o trabalho de Bouman
A jovem criou soluções matemáticas que preenchem lacunas de dados que foram surgindo. Por exemplo, com o atraso inevitável da entrada de ondas de rádio na atmosfera terrestre.
O desenvolvimento do algoritmo começou há 3 anos. Ainda estudante de pós-graduação no MIT, Bouman liderou o projeto com uma equipa do Laboratório de Inteligência Artificial e Ciência da Computação do MIT, do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica e do MIT Haystack Observatory.
Na prática, o seu trabalho inovou na forma de combinar estes dados para compor uma imagem.
Em linhas gerais, temos trabalhado até aqui em como fazer a melhor imagem possível (do buraco negro). Para começar, foi super difícil. Não apenas os dados estão super espalhados, mas é incrivelmente barulhento. Temos que lidar com coisas como a atmosfera a baralhar o nosso sinal.
Explicou a jovem à BBC em 2017.
Na ambição de conseguir melhorar e até catapultar para outro tipo de investigação, a jovem cientista também tornou públicos os modelos criados e dados recolhidos neste processo. Assim outros investigadores poderiam usufruir desta recolha de informação.
O dia que a catapultou para o conhecimento global
O dia foi histórico, pese o facto de muitas pessoas não perceberem o verdadeiro sentido da "descoberta". Nessa altura, horas depois do lançamento da importante foto, o nome da investigadora tornou-se numa sensação internacional. O Twitter vibrava com o nome da jovem e as imagens que resultaram do seu trabalho.
Bouman também foi saudada pelo MIT e pelo Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica nas redes sociais.
Left: MIT computer scientist Katie Bouman w/stacks of hard drives of black hole image data.
Right: MIT computer scientist Margaret Hamilton w/the code she wrote that helped put a man on the moon.
(image credit @floragraham)#EHTblackhole #BlackHoleDay #BlackHole pic.twitter.com/Iv5PIc8IYd
— MIT CSAIL (@MIT_CSAIL) April 10, 2019
Este trabalho e o que dele resultou tem uma importância gigantesca. De tal forma que, no Twitter, o MIT comparou a cientista com Margaret Hamilton, também investigadora da instituição que escreveu os códigos que ajudaram a colocar o homem na Lua.
Aliás, como podemos ver em cima, ambas aparecem lado a lado. Vemos à esquerda Bouman com uma pilha de discos rígidos de dados da imagem do buraco negro e, à direita, Hamilton, com o código que ela escreveu.
Há 3 anos, a estudante de pós-graduação do MIT, Katie Bouman, liderou a criação de um novo algoritmo para produzir a primeira imagem de um buraco negro. Hoje, essa imagem foi lançada.
Referiu o MIT Computer Science & Artificial Intelligence Lab nas redes sociais.
Agora, Bouman espera que a sua equipa possa prosseguir com a realização de vídeos dos buracos negros. Eventualmente, poderão mesmo revelar outros aspetos físicos, como os campos magnéticos nestes objetos.
Além desta investigação, a cientista refere que há algo mais a trabalhar. No seu currículo diz que esta está a trabalhar para que "métodos computacionais expandam as fronteiras para a geração de imagens interdisciplinar".
Curiosidade sobre o buraco negro
Um buraco negro é impossível de ser visto diretamente e mede cerca de 400 mil milhões de quilómetros de diâmetro, três milhões de vezes maior do que a Terra. Segundo o professor Heino Falcke, da Universidade de Radbound na Holanda “é maior do que o nosso sistema solar”.
Este artigo tem mais de um ano
Imagem: Facebook
Fonte: BBC
Neste artigo: algoritmo, buraco negro, Katherine Bouman
Se está a 55 milhões de anos-luz da terra, a imagem ou lá o que fôr que estão a ver ou a receber agora já foi há 55 milhões de anos atrás…certo?
Certo. Mas onde viste que o buraco negro está a 55 milhões de anos-luz?
Anos-luz é uma unidade de distância, não de tempo.
Ou seja, está a uma distância tal, que à velocidade da luz, demorariamos 55 milhões de anos a chegar lá .
E é à velocidade da luz (aprox.) que viajam todas as radiações captadas pelos telescopios. Portanto a afirmação do Shout é correcta.
Tudo o que vês (ou seja a “radiação visual”) viaja à velocidade da luz, por exemplo quanda olhas para o céu e olhas para uma estrela que por exemplo esteja a um ano-luz da terra, significa que estás a olhar para uma imagem que como demorou um ano a chegar à terra representa o aspeto da estrela à um ano atrás.
Portanto, qualquer coisa que estejam a receber ou a observar agora relativamente a este buraco negro que está a 55 milhões de anos-luz da terra representa precisamente o aspeto desse buraco negro à esse tempo atrás.
O mais estranho no meio disto é que a ver por outros boletins noticiosos, só existe um tuga no meio desse projecto enorme e agora esta tambem é tuga… ? Hummmmm…
E mais… vêm sustentar mais uma vez que o einstein era inteligente… mas muitos ainda dizem que não… enfim… é o mundo em que vivemos…
really?
Qual é o interesse disto ? Ficamos a saber mais do que sabiamos sobre buracos negros ? …Parece-me que a moda das fotos chegou à ciência …tanto tempo e dinheiro gastos de forma inútil…qualquer dia estão a tirarem selfies com buracos negros ….na realidade nem é bem uma foto , é a reunião de uma imensidade de dados que depois são transformados numa imagem , por um algoritmo….assim sendo é tão real como pôr ali a foto de uma mulher de pernas abertas …e chamar-lhe a primeira foto de um buraco negro….tudo depende do algoritmo escolhido
é a validação de uma teoria.. Até agora o que se sabia sobre buracos negros era baseado em equações matemáticas e simulações. Ter algo que comprova o que se calculou, valida a teoria. ISto é muito importante para a compreensão do universo e abrea porta para compreender outros assuntos.
O algoritmo junta imensidão de dados adquirios numa imagem. A tua máquina fotografica faz o mesmo… ou pensas que a foto aparece por obra e graça do espirito santo na tua aplicação favorita?
Não é bem assim….se eu fotografar a mesma cena com uma máquina digital e com uma analógica o resultado é igual no essencial : mostram a mesma imagem . Neste caso , o algoritmo elimina , todas as possíveis imagens , que não se adequam ao que as teorias científicas pré-determinaram sobre os buracos negros….por outras palavras já se sabia a imagem que iria aparecer , mesmo de todo o processo começar…ficaria bem mais barato fazer uma ilustração ….Tudo não passa dum espectáculo bem montado….nesse sentido se a teoria previsse a forma duma galinha , o algoritmo seria feito para obter uma foto duma galinha
….mesmo antes de todo o processo …
Se foi isso que aprendeste em ciências , este país não espera grande coisas de ti 🙂
Abc
“e eu fotografar a mesma cena com uma máquina digital e com uma analógica o resultado é igual no essencial : mostram a mesma imagem”
Tens a certeza que mostra?! olha que não!! O que tu vês é uma aproximação. Tu é que não notas a diferença.
Além de que os algoritmos não precisam de “refinar” tanto a luz porque o objecto está muito perto.
Quem é que te disse que o algoritmo apenas aceitava as imagens que comportavam as nossas ideias de um buraco negro? Estás a ser ignorante ou propositadamente desonesto?
Inútil foi o teu comentário. Pela forma que tu falas parece que já sabemos tudo o que existe para saber. Como na realidade não sabemos, precisamos de observações precisas do universo para determinar se os nossos modelos funcionam ou não, e se não, estes têm que ser corrigidos. Olha para o caso em que a teoria da gravidade de Newton, nos pensávamos que esta funcionava em todas as situações. Le Verrier até conseguiu calcular a posição de neptuno matematicamente através das órbitas dos restantes planetas, e depois de calculada a sua posição, foi descoberto o oitavo planeta. Depois observações mais precisas de mercúrio mostraram uma peculiaridade na órbita de mercúrio que a lei da gravitação universal de Newton não conseguia explicar. Le Verrier até pensou que seria outro planeta, na altura chamado Vulcan, que situava entre mercúrio e o sol, e este seria responsável por essa peculiaridade. Isto, bem como a experiência falhada de Michelson e Morley abriram as portas para ambas as teorias da relatividade. Mas claro que para ti, observar directamente um buraco negro equivale a uma foto de uma mulher de pernas abertas. Tristeza…
A senhora escreveu aproximadamente duas mil linhas de código, enquanto um colega seu escreveu aproximadamente oitocentos e cinquenta mil linhas de código.
https://github.com/achael/eht-imaging/graphs/contributors
A contribuição não se mede pela quantidade mas sim pela qualidade.
Fotos da senhora por todo o lado, e o gajo que escreveu 90% do código nem vê-lo. Não estou a tirar o mérito, pelo contrário, mas é um factor muito importante, se fosse um programador de treta por muito bom que seja o algoritmo não iria ter resultados.
o código é so uma tradução do trabalho dela para linguagem de maquina :p
mas sim podiam dar mais enfase ao resto da equipa
ou seja, a mandona lá do sítio ficou com os créditos de alguém que escreveu um código qualquer que junta os dados matemáticos de informações obtidas através de radiotelescópios e compilou aquilo numa fotografia virtual… é só rir com estes cientistas da roda!
claro…é o programador que escreveu o código é que percebe de astrofísica. Hoje é raro haver projectos que não sejam multidisciplinares, mas isso não significa que uma das disciplinas não seja a protagonista e principal contribuidora/inovadora.
Se a teoria previsse a forma de uma galinha, o algoritmo não funcionaria porque os dados recolhidos não seriam coerentes…
És dos que acredita que a terra é plana?
Devia ser posto aqui o vídeo em que ela diz que está a trabalhar no algoritmo para obter a imagem ….e que o algoritmo rejeita todas as imagens que não estejam de acordo com o que era previsto ver-se ….chama-se a isto condicionar à partida , para obter aquilo que se quer……Nem terras planas nem outros disparates , mas o que foi feito , não me parece muito honesto……de que outra forma poderia ser feito ? Não sei …..desta forma a ciência desacredita-se
Desculpem lá, mas isso é a maior treta e um insulto chamar a isso fotografia. Algoritmos formatados para formar uma imagem não é de perto sinónimo de fotografia, uma fotografia é o registo de um plano na sua máxima analogia é imutável a realidade. A imagem apresentada é o resultado de um algoritmo que define o que desenha ou não!!! Isso não é fotografia e vale o que vale…
A sua postura face ao assunto é paradigmática de uma corrente anti ciência de um conjunto de pessoas que como não sabe e não quer fazer um esforço em estudar o quer que seja, recusa ou coloca em causa todos os avanços científicos que obriguem a “algum” esforço ou que coloquem em causa as suas convicções sobre determinado assunto. Neste caso em particular, você basicamente é um ignorante que coloca em causa dezenas de pessoas com um conhecimento profundo de física e ciências da computação. Mas nada como um ignorante para nos explicar que isto tudo é uma treta! Agora volte para o seu buraco!
Saia do buraco para reler o que escrevi e entender que não sou contra ciência, apenas afirmo que não se trata de uma fotografia, achar-lhe assim é uma treta!
Posso perguntar porquê que não é uma fotografia, e como defines tu uma fotografia?
Um panorama montado num programa de edição não é uma fotografia?
Após ler alguns comentários, e sendo eu um leigo, parece-me que muitos são somente do contra. A contribuição desta cientista foi na criação de algoritmo, tendo por base, muita matemática e levando em conta todas as variáveis complexas, inerentes à criação de uma imagem que seria obtida através de diversos pontos do globo. Com foi dito, criaram um telescópio virtual para simular um super telescópio do tamanho da terra. A tarefa complexa, foi reunir todos os dados de todos os telescópios numa única imagem. Não existe manipulação, porque afinal de contas o que é que a ciência ganharia por forjar a prova de uma teoria tão importante?? A cientista trabalhou para ganhar muitos “gostos” no facebook!!!