O mistério de um meteorito de Marte que faz os porcos vomitarem
Em 1929, o meteorito Lafayette, uma rocha marciana que caiu na Terra, foi encontrado numa gaveta da Purdue University, em Indiana (EUA). Mas o que estava a fazer aquela rocha ali? Ninguém fazia menor ideia. Quase 100 anos depois, um cientista escocês, de Glasgow, estabeleceu uma estreita ligação com uma toxina que fazia os porcos vomitarem.
Curiosamente, o meteorito Lafayette é uma das poucas rochas marcianas a ter caído na Terra. Estudos recentes sugerem que esta rocha interagiu com uma salmoura hidrotérmica com uma temperatura até 150 °C, possivelmente numa cratera de impacto há 700 milhões de anos. Contudo... ainda não estava tudo descoberto!
Toxina de vómito de porco é a chave para o mistério do meteorito marciano
De acordo com uma teoria, o meteorito marciano foi trazido por um estudante negro (precisão importante) que o viu pousar numa lagoa enquanto pescava. No entanto, nada parecia confirmar esta hipótese antes de Áine O’Brien, geoquímica da Universidade de Glasgow, iniciar a investigação após receber em 2020 parte do meteorito localizado no Museu de História Natural de Londres.
O objetivo original da experiência era realizar uma espectrometria de massa para obter evidências sobre a possibilidade de vida em Marte. Mas foi bem diferente:
Acabamos com uma lista de centenas de compostos químicos diferentes. A maioria deles tinha nomes muito longos e chatos, mas um em especial chamou-me a atenção: vomitoxina.
Referiu a investigadora, Aine O'Brien da Universidade de Glasgow.
O’Brien descobriu mais tarde que este composto estava presente num fungo que contamina cereais como milho, trigo e aveia. No entanto, ao ingerir estes alimentos em momentos específicos, os suínos foram consideravelmente afetados pela propriedade emética (que provoca o vómito) dessa toxina.
A investigação realmente começou quando a geoquímica mencionou a vomitoxina ao seu supervisor.
Ele sugeriu que este fungo poderia estar a afetar as plantações no Indiana. E de facto acabou por se tornar um fenómeno enorme nesse estado americano. Foi assim que nasceu a investigação.
Referiu a investigadora.
De Glasgow a Indiana
Foram os registos da prevalência do fungo no condado de Tippecanoe, Indiana, que revelaram ser este o elemento que causou declínios significativos nos rendimentos das colheitas em 1919 e 1927, a maior queda já registado nos vinte anos anteriores a 1931 (ano em que Lafayette foi identificado como um meteorito marciano).
Resta saber como e por quem Lafayette foi encontrado. E tudo parecia encaixar-se na teoria do aluno.
Primeiro, as equipas rapidamente perceberam que a poeira das plantações afetadas poderia ter transportado a vomitoxina para os cursos de água ao redor. O meteorito marciano poderia, portanto, ter sido contaminado ao cair numa lagoa, como a história implicava.
À medida que descem pela atmosfera da Terra, os meteoritos aquecem e causam um rastro de fogo pelo céu. A equipa de investigação então catalogou avistamentos de bolas de fogo no sul de Michigan e no norte de Indiana. Bingo: um destes eventos foi relatado em 1919 e um segundo em 1927. Tudo parecia coincidir.
Por outro lado, o mistério em torno da identidade do aluno ainda pairava. Dada a condição imaculada da rocha, os cientistas deduziram que ela havia sido recolhida logo após a sua queda, o que significava que o indivíduo estava nos bancos da universidade em 1919 ou 1927.
De acordo com os anuários dos estudantes negros matriculados na época listou apenas quatro nomes: Julius Lee Morgan, Clinton Edward Shaw, Hermanze Edwin Fauntleroy e Clyde Silance. Impossível, no entanto, ir mais longe na investigação – no momento, pelo menos.
Esta amostra de meteorito permitiu-nos aprender muitas informações sobre Marte. Então, só por isso, o aluno merece crédito, certo?
Pergunta Aine O’Brien.
Mesmo que a identidade deste homem provavelmente nunca seja conhecida, a geoquímica está feliz por ter conseguido entender como este meteorito poderia ter caído numa gaveta.
Este artigo tem mais de um ano
“Precisão importante”
Desculpem lá mas isto já não é tentar ser correcto, é receio.
Não, tal como está no documento da investigadora, é importante para balizar no tempo os acontecimentos. Estamos a falar numa época complicada nos EUA. É importante contextualizar.
Sim pois….até parece que se não colocassem o “precisão importante” mudava alguma coisa na interpretação e entendimento do artigo.
Mudava, não estava tão completo para sublinhar que naquela altura a importância e veracidade dos factos relatados por aquelas pessoas, citadas no artigo da investigadora, para a descoberta quer do meteorito, quer, agora, para os créditos que são merecidos.
Não é aquela altura é hoje, nao mudou nada num século naquele país, ainda hoje têm que meter a sua cor de pele em documentos oficiais.
Por isso estarem a escrever “precisão importante” foi um tiro nos pés.
Para mentalidades preconceituosas sim, qualquer coisa leva logo que se arrebitem todos. A investigadora referiu esse dado porque, à luz da história, é relevante.
Pelo texto não se percebe onde a cor da pele é importante.
Tem a ver com o tempo vivido nos anos 20 e 30 nos EUA. É história. A na investigação é relevante. Para se perceber tem de se ter uma noção de história para enquadrar a descoberta.
Reader
No momento que li “por um estudante negro (precisão importante)”
Soube logo que iriam comentar que isto não devia de ter sido colocado / nao tem relevancia etc….
E parece que estava certo pelos comentários acima….
Estão a tentar dar crédito a quem descobriu… conseguiram reduzir sabendo que foi um aluno, reduziram ainda mais sabendo que foi naqueles anos porque a rocha estava imaculada, e por fim conseguiram reduzir a 4 pessoas e porque nessa instituição e nesses anos, tinham apenas 4 alunos com essa cor de pele. Logo é um detalhe importante pois sem isso podia ter sido qualquer aluno nesses anos.
Mas para isso já lá está “trazido por um estudante negro”, bastava isso.