Tesla tem código especial para testes de colisão nos seus carros e isso levanta muitas dúvidas
A Tesla é conhecida por ter um software muito avançado e o código presente trata de todas as questões associadas a este carro. Com atualizações constantes, a marca garante aos utilizadores novidades e correções se forem necessárias.
Uma análise recente desse mesmo código veio levantar algumas dúvidas, que podem ficar por responder. Aparentemente há alterações que são dedicadas aos testes de colisão e aplicam-se aos momentos em que são avaliados pelas agências de segurança.
São bem conhecidas as situações em que os fabricantes de smartphones criam mecanismos para terem comportamentos especiais. Com este cenário conseguem um desempenho acima da média, algo que é normalmente criticado, quer pelos utilizadores, quer pelos programadores das próprias apps de testes.
Este parece ser o cenário que agora foi encontrado no software que a marca coloca nos seus carros. A publicação no Twitter do utilizador Green, um conhecido hacker associado à Tesla, revela que este tem presente código dedicado à ANCAP, a agência de avaliação de segurança automóvel australiana.
Tesla just added ANCAP support in their code. This is in addition to already existing "I VISTA" (Chinese testing grounds), EuroNCAP and Korea NCAP
— green (@greentheonly) September 10, 2022
One wonders why do it (they also give testing houses one-off builds with the testing house in the name (with tweaked settings?) )
O curioso do que é revelado, é que este código não parece ser exclusivo desta agência. Há também registo de haver alguma personalização para outras entidades. A publicação feita revela que também a I VISTA (chinesa), a EuroNCAP e a NCAP coreana têm código personalizado.
Do que se sabe, este código modifica alguns parâmetros das configurações dos carros da Tesla, do AutoPilot, ainda que de forma não visível para quem está a avaliar. Uma vez que os carros que estas agências avaliam vêm diretamente das marcas, ficam presentes dúvidas sobre a existência desta personalização.
Do que foi possível avaliar, estas alterações específicas parecem estar centradas na condução autónoma. As agências focam-se também neste ponto e a mudança poderá servir "para melhorar a conformidade com os critérios dos testes".
Não existe qualquer certeza do impacto desta situação, mas as agências, como a ANCAP, estão já a avaliar este código específico da Tesla e a tentar entender o seu impacto nos testes de colisão. Do lado da marca de carros elétricos, e como tem sido normal, não existe qualquer resposta a esta descoberta.
Este artigo tem mais de um ano
Do bem ou mal acredito que seja para desativar certas funcionalidades que iriam evitar o choque ou atenuar
Magoaste-te quando caíste do céu? É que só podes ser um anjinho. Desde 2020 que a Euro NCAP alterou os testes e criou novos exactamente para ter em conta os sistemas de auxílio à condução, por isso não faz sentido desactivar qualquer desses sistemas para testes principalmente se eles têm um impacto positivo na segurança do carro.
Há certas funções no carro que funcionam mal, nomeadamente aquelas que te travam o carro sozinho.
A Volvo que é a Volvo em temos de segurança automóvel faz cenas do diabo.
Basicamente tu vai te meter na rotunda logo a seguir a um carro, ele detecta o carro a frente,trava te a fundo.
Ficas com o carro no meio da rotunda travado a fundo.
Das 2 vezes que isso me aconteceu foi uma sorte não ter levado com um carro em cima.
A culpa era de quem?? Minha? Do carro? Dos outros??
Para não falar em outras marcas que são de longe piores nesse nível, há uns carros que no para arranca te travam a fundo do nada.
Se detectam uma moto a fazer uma ultrapassagem é cá uma travagem que te borras.
Que vem a trás é que se lixa ou trava a fundo ou bate em ti..
Legalmente a culpa é do gajo que te pariu por trás… Mas não faz sentido, o carro fazer este tipo de travagens do nada. E são travagens violetas e inesperadas.
Tens toda a razão, eu no meu comentário quando me referi que tinham um impacto positivo na segurança do carro é no sentido que esse tipo de situações inesperadas que levam o sistema a ter falhas não acontecem no ambiente de testes, por isso não faz sentido qualquer fabricante desligar esses sistemas durante a certificação do carro.
A necessidade de desligar os sistemas serve para saber qual é o pior cenário que o carro vai encontrar caso os sistemas activos falhem ou não funcionem por qualquer razão. Os testes têm de prever a pior das situações.
A ser verdade (espero que não) isso seria um NCAPgate. Modificar a performance dos carros para ter melhores resultados nos testes, tipo dieselgate.
Exacto, é mesmo isso
A menos que os parâmetros do teste sejam subjectivos, não vejo como é que o código presente num Tesla poderá atenuar os efeitos de uma colisão a determinada velocidade sobre o material.
Os testes também têm em conta os sistemas de auxilio à condução. Alguns carros são capazes de subir/baixar a suspensão quando detetam que vai haver um impacto de forma a ajudar o veículo a absorver o choque, se o carro estiver num ambiente de testes eles podem começar a ajustar a suspensão mal detetam qualquer tipo de obstáculo porque sabem que o carro irá bater, quando no dia à dia se a sensibilidade destes sistemas for muito elevada poderia levar a comportamentos estranhos, que iriam afetar a confiança do condutor.
Ok. Obrigado pelo esclarecimento. 🙂
O problema é simples:
Num teste o carro está num ambiente controlado. Se o sistema do carro (é este caso) vê que o carro está num edifício, sem estar na estrada, automaticamente, arruma com a verificação de velocidade, a verificação de pressão dos pneus e activa todas as medidas de segurança, como o activar dos travões no eixo dianteiro e traseiro, independentemente do pressionar o pedal, compensando em menos de meio segundo no embate. Essa pequena alteração, permite reduzir os danos humanos em quase 32%. Em situação normal, essa função é para os Sport, para poderem circular em terrenos irregulares. Numa estrada, o carro nunca irá usar esse sistema… a não ser que tenha instruções, que ao ser ligado e estar fechado, deve usar essas configurações.
Compreendo da leitura dos comentários do Manuel da Rocha e do Paulo Martins que existe então a possibilidade de influenciar o resultado final dos testes com base na activação de parâmetros de segurança que em princípio não estariam activos em condições normais de circulação, mas que no teste assumem um “peso” não desprezível, podendo viciar esses mesmos resultados.
Sim é possível, a notícia fala da Tesla mas isto é igual para outras marcas, um exemplo real de como as configurações podem ajustar o comportamento do carro em 2018 quando a Consumer Reports testou o Modelo 3 eles verificaram que a distância de travagem deixava muito a desejar quando comparado com outros carros, a 96,5km/h precisava de 46m para parar, após a review eles remotamente ajustaram os parâmetros do carro e diminuíram a distância para 40m, o que levanta a questão com que configurações foi o carro testado…
Há uns anos alguns carros levavam autocolantes em certas peças a dizer “para testes de colisão”, sem mais detalhes.
Ou peças defeituosas para “despachar” e que não interfeririam nos testes ou peças modificadas para melhor desempenho, em que um “Zé” se esqueceu de tirar
Quero acreditar que os carros que vão para os NCAP sejam carros saídos da linha de montagem em perfeito estado, mas que tenham reprovado nos testes de qualidade esteticos
Em teoria os carros usados para os testes tem de ser retirados aleatoriamente, não são escolhidos especificamente pelas marcas.
A trafulhice continua…
Isto é os Americanos a fazer aquilo que melhor sabem…ser trafulhas!
Os Alemães, que tanto crédito tinham, também não são melhores com o dieselgate..