Há uma forma estranha no meio de Andrómeda e os astrónomos finalmente perceberam o que é
Desde há várias décadas que os astrónomos têm coçado a cabeça, franzido as sobrancelhas e acariciado o queixo numa introspeção sobre o que será aquele aglomerado de estrelas de formato misterioso no centro da Galáxia de Andrómeda. Não está longe, em termos de distâncias espaciais, este mistério está a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de distância, aqui ao lado na vizinhança da nossa Via Láctea.
Pode parecer estranho, mas o que tem sido visto e ainda sem explicação, afinal poderá ser o que se chama um pontapé gravitacional. Uma espécie de coice de uma espingarda após o disparo.
Andrómeda tem um aglomerado de estrelas deformadas
Novas investigações sobre como as galáxias, e os buracos negros supermassivos nos seus centros, podem colidir entre si, desvendam uma hipotética explicação para este aglomerado. Segundo o que foi referido pelos investigadores, este conjunto parece ter sido causado por um 'pontapé' gravitacional, algo semelhante ao recuo de uma espingarda, mas a uma escala cósmica.
Este último estudo sugere que o coice seria suficientemente poderoso para criar uma massa alongada de milhões de estrelas - tecnicamente conhecida como disco nuclear excêntrico - em vez do tipo de aglomerado de estrelas simétrico que normalmente estaria no centro de uma galáxia como Andrómeda.
Quando as galáxias se fundirem, os seus buracos negros supermassivos vão juntar-se e eventualmente tornar-se um único buraco negro. Queríamos saber: quais são as consequências disso.
Diz o astrofísico Tatsuya Akiba, da Universidade do Colorado Boulder.
Para descobrir, a equipa efetuou simulações computorizadas de colisões de buracos negros supermassivos. A força resultante seria suficiente para puxar as órbitas das estrelas perto de um centro galáctico para uma forma esticada, como se viu em Andrómeda, de acordo com os cálculos.
Colisão de buracos negros liberta muita energia
Quando as galáxias colidem, pensa-se que os respetivos buracos negros giram em torno uns dos outros, aumentando a velocidade antes de, eventualmente, colidirem. Como podem imaginar, isto gera muita energia, libertada em impulsos de onda gravitacionais – estamos a falar de ondulações literais no tecido do espaço e do tempo.
Segundo referem os astrónomos, as ondas produzidas por estas fusões não afetam diretamente as estrelas da galáxia, contudo, podem afetar a sua posição. Com base nos modelos montados pelos investigadores, o restante buraco negro supermassivo pode ser dado um poderoso abanão numa direção.
Este empurrão dado pelas ondas pode arrastar muitas das estrelas próximas. É este forte abanão que é comparado ao recuo, ao coice, que uma arma dá na hora do disparo.
Alguns buracos negros supermassivos podem viajar tão rápido, que escapam por completo à sua galáxia natal. Quanto aqueles que não o fazem, podem ainda ter o potencial de deixar aglomerados de estrelas deformadas num disco nuclear excêntrico, ao que parece.
Pensa-se que existem até 2 biliões de galáxias no Universo, e nem todas seguem o mesmo padrão. Os investigadores dizem que o seu trabalho poderia ajudar a explicar alguma da diversidade nos aglomerados estelares que aparecem fora de Andrómeda e da Via Láctea.
O passo seguinte para este tipo particular de análise é escalá-lo desde as centenas de estrelas utilizadas nestes modelos computorizados até milhões de estrelas, e talvez aplicar a mesma abordagem de simulação também a galáxias de diferentes tipos.
A investigação foi publicada em Astrophysical Journal Letters.
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