Descoberto um planeta tão grande que é quase uma estrela
No início deste mês, uma equipa de astrónomos reportou a primeira descoberta de uma potencial exolua - um satélite que gravita um planeta perto de uma outra estrela. O mais impressionante nesta descoberta é a escala deste possível sistema planeta-lua. Neste caso, a “lua” parece ser do tamanho de Neptuno, enquanto o planeta que ela orbita tem cerca de 10 vezes a massa de Júpiter, cerca de 3000 vezes a massa da Terra!
Quão grande é o maior planeta possível?
O Planeta impossível
O sistema empurra os limites de como normalmente classificamos os objetos no espaço e convida-nos a questionar sobre a escala das coisas. Qual será o tamanho maior possível para um planeta? Considerando toda a gama de possibilidades, a Terra é um planeta grande ou pequeno?
Há diferentes formas de responder a esta questão, dependendo do que queremos dizer com “grande”. Se pensamos sobre o tamanho de um planeta em termos de massa, então há uma resposta específica, mas bastante técnica. Os planetas são definidos como corpos que não geram a sua própria energia a partir da fusão nuclear. Qualquer planeta com mais do que cerca de 13 vezes a massa de Júpiter (4000 massas da Terra, em grosso modo) gera calor e pressão suficientes no seu núcleo para desencadear reações de fusão limitadas de deutério, um isótopo pesado de hidrogénio. Nesse ponto, o objeto é considerado uma anã castanha em vez de um planeta.
A fronteira de ignição nuclear entre o planeta e a anã castanha é baseada em processos internos escondidos, no entanto, esses processos não são de todo óbvios do lado de fora. A massa crítica para a fusão também depende da combinação de elementos dentro do objeto. Para uma gama plausível de composições, o ponto de corte pode ser de 11 a 16 vezes a massa de Júpiter. Se quiser conhecer os detalhes mais complexos deste processo, veja aqui.
Fora dessa zona cinzenta que torna difícil saber se é um planeta ou uma anã castanha, as coisas tornam-se mais claras. Tudo o que seja abaixo do limite inferior de 11 massas de Júpiter (3500 massas da Terra, mais ou menos) é indiscutivelmente planetário. Contudo, tudo o que seja acima desse valor, trata-se de um objeto no espaço capaz de criar alguma energia própria, o que lhe retira qualquer definição astronómica padrão de planeta.
Massa versus Gravidade
Há, contudo, um ponto de vista mais literal sobre a questão: existe um limite sobre quão grande um planeta pode ser fisicamente?
Sim, existe uma resposta definitiva e bastante surpreendente. Júpiter tem 11 vezes o diâmetro da Terra e isso é tão grande quanto qualquer planeta pode ser! Se continuasse a despejar mais matéria em Júpiter, ele não ficaria maior. Em vez disso, a gravidade faria com que a sua massa ficasse ainda mais prensada, esmagada, de forma mais forte e eficiente.
Entre o intervalo que vai da massa do planeta Jupiter até à massa das anãs castanhas, passando pela massa das anãs mais pequenas (cerca de 70 vezes a massa de Júpiter, o ponto em que ocorre a fusão sustentada de lítio e hidrogénio), o tamanho dos corpos quase não se altera. Todos esses objetos estão dentro de um limite de cerca de 15% do mesmo diâmetro. Essa constância tem algumas consequências estranhas.
Um exemplo que pode ser chamado à discussão é o da estrela Trappist-1A, que foi recentemente noticiado porque tem sete planetas do tamanho da Terra na sua órbita. Trappist-1A é uma anã vermelha, apenas 1/2000 tão brilhante quanto o sol, mas é uma estrela genuína, sem dúvida. Ela é alimentada por reações nucleares constantes e sustentadas que durarão por biliões de anos ou mais. Tem 80 vezes mais massa que Júpiter.
Já em termos de tamanho, como podemos ver na imagem ilustrativa em cima, Trappist-1A é menos de 10% maior em diâmetro do que Júpiter. Se estes dois detalhes forem colocados lado a lado, rapidamente irá perceber que essa pequena estrela deve ser extremamente densa – como de facto são todas as estrelas anãs vermelhas. Trappist-1A é cerca de 60 vezes mais densa do que Júpiter. Traduzido em termos mais familiares, esta pequena bola de plasma de hidrogénio brilhante é 25 vezes mais densa que o granito e mais de seis vezes mais densa que o chumbo.
Embora a estrela vermelha Trappist-1A esteja a sustentar reações de fusão, está a fazer essas reações a uma taxa tão baixa que a perda de energia quase não suporta o volume da estrela contra a atração da gravidade. Ainda mais extrema é a estrela anã vermelha EBLM J0555-57Ab, recentemente medida e declarada 15% menor do que Júpiter, do tamanho de Saturno. É a menor estrela madura conhecida (em oposição a cinzas estelares como anãs brancas ou estrelas de neutrões), e tem 17 vezes a densidade do chumbo – 188 vezes a densidade da água!
Mas há exceções e há muito por descobrir
Existem algumas exceções notáveis a esse padrão. Alguns planetas que orbitam extremamente perto das suas estrelas são superaquecidos e inchados em diâmetros anormalmente grandes. O exoplaneta de “isopor” KELT-11b, na ilustração abaixo, é 40% maior do que Júpiter apesar de ter apenas 1/5 da massa. Já o HD 100546bn tem cerca de 7 vezes o diâmetro de Júpiter, o que tornaria o planeta de maior tamanho conhecido, mas com algumas ressalvas: ele parece estar a formar-se e as observações atuais deixam muitas incertezas sobre a sua natureza – pode ser na verdade uma anã castanha precoce.
Fora de tais valores abertos, o padrão é rígido. À medida que os planetas ficam mais maciços, não vão ficar fisicamente maiores. Apenas são muito, muito mais fortemente ”apertados” pela gravidade, até que se incendeiem e deixem de ser considerados planetas.
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Este artigo tem mais de um ano
So tenho uma coisa a dizer : Tudo teorias nada provado e as teorias estão sempre a mudar hoje é impossível amanhã é um facto.
What?! Não percebes-te que não é uma “teoria”….
percebeste
É por teorias que se chegam a factos
Por acaso, saberás como se designa esse método de investigação científica? Se souberes, e só se e por acaso…
Como por exemplo a teoria da gravidade… hoje uma certeza amanha podemos voar todos pelo espaco…
Que teoria é essa?
Eu não me expliquei bem, eu não me referi ao tamanho do planeta, mas sim a esta afirmação
“existe um limite sobre quão grande um planeta pode ser fisicamente?”
E a resposta foi sim, no qual a partir desse ponto a explicação é teoria, como a maior parte das teorias do universo, é tudo explicado sobre a nossa lei da física que já foi provado que muitas delas muitos vezes não serem aplicadas no nosso universo, lá esta eles explicam o que faz sentido actualmente.
Sim a gravida não é teoria, a gravidade da lua não é teoria, eu não vou continuar com argumentos porque eu não gosto de argumentar online, há demasiadas pessoas agressivas verbalmente que sabem tudo, e só querem dar lições de moral porque tem google.
O cra2sh precisa de expandir os seus horizontes e ler um bocadinho mais sobre astrofísica.
Relativamente ao conteúdo do artigo, fantástico, muito interessante, com uma linguagem clara e simples, sobre temas muito complexos. Aconselho aos presentes, nomeadamente ao cra2sh, que acompanhe o blog “astropt”, uma fonte de conhecimento profissional, proporcionada por especialistas em diferentes matérias, que todos os dias (ou quase), partilham as novidades da astronomia e astrofísica. Quanto ao conceito de “Teoria” eu quero acreditar que o cra2sh queria dizer “Teoria Cientifica” pode informar-se assertivamente aqui “http://www.astropt.org/2013/07/14/lei-vs-teoria/”.
Sobre o que o cra2sh diz, confesso que não percebi bem o que quis dizer, diz que “…a maior parte das teorias do universo, é tudo explicado sobre a nossa lei da física que já foi provado que muitas delas muitos vezes não serem aplicadas no nosso universo…”, é natural que seja “explicado” sobre a nossa lei da física, assim como são naturalmente “aplicadas” no nosso universo (o cra2sh conhece outro?) Eu julgo que o que o cra2sh quer dizer é que, hoje é aceite de forma unânime uma determinada teoria cientifica, mas amanhã essa mesma teoria cientifica faz parte de uma visão muito maior, aconteceu com a Lei da Gravidade de Newton e com a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, mas ambas estão correctas caro amigo. Uma teoria cientifica não depende do senso comum, depende de (por vezes) milhões de dados de experiências, simulações e escrutínio por parte da comunidade cientifica. Desengane-se com tamanho preconceito, não estamos a falar de religião, estamos a falar de ciência!
O problema é apresentarem uma “Teoria Cientifica”, como algo irrefutável. Se a culpa é de alguns órgãos de comunicação ou de alguns cientistas, não sei… agora, temos de ser realistas, o que hoje é dado como certo na ciência, amanha pode não ser. E provas disso não faltam ao longo da historia.
Pegando neste assunto:
Segundo os estudos realizados e informações recolhidas, afirma-se que existe um limite para o tamanho de um planeta. Mas será que existe mesmo?
O universo é infinito, todos os cientistas concordam que ainda não localizaram todas estrelas que existem nesse universo. Logo como é que se pode afirmar categoricamente que existe um tamanho máximo para um planeta?
O que se sabe é que, com base no universo que se conhece, o tamanho máximo será de x. Mas isso não quer dizer que seja o máximo em todo o universo. É o máximo daquilo que se conhece e com base da forma que se consegue recolher a informação.
Portanto, quando o artigo diz:
“Há, contudo, um ponto de vista mais literal sobre a questão: existe um limite sobre quão grande um planeta pode ser fisicamente?
Sim, existe uma resposta definitiva e bastante surpreendente. ”
Como é que se sabe que essa é a resposta definitiva? Não se pode achar que é definitiva, quando ainda não se conhece todo o universo.
É isto que eu as vezes critico, na comunidade cientifica, afirmar determinadas coisas, que a partida não fazem sentido afirmar…
Mas podes dizer, mas eles chegaram a essa conclusão após muitos dados recolhidos, experiências, simulações, etc…
Correcto. Mas eles fizeram toda essa analise com base em que? Nos dados que tem actualmente acesso e das ferramentas que tem actualmente disponíveis. Logo, se daqui a 10 anos, alguém encontrar um planeta com uma dimensão maior ao que o tamanho dado como limite máximo, todo esse elemento “definitivo” deixa de o ser.
Para mim definitivo é por exemplo, saber que a Terra gira a volta do Sol. Porque, daqui a 1000 anos, é isso que continuará acontecer (caso não aconteça nenhuma desgraça cósmica, e o nosso sistema desapareça, como muitos prevêem…).
No comentário acima esqueci-me de referir uma coisa importante, é que os dados que permitem indicar um possível intervalo “de corte”, onde a pressão e temperatura são tais que pode desencadear no seu núcleo reacções de fusão limitadas de deutério, ou seja, a categoria do objecto muda e passa a anã castanha (em termos populares é uma estrela falhada). Este intervalo depende vários factores e variáveis, que podem não ser comuns a todos os objectos, daí ser um intervalo! Agora, a temperatura e pressão são calculadas matematicamente, assim como as variáveis inerentes. Eu julgava que no ensino básico ensinavam física e química.
“À medida que os planetas ficam mais maciços, não vão ficar fisicamente maiores. Apenas são muito, muito mais fortemente ”apertados” pela gravidade, até que se incendeiem e deixem de ser considerados planetas.”
No nosso sistema solar isso também se observa. A diferença de tamanho entre saturno e júpiter é pequena mas a diferença de massa é grande.
O próprio interior do nosso planeta é teoria sabem eles lá o resto lol mas gosto de imaginar também como será.
Isto é tudo muito subjectivo e os padrões utilizados podem vir a ser alterados, com base no conhecimento que se vai adquirindo.
Um bom exemplo disso é Plutão, que até a uns poucos de anos atrás era classificado planeta. Mas com maior conhecimento e analise, deixou de se classificar como tal.
A classificação de planeta ou não, é feita por cientistas com base numa lista de características, que pode vir-se alterar, com base no aumento do conhecimento sobre o Universo.
Infelizmente, parece que a comunidade cientifica não apreende com a sua historia. Por diversas vezes, afirmavam e seguiam piamente varias “teorias” como certas, menosprezando até mesmo cientistas que tinham uma opinião diferente, que hoje estão provadas como erradas.
Já era tempo, de começarem de deixar de afirmar que as “teorias” actuais são inrefutáveis…
Obrigado
O ser humano ainda nem se conhece a si próprio. Os cientistas ainda não sabem nem chegaram a consenso quanto ao número de planetas no nosso próprio e minúsculo sistema solar. Incrível como seguem descobrindo sóis e planetas novos para lá do backside de Judas.
Mas grato pela interessante e muito bem compilada informação.
Este tipo de ciência, penso eu, que não percebo nada disto, envergonha a ciência. Olhem lá bem para a LUA e não tenham medo de pôr a NASA em causa (está demasiado perto? ). Eu aprendi astronomia náutica (astronomia de posição), parabéns aos astrónomos que produziram os almanaques com as coordenadas de astros que me permitiram chegar a casa. Isto vai para alem da ficção e vem infelizmente acompanhado de imagens ridículas, eu nem li o artigo, passei com o cursor por cima com mais velocidade com que passo por cima de alguma publicidade.
Nem consigo exprimir o que sinto ao ler este tipo de informação. Estão ao nível da astróloga Maya, ela inventa informação a partir de dados científicos. Estes infelizes cientistas produzem verdades científicas a partir de dados não verificáveis.
Verdade ou mentira, teoria com fundamento é não, um artigo destes é sempre interessante. E eu sou um “menos que” leigo no assunto. Não entendo , até agora, porque comentam se não querem dizer nada de interessante.
Isto não é o fakebocas para mandar postas de pescada por “dá cá aquela palha”.
A mim fascinam-me estes assuntos, a quem não lhes diz nada abstenham-se de comentar, ficam melhor calado.
Anda o pplware a dar pérolas a porcos…
Vê a minha explicação em cima por favor. Não me leves a mal mas também fico fascinado com as teorias do nosso universo, só não gosto (isto de se sempre) quando fazem afirmações estúpidas sobre determinados assuntos, como não pode haver vida de não tiver isto ou aquilo, até que ‘que surpresa’ afinal existe. Eu já perdi a conta das vezes que isso acontece, apesar de continuar a ouvir e a ler sobre este tipo de assuntos 🙂
É verdade, o progresso do conhecimento científico pode ser exasperante, com afirmações que não batem certo com todos os factos conhecidos, teorias com falhas e pressupostos exagerados, mas a verdade é que é praticamente impossível apresentar logo à partida uma teoria perfeita que explique determinado fenómeno ou problema como deve ser e ao “gosto” de todos, e é preciso e necessário apresentar as hipóteses que surgem para que outros possam testar, adaptar e evoluir. A ciência faz-se com este tipo de “diálogo” em que teorias são criadas, defendidas e desacreditadas duma forma um pouco caótica, para que pé ante pé se chegue a consensos capazes de sobreviver aos testes criados e novos factos descobertos. Quem faz ciência sabe que muito do que pensa saber pode ser posto em causa…
Bruno_2
Isso.
Excelente artigo!
Não há nada de fantochada neste artigo. Apenas o relato de alguns exemplos de estudos da lei da atração universal.