O seu carro é um computador sobre rodas. Será que pode ser “hackeado”?
Assistimos a uma mudança de paradigma no que toca ao mundo automóvel. Os elétricos estão a tomar conta das estradas e o conceito mecânica automóvel é cada vez mais veículo elétrico e eletrónico. Resumindo, são cada vez mais computadores sobre rodas. Assim, tal como aconteceu em vários outros segmentos, a questão que se pode e deve colocar é se estes grandes centros informáticos geradores de dados poderão ou não ser "hackeados" e os proprietários vítimas de ransomware.
Já pensou um dia chegar ao seu carro e ele estar "sequestrado" e a pedir um resgate para circular?
E se um dia o seu carro fosse "hackeado"?
Os carros têm dezenas de unidades de controlo eletrónico baseadas em microprocessadores (ECUs), que executam coletivamente milhões de linhas de código. Depois há a telemática, o software de assistência ao condutor e o sistema de info-entretenimento, entre vários outros sistemas e componentes que atualmente fazem parte de um veículo moderno.
Ora, não é de estranhar que à medida que as capacidades digitais e autónomas dos automóveis aumentem, a integridade desse código será ainda mais importante - especialmente a sua segurança.
Se pensarmos bem, cada carro vem com muitos componentes, e cada um destes pode ter uma base de código diferente, que, se mal testada ou protegida, é vulnerável a bugs, erros, ou código malicioso. Mas e se pudéssemos vedar os sistemas tonando-os totalmente seguros antes de saírem das fábricas?
Há uma declaração muito interessante de Matt Wyckhouse, fundador e CEO da Finite State. Esta é uma empresa de análise de risco. Contudo, o interessante foram mesmo as ações desenvolvidas por Matt para o seu carro, um Tesla. Ele investiu pessoalmente na segurança do seu carro.
Quais são algumas das falhas de segurança mais comuns?
Como especialistas em segurança e análise de risco, Matt referiu algumas particularidades que não estão de todo acessíveis ao consumidor comum que comprou o carro.
Segundo ele, uma das falhas mais comuns é o código mal escrito e vulnerável a riscos de segurança ou atividades maliciosas. Estes milhões de linhas de código dentro dos microprocessadores de um carro têm a sua própria origem. Por exemplo, o firmware do sistema incorporado, incluindo o firmware usado em veículos conectados, é composto por 80 a 95% de componentes de terceiros e de código aberto.
E, quando se começa a utilizar software de outras partes que podem não partilhar a sua vigilância de segurança, o risco aumenta.
Alguns dos exemplos deixados pelo especialistas em segurança são até bem conhecidos e já fizeram vítimas recentemente.
Vulnerabilidade do Log4J
Um exemplo da recente vulnerabilidade do Log4j - uma vulnerabilidade zero-day na biblioteca de registo baseado em Java do Apache Log4j. O programador principal pode ter puxado o software Log4j como parte da sua prática de desenvolvimento. Ou pode estar envolvido num terceiro, quarto, ou quinto componente construído em Java que chega ao software final.
Isto põe em risco a segurança de qualquer servidor automático que utilize a biblioteca. Os dados são recolhidos e armazenados em locais diferentes ao longo do tempo. Isto aumenta o risco de impacto sobre o software do veículo.
Conforme reportamos, em janeiro, o investigador de cibersegurança David Columbo conseguiu entrar remotamente em mais de 25 Teslas devido a uma falha de segurança descoberta em software de terceiros utilizado pelos condutores da Tesla.
Isto não lhe permitiu 'conduzir' os carros. No entanto, disse que foi possível trancar e destrancar janelas e portas, desativar os sistemas de segurança dos carros, buzinar e ligar e desligar os rádios dos carros.
So, I now have full remote control of over 20 Tesla’s in 10 countries and there seems to be no way to find the owners and report it to them…
— David Colombo (@david_colombo_) January 10, 2022
O problema de segurança das credenciais codificadas
Outro exemplo deixado por Matt são as credenciais hardcoded (palavras-passe codificadas/incorporadas). É aqui que as palavras-passe de texto simples e os dados secretos são colocados no código-fonte. Fornece uma porta traseira para testes e depuração de produtos.
Deixado no código final, um atacante pode ler e modificar ficheiros de configuração e alterar o acesso do utilizador. Se a mesma palavra-passe estiver a ser utilizada como padrão em vários dispositivos, então tem um problema ainda maior.
Em 2019, as credenciais hardcoded deixadas na aplicação móvel MyCar tornaram possível aos atacantes aceder aos dados do consumidor e obter acesso físico não autorizado ao veículo do alvo.
OK... então, como é que se protege o software contra vulnerabilidades e ataques?
O CEO da Finite State diz que é neste ponto que começa o seu trabalho. O ponto de vista é interessante de facto. Então ele refere que o seu trabalho começa na fase de teste, concentrando-se na cópia binária final e nas versões. Basicamente ele refere que faz o trabalho de trás para a frente.
Primeiro automatiza a engenharia inversa do código. Desmonta-o, descompila-o e testa as fraquezas e vulnerabilidades. De seguida, o resultado é partilhado com a equipa de segurança do cliente.
Matt Wyckhouse explicou que os testes finais permitem-lhes ver como um artefacto de software mudou ao longo do tempo:
E se houver uma mudança não intencional que não seja rastreável até uma ação da equipa de desenvolvimento, isso é motivo para investigar mais a fundo.
Analisando a evolução da segurança noutros setores e transpondo essa evolução para o mundo automóvel, damos conta que os conceitos de segurança cibernética e mobilidade ainda têm muito caminho a percorrer.
Contudo, segundo Wyckhouse, os fabricantes de automóveis estão continuamente a investir em segurança, não só para cumprir as normas da indústria, mas também para obter vantagens de reputação e competitivas sobre os seus rivais que repetidamente sofrem violações de segurança.
Ainda assim, refere o especialista, não há uma semana sem que não haja mais um relatório de um ataque ou de uma vulnerabilidade encontrada por investigadores "white-hat"... os bons da fita! E à medida que a automatização automóvel aumenta, os riscos só se tornam maiores.
Este artigo tem mais de um ano
“Já pensou um dia chegar ao seu carro e ele estar “sequestrado” e a pedir um resgate para circular?…” Eu já pensei nisso mais de uma vez e não sou nenhum especialista portanto colocaria outra questão “ligada” a possíveis (quase inevitáveis) vulnerabilidades nesse campo. Qual vai ser a posição das seguradoras e o quanto vai ser penalizado o consumidor no preço dos seguros obrigatórios quando as (e vão ser muitas) viaturas começarem a ser “sequestradas” e exigido um resgate para serem “libertadas”?!
Não é igual ao que tem hoje quando entram no carro e levam para outro local ?
Não…pode ser muito diferente. Hoje,como dizes,roubam o carro e levam para outro local…no caso que comentei o carro é “sequestrado” tecnológicamente e fica no mesmo local até o “resgate” ser pago! Mais simples e “trabalho” feito sem sair do “escritório”..género teletrabalho!
Então mais fácil ainda, basta desliga-lo dos serviços online e mudar a password.
és mesmo esperto!!! devias ir trabalhar para a Tesla
Se o desligar dos serviços online deixa de receber atualizações de software o que o vai tornar um carro “normal”! Quanto às passwords todos os dias temos “novidades” acerca do acesso ilegal a algumas das maiores multinacionais no mundo da tecnologia…
@João Tavares, eu trabalho com teslas, não trabalho na tesla, mas já tive convite para ir trabalhar para eles, não aceitei porque tinha de mudar de país, e além disso, por mais estranho que parece, cá ganho mais e faço o que gosto, e também gosto muito do meu país, não troco por outros onde já estive.
Vitor Tavares, as atualizações são carregadas pelas redes wifi que tem em casa, os serviços online servem para ter acesso ao carro em qualquer parte do mundo, ainda assim quando está perto do carro ele funciona por bluetooth, para configurar as várias opções, como por exemplo de agendamento do carregamento, abrir o carro, etc.
partes o vidro e saltas…e não isso ainda não é possível, talves com 6G venha a ser possivel… até lá a que começar a criar software modular virtualizados/sandbox e devidamente testados como já acontece no ramo da aviação.
Como é possível por lei ser proibido o uso do ~elemóvel … e estes carros terem “Tablets” lei da rolha
Tudo que ta ligado a Net é hackeado , basta alguém meter na cabeça
Tudo ? então tente transferir 10 euros da minha conta para a sua.
Ainda lhe dou mais 20 .
Considero perfeitamente normal um carro poder ser atacado digitalmente quando a tecnologia está cada vez mais presente. Até o ser humano é atacado digitalmente pelos algoritmos das redes sociais.
Mas as pessoas são atacadas porque terem baixos conhecimentos sobre o assunto, na maioria dos casos basta enviar um email a dizer que devem mudar a sua password porque expirou. LOL
Queres ver que se vai ter de começar a comprar um ativirus e firewall para o carro?
É por isso que eu gosto dos meus carros. Tudo mecânico e com chave a sério. Nada de upgrades via internet e cartões de abertura à distância e outras tretas
… e ainda estamos no início . Os hackers ainda não andam dedicados a explorar vulnerabilidades nos automóveis . Para mim existe uma solução SUPER SIMPLES e que até pode ser personalizado conforme o comprador : se há aqueles tech freaks que ADORAM gabar-se que o seu carro tem atualizações OTA (remotas, ou over the air), há outras pessoas como eu que sabem o que isso é e preferem ir à marca, colocar uma pen usb e fazer as atualizações. Se o sistema informático do carro em si estiver isolado da internet e da parte de info entretenimento , teremos então um sistema seguro e virtualmente à prova de hacking . O sistema de atualização usb terá também ele de estar protegido por biometria por exemplo , para que pudéssemos deixar o carro na limpeza , numa oficina fora da marca , etc . Não é mesmo nada difícil de não é definitivamente algo caro de implementar. Sem isso, esqueçam ! Basta uma vulnerabilidade aparecer e sermos atacados no intervalo entre isso e ser instalado o patch de segurança
Não diga disparates, quando mais tempo passa mais segurança existe.
Hoje em dia já não se houve falar em falhas de segurança originadas nas marcas, o que pode acontecer são falhas de segurança provocadas pelos utilizadores, e mesmo assim não mete em risco qualquer funcionalidade da viatura.
Os carros, pelo menos daqueles que está a falar, não estão ligados diretamente à internet, passam por uma VPN com encriptação que deixa praticamente impossível qualquer violação a partir da internet, tanto é que não existem.
Não tem esse sistema, mas tem outros extremamente seguros.
Rc, por vezes tenho dúvidas em perceber o teu mundinho através dos teus comentários aqui nesta plataforma.
Sobre esta matéria…
Nao sei se já te apercebeste mas estamos em constante evolução. Antigamente caçavam com arco e flecha e apareceu as primeiras armas de fogo. Depois andarmos de carroças puxadas por animais apareceram os primeiros veículos motorizados e por aí adiante. Apareceram os filmes em DVD, logo depois apareceu o RIP.
Portanto esse teu comentário só o posso classificar como infeliz.
A tecnologia 100% segura só existe apenas num estado temporal, agora… So existe até ao ponto de ser explorada. Portanto estás apenas a dar desinformação.
Não me digas que não conheces quebras de segurança mesmo com uma VPN? Não parece teu, uma pessoa tão culta.
Quanto aos teus 10€na conta não é difícil, basta apenas alguém entendido no assunto perder tempo contigo.
Claro que agora podes vir com mil e um mecanismo de segurança que eventualmente possas ter. Mas apesar disso tudo… É sempre possível.
E você conhece, mostre lá uma, eu expliquei bem onde ela existe.
O mais grave que pode acontecer é irmos a conduzir e deixarmos de ter o controlo sobre o carro, podendo ai termos uma situação muitíssimo grave