Honda quer mais botões físicos e menos ecrãs. Faz sentido? A segurança diz que sim
Os carros mais recentes são quase uma nave espacial, com ecrãs multimédia que controlam quase tudo na viatura. Contudo, a Honda bate o pé a esta tendência e não desiste dos botões físicos, apostando numa condução mais segura e intuitiva.
A Honda tem razão?
Nos últimos anos, a indústria automóvel tem-se inclinado para um design dominado por ecrãs tácteis, que substituem grande parte dos botões físicos que sempre conhecemos no interior dos carros.
Este movimento reflete o esforço das marcas para tornarem os seus veículos mais modernos e integrados com a tecnologia digital, numa tentativa de replicar a experiência de utilização de smartphones e tablets.
Contudo, há uma aldeia que resiste: a Honda. Esta decidiu seguir um caminho diferente de outros fabricantes, apostando em mais botões físicos e menos ecrãs táteis nos seus novos modelos.
É verdade, a Honda volta a introduzir mais botões físicos nos painéis de controlo dos seus veículos, reduzindo a dependência de ecrãs táteis. Esta decisão foi tomada com base no feedback dos consumidores, que revelaram uma certa insatisfação com a utilização de ecrãs em determinadas funções.
Muitos utilizadores consideram que, em situações de condução, os botões físicos proporcionam uma experiência mais intuitiva e segura, uma vez que podem ser facilmente identificados e operados sem desviar a atenção da estrada.
Neste sentido, a Honda argumenta que os botões físicos são mais adequados para funções essenciais do veículo, como o controlo do volume, a climatização ou a navegação.
Mais: a marca japonesa acredita que, ao simplificar o design e proporcionar um painel de controlo menos dependente de ecrãs, consegue oferecer uma experiência de condução mais prática e segura. Ou seja, pretende-se criar um equilíbrio entre tecnologia e usabilidade, respondendo à necessidade de modernidade, sem comprometer o conforto e a segurança.
O debate entre ecrãs e botões físicos
A tendência dos ecrãs táteis nos veículos nasceu da necessidade de oferecer uma maior personalização e funcionalidade aos condutores. Com um ecrã tátil, os fabricantes conseguem integrar várias funções e aplicações num único espaço, reduzindo o número de botões físicos e simplificando o design do habitáculo. No entanto, esta abordagem tem as suas desvantagens, principalmente no que diz respeito à segurança.
Conduzir exige atenção constante à estrada e, em muitas situações, interagir com um ecrã tátil pode desviar o foco do condutor por tempo suficiente para representar um risco. Ao contrário dos botões físicos, que podem ser sentidos e utilizados sem olhar, os ecrãs táteis requerem que o condutor desvie a atenção para localizar a função desejada, o que pode ser perigoso em situações de tráfego intenso ou condições adversas.
Aliás, já em 2019 a Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagem (APCAP) chamava a atenção para este problema da segurança, indicando que os acidentes causados por falta de atenção, nomeadamente devido ao uso da tecnologia, como telemóveis e soluções multimédia dos automóveis, tinham aumentado quase 10% nesse ano. E a situação não melhorou de lá para cá.
Depois, há a tendência de os condutores preferirem a simplicidade e a tangibilidade dos botões físicos, especialmente para operações básicas que são frequentemente ajustadas durante a condução, como a temperatura e o volume do áudio.
Este feedback, que veio dos condutores, foi fundamental para que a Honda reconsiderasse o design dos seus interiores e optasse por um maior número de comandos físicos.
Vantagens dos botões físicos na condução
A decisão da Honda de incorporar mais botões físicos nos seus veículos apresenta várias vantagens, que podem beneficiar tanto os condutores como os passageiros:
- Segurança: Os botões físicos são mais fáceis de localizar e utilizar sem desviar a atenção da estrada. O condutor consegue operar os comandos por "intuição", enquanto um ecrã tátil exige uma maior concentração visual.
- Conforto e ergonomia: Os botões físicos proporcionam um feedback táctil que muitos condutores acham mais satisfatório. Este tipo de controlo é especialmente importante em condições de condução difíceis, como estradas esburacadas ou condições meteorológicas adversas, onde a precisão do toque num ecrã pode ser comprometida.
- Durabilidade: Os botões físicos tendem a ser mais duradouros e a funcionar melhor em diferentes temperaturas e condições ambientais. Em contraste, os ecrãs tácteis podem ser suscetíveis a danos e a falhas, especialmente com o passar dos anos e a exposição constante ao sol e à temperatura.
- Facilidade de uso para todos os condutores: A Honda considera, ainda, que os botões físicos facilitam a adaptação de utilizadores de diferentes idades e experiências. Muitos condutores, principalmente os mais velhos, sentem-se mais confortáveis com os botões físicos e podem achar os ecrãs tácteis confusos ou difíceis de operar.
Mercado e concorrência
Com o anúncio da Honda, espera-se que outras marcas automóveis reavaliem o uso excessivo de ecrãs tácteis.
Nos últimos anos, várias marcas aumentaram a integração de tecnologia digital nos seus veículos, mas também têm recebido feedback de consumidores que valorizam a simplicidade e a usabilidade.
Como tal, esta decisão da Honda pode influenciar outros construtores a equilibrar a adoção de tecnologia com funcionalidades mais práticas e intuitivas, criando habitáculos que misturem o melhor dos dois mundos.
Além disso, a tendência de um regresso a botões físicos pode sinalizar uma mudança de paradigma na indústria, que coloca a experiência do utilizador no centro do design de interiores.
Dito isto, a abordagem da Honda de voltar a incorporar botões físicos nos seus carros é um reflexo de uma compreensão profunda das necessidades dos seus clientes. Em vez de seguir cegamente a tendência da digitalização total, a marca japonesa está a ouvir o que os condutores realmente querem: uma experiência de condução mais intuitiva, segura e confortável.
Quando se fala em botões, de acesso rápido. Claro que faz sentido. Ou então comandos, por voz.
Totalmente de Acordo, as interfaces gráficas nunca vão ser tão rápidas ou responsivas como um simples botão on/off.
Deu asneira com o primeiro carro elétrico Honda E … Carro moderno demais para a geração onde nasceu