Espelhos espaciais gigantes? Astrónomos alertam para consequências catastróficas
Uma startup californiana propõe o lançamento de milhares de espelhos espaciais para iluminar a Terra à noite, gerando forte oposição da comunidade científica. Astrónomos e especialistas alertam para riscos que vão desde a observação do cosmos até à segurança da aviação.
A tecnologia de iluminação orbital com espelhos gigantes
Ao contrário das constelações de satélites convencionais, como a Starlink da SpaceX, que podem inadvertidamente refletir a luz solar, os refletores da Reflect Orbital são explicitamente concebidos para direcionar luz para o solo. Para os cientistas, essa distinção torna a proposta, já aceite pela à Comissão Federal de Comunicações (FCC, originalmente) dos EUA, especialmente preocupante.
De uma perspetiva astronómica, é algo catastrófico.
Afirma Robert Massey, diretor executivo adjunto da Royal Astronomical Society, no Reino Unido.
A Reflect Orbital solicitou autorização à FCC para lançar o seu primeiro satélite experimental, o EARENDIL-1, já em 2026. O plano a longo prazo da empresa - implementar milhares de satélites refletores para redirecionar a luz solar para a Terra durante a noite - desencadeou uma forte oposição.
Astrónomos e especialistas em aviação advertem que o projeto pode perturbar as observações do cosmos, representar riscos de segurança para pilotos e alterar permanentemente a aparência do céu noturno.
Sharing a bit more about Reflect Orbital today. @4TristanS and I are developing a constellation of revolutionary satellites to sell sunlight to thousands of solar farms after dark.
We think sunlight is the new oil and space is ready to support energy infrastructure. This… pic.twitter.com/5WRb8etAv0
— Ben Nowack ☀️🌎🪞 (@bennbuilds) March 13, 2024
"Vender luz solar"
A Reflect Orbital descreve o seu conceito como "vender luz solar". Se as missões iniciais forem bem-sucedidas, a empresa espera colocar até 4000 satélites equipados com espelhos em órbita terrestre baixa (LEO, originalmente) até 2030. Cada satélite transportaria um espelho dobrável com até 18 metros de largura, cobrindo aproximadamente 325 metros quadrados.
Os refletores poderiam redirecionar a luz solar para iluminar regiões específicas no solo com até cinco quilómetros de diâmetro. Segundo as estimativas da empresa, a luz de um único refletor poderia tornar uma área até quatro vezes mais brilhante do que a lua cheia.
Modelos futuros na constelação proposta pela Reflect Orbital poderiam empregar espelhos com 54 metros de diâmetro, aumentando a área iluminada e a intensidade. A empresa argumenta que esta iluminação artificial poderia estender a luz do dia para geração de energia, agricultura ou iluminação urbana, e que os reflexos direcionados e limitados no tempo minimizariam qualquer impacto visual mais amplo.
O nosso serviço é altamente localizado. Cada reflexo cobre uma área definida por um período finito, em vez de fornecer iluminação contínua ou generalizada.
Disseram representantes da empresa ao Space.com.
A forte oposição da comunidade científica a estes espelhos gigantes
Astrónomos e especialistas em política espacial permanecem céticos. Afirmam que o plano representa sérios riscos tanto para a investigação científica como para a segurança pública.
O objetivo central deste projeto é iluminar o céu e estender a luz do dia e, obviamente, de uma perspetiva astronómica, isso é bastante catastrófico.
Reiterou Robert Massey.
Samantha Lawler, astrónoma na Universidade de Regina, no Canadá, disse que o projeto é uma "ideia terrível". Ela afirmou que, mesmo que apenas um espelho fosse lançado, a sua luz poderia encandear observadores que usam telescópios ou binóculos. Com milhares de refletores em órbita, ela advertiu que a observação de estrelas se tornaria "quase impossível" em muitas partes do mundo.
Lawler referiu ainda que o brilho destes espelhos poderia também constituir um perigo para os pilotos de aeronaves, que poderiam ser distraídos por flashes súbitos enquanto os espelhos rodam ou se reposicionam.
Uma pequena empresa na Califórnia pode, com alguns milhões de dólares e a aprovação de uma única agência federal dos EUA, mudar o céu noturno para todos no mundo.
Lamentou.
Obstáculos técnicos...
O satélite EARENDIL-1 operaria numa órbita síncrona solar, circulando a Terra de polo a polo, mantendo-se alinhado com a fronteira entre o dia e a noite. Esta orientação permitiria ao espelho redirecionar a luz solar do hemisfério iluminado para o lado escuro.
Embora a física da reflexão da luz solar seja bem compreendida, os especialistas questionam se as exigências de engenharia de tal sistema podem ser satisfeitas.
É altamente improvável que se concretize devido à complexidade da engenharia envolvida e à tentativa de operar em órbitas movimentadas como a LEO.
Disse Fionagh Thomson, investigadora de ética espacial na Universidade de Durham, em Inglaterra.
Esforços semelhantes falharam no passado. A Rússia tentou lançar dois satélites-espelho em 1993 e 1999 - parte do seu programa Znamya - mas ambas as missões foram abandonadas após dificuldades técnicas, e as naves acabaram por arder na reentrada.
Thomson acrescentou que, mesmo que o conceito da Reflect Orbital funcionasse como pretendido, a geração de energia usando luz solar redirecionada seria proibitivamente cara. A luz refletida da órbita seria milhares de vezes mais fraca do que a radiação solar direta, o que significa que os parques solares produziriam apenas uma pequena fração da sua eletricidade habitual.
Massey concluiu que os astrónomos estão profundamente preocupados com o precedente que tal aprovação poderia estabelecer.
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Já há tanta porcaria no espaço! Satélites e mais satélites, que tarde ou cedo vira lixo lá e por ai fora.
Está a fica um estupidez o que se passa acima das nossas cabeças.
Há algumas coisas que não se explicam bem as pessoas, ou se calhar são propaganda.
Dizem que ha gazes com efeito de estufa.
Dizem que não deixam sair os raios solares que se reflectem na terra.
Se não os deixam sair, também não os deixam entrar, porque eles vem de fora para dentro.
Ora nessa situação a terra deveria arrefecer, e não aquecer.
Esse efeito é o efeito conhecido como inverno nuclear, na qual as poeiras radioactivas não deixam passar os raios solares, arrefecendo a terra.
Obvio se não os deixam entrar também não os deixam sair, claro.
Mas se eles já não podem entrar, porque estão preocupados em deixa-los sair??
enfim.
Eu sou a favor. Assim já poderíamos por mais painéis solares e carregar os nossos automóveis eletricos com menos Co2.
Problema: 700000 milhões de euros, por cada segundo, além de serem precisas 400 triliões, de baterias.
Aceita pagar 800 euros, por dia, para ter electricidade desta? Daqui a 400 anos, o preço deve descer para 799 euros, por dia.
Já agora, coloquem também “outdoors” publicitários lá no espaço, como já tiveram essa ideia, assim o espaço ficava mais colorido.
Japoneses já o fizeram. Desistiram. Demasiado caros e basta 1 nuvem para estragar 900 milhões, de dólares, de publicidade.
Este projeto é das piores ideias que li nos últimos tempos. É contra a ciência, contra a natureza, contra os cidadãos, o rendimento é baixo, o custo elevado.
Mas anda tudo maluco? Já não basta a me*** que tem feito, ao nosso lar. Querem dar cabo do resto?
Isto só pode ser piada, para lá do custo e engenharia num par de anos matava a vida..:)