Professores vs. ChatGPT: um duelo do século XXI
O ChatGPT responde a (quase) tudo e, ainda que precise de ser aprimorado, está no caminho para ser um grande aliado de muita gente. Este chatbot não demorou até chegar às mãos dos estudantes que veem neste sistema de Inteligência Artificial (IA) um aliado.
Quem não está a gostar da brincadeira são os professores…
As tentativas de plágio nos trabalhos académicos e o “copianço”, no geral, são história velha. Os professores lidam, diariamente, desde sempre, com estudantes trapaceiros, que tentam, de forma sorrateira, contornar o sistema.
Efetivamente, conhecemos um inimigo comum a todos os professores: a Wikipédia (bem como outros websites com propósito semelhante). Afinal, é comum recorrer-se a esta fonte pouco fidedigna para a realização de trabalhos, havendo, por vezes, textos inteiramente copiados.
Com o ChatGPT ao alcance das vontades dos estudantes, a Wikipédia deixa de ser um problema para dar palco a este chatbot, que é capaz de realizar trabalhos inteiros sobre qualquer tema que o professor tenha solicitado. E trabalhos completos, com detalhe!
Ora, estando o ChatGPT ativo apenas há algumas semanas, estaremos perante um duelo que só agora começou?
ChatGPT é uma tecnologia embrionária, mas já deixa professores alerta
A prever este problema, o estudante universitário, Edward Tian, desenvolveu o GPTZero. Este nada mais é do que uma ferramenta capaz de detetar texto produzido pelo sistema de IA. Se o estudante decidiu contra-atacar a tecnologia com mais tecnologia, o conselho educativo da cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, optou por proibir o ChatGPT.
Ainda assim, o conselho reconheceu que “embora ofereça respostas rápidas e fáceis a perguntas, não constrói a capacidade de pensamento crítico e de resolução de problemas, que são essenciais para o sucesso académico e para toda a vida”. Não obstante, os estudantes poderão não se conter na hora de recorrer a esta cábula.
Como com toda a tecnologia, as escolas têm de ensinar os alunos a utilizá-la corretamente. Assim, com o ChatGPT, os estudantes precisam de ter o conhecimento para saber se o trabalho produzido é bom, e é por isso que precisamos de ensinar os estudantes a serem perspicazes.
Disse Jane Basnett, diretora de educação digital, na Downe House School, em Berkshire, acrescentando que copiar do sistema de IA é semelhante a copiar de um outro website, pelo que os professores deverão estar atentos.
Segundo o Sky News, tendo em conta a emergência do ChatGPT, a diretora já está a explorar meios para os sistemas antiplágio da escola lidarem com os conteúdos gerados pelo chatbot.
Um duelo que poderá ver as tréguas no fundo do túnel
Conforme referiu Basnett, o “ChatGPT é incrivelmente poderoso”, admitindo que, enquanto professora, vê nele “alguns benefícios”. Assim sendo, sugeriu:
Por exemplo, posso escrever um pedido para a criação de uma série de aulas sobre um determinado ponto gramatical, e isso irá criar uma aula para mim. Seria necessário um professor para analisar a aula criada e alterá-la, porque a aula sugerida, embora não fosse má, não seria a ideal. Mas os elementos chave estariam lá e poderia ser realmente útil.
Poderia utilizar um artigo criado pelo ChatGPT e trabalhar através dele com os meus alunos para examinar os prós e contras do artigo.
Considerando também as potencialidades do ChatGPT, Peter Van der Putten, professor assistente de IA, na Leiden University, nos Países Baixos, partilhou que as instituições que optarem por proibir ou ignorar a tecnologia estarão apenas a virar-lhe as costas e não a controlá-la.
Está lá, tal como o Google está lá. Pode escrevê-la nas suas políticas de prevenção de plágio, mas é uma realidade que a ferramenta existe. Por vezes, é preciso abraçar estas coisas, mas ser muito claro sobre quando não se quer que elas sejam utilizadas.
Na sua opinião, ensinar os estudantes sobre as limitações do ChatGPT é a melhor forma de garantir que não depositam demasiada confiança nele e que estão atentos.
Leia também:
Este artigo tem mais de um ano
Imagem: UNESCO
Neste artigo: alunos, ChatGPT, estudantes, plágio, professores, trabalhos
A Wikipédia não é inimiga dos professores. O conceito de aprendizagem evoluiu, como tudo supostamente devia. Consultar a Wikipédia é uma operação válida mas com riscos. Primeiro porque a pesquisa é parte importante da aprendizagem e segundo porque a memorização deixou de ser o principal elemento da avaliação. Saber pesquisar também requer aprendizagem. Depois, nem tudo o que está na Wikipédia representa a melhor informação e a mais próxima da verdade. E ainda assim, se o professor quiser, copia partes do trabalho do aluno e vai ao Google descobrir onde ele foi buscar o conhecimento, se em pesquisa transcrita e não creditada e referenciada (o que é grave) ou da informação retida em aula.
Quanto ao ChatGPT, ainda está longe de apanhar desprevenido um professor atento e atualizado, mas pode vir a ser um problema sério em muitos setores da sociedade, em breve.
Agora vão ter de criar uma ferramenta deste tipo, para que em vez do professor copiar partes do trabalho do aluno e com o Google descobrir onde ele foi buscar o conhecimento, a ferramenta pesquisar automaticamente e com um grau de confiança elevado dar o resultado final ao professor. Descoberta automática de plágio… 🙂
Para ser considerado plágio, o conteúdo copiado em partes ou na íntegra deve pertencer á outra pessoa (autor) que não forneceu a sua autorização de replicação.
Sendo o conteúdo gerado por inteligencia artifical não se enquadra o autor.
E nos termos e condições de uso do GPT não menciona restrições de uso e replicação da informação.
E agora ?
A tua definição de plágio está muito longe da realidade…
Plágio não é “usar” qualquer de alguém sem a sua permissão…
Se isto funciona para as escolas, imaginem nos jornais e blogs… Cuidado PPLWARE 🙂
OpenAI já tem um detector de textos ChatGPT, e muitos outros certamente aparecerão.
Vai ser uma telenovela engraçada de ler.
Existe uma coisa que a maquina não será capaz, inovar.. isso, só tem medo quem está estagnado, ja experimentei ChatGPT e é brutal em alguma coisas, poupar tempo.. se assim for é muito bem-vindo. =)
Quanto ao duelo “Professores vs. ChatGPT” será mais “Metodologias de ensino e aprendizagem vs AI e o Sec. XXI”.
Até porque no duelo do título em cima, quantos professores copiam e colam literalmente informações para PowerPoints massudos com fontes e cores alegóricas que ferem a vista?
Mas neste ponto parece que o copy-past sempre foi bem visto e válido.
TPC’s em massa, trabalhos de grupo sem nexo, apresentações .ppt e o “decoranço” deviam ser coisas de 2003, quanto muito 2008, mas continuam a ser prática desde o 1º ciclo à universidade.
Bom…eu não sou Técnico de Informática mas…talvez a não permissão de impressão de páginas no CGPT resolvessse….ou não permissão de copy-pste…ou introduzir na página impressa informação de emissão como marca de água…
Afinal de contas….reproduzir conteúdo de terceiros é, no mundo civilizado, juridicamente condenável…mesmo a contida no CGTP…
A informação pode ser relevante para estudo e evolução teórica mas…imprimir 30/40 páginas de um estudo e apresentar directamente aquele trabalho só pode ser digna de uma mente imbecil….própria dos cábulas !
Isso seria impossível. Se aparece a resposta no ecrã ou (ou te é lida em voz alta) e tu consegues perceber, nada de impede de copiares à mão a resposta para um documento à parte.
Não existe nenhum método de dar respostas que não sejam copiáveis. Até a maioria dos tradicionais Captchas com texto, uma AI treinada consegue decifra-los.
Adianta muito…qualquer idiota com meio cérebro consegue pegar nos textos gerados pelo ChatGPT e refrasear e até acrescentar o seu contributo. Quero ver como vão descobrir…só apanham os que sejam 100% idiotas.