Exposição precoce a conteúdos violentos aumenta a agressividade nos jovens
O debate sobre o impacto dos ecrãs - e da tecnologia, no geral - nas crianças e nos jovens acende-se frequentemente. Após analisar 2000 crianças, uma equipa de investigadores percebeu que a exposição precoce a conteúdos violentos aumenta a agressividade nos jovens, entre outras conclusões relevantes.
Um estudo recente, conduzido por Linda Pagani, professora da Escola de Psicoeducação da Universidade de Montreal, que incluiu peritos da Universidade de Montreal, dos Estados Unidos e de Itália, revelou os riscos a longo prazo associados à exposição precoce a conteúdos violentos.
Embora investigações anteriores tenham estabelecido uma ligação causal entre a violência nos media e o comportamento agressivo imediato em crianças pequenas, poucos estudos examinaram o seu impacto a longo prazo.
Portanto, a professora e a sua equipa decidiram investigar se a exposição precoce a conteúdos televisivos violentos poderia prever comportamentos antissociais mais de uma década depois.
A investigação centrou-se em crianças da classe média, pelo alegado menor risco de se envolver em agressões ou comportamentos prejudiciais.
Era ideal estudar esta questão com crianças da classe média com desenvolvimento típico porque, como população, têm as menores probabilidades de se envolverem em agressões e comportamentos prejudiciais para os outros.
Explicou Pagani, cujo estudo, que envolveu a análise de 2000 crianças, detetou uma forte ligação entre os conteúdos violentos vistos na primeira infância e o comportamento antissocial durante a adolescência.
Conteúdos violentos podem moldar perceção das crianças
O estudo analisou dados de 963 raparigas e 982 rapazes nascidos entre 1997 e 1998, todos eles inscritos no Quebec Longitudinal Study of Child Development.
Para o estudo, os pais relataram a frequência com que os filhos eram expostos a conteúdos televisivos violentos aos 3,5 e 4,5 anos, enquanto as próprias crianças relataram comportamento antissocial aos 15 anos.
A violência no ecrã foi definida pelos conteúdos que incluem o seguinte:
- Agressão física;
- Agressão verbal;
- Agressão relacional.
Estas, retratando situações em que o mal é intencionalmente causado a outros.
Tendo em conta que as crianças são naturalmente atraídas por conteúdos estimulantes e de ritmo acelerado, especialmente quando apresentam personagens apelativas e cativantes, o estudo detetou um problema: muitas destas personagens, como os super-heróis, têm frequentemente comportamentos violentos e são até recompensadas por essas ações.
Este estímulo aumenta a probabilidade de as crianças serem repetidamente expostas a conteúdos violentos, moldando a sua perceção da agressão como aceitável ou mesmo benéfica.
🔎 Por forma a garantir que as suas conclusões eram tão exatas quanto possível, os investigadores tiveram em conta as particularidades da criança e da família que poderiam ter influenciado os resultados.
Ao controlar as explicações alternativas, o estudo pretendia estabelecer uma relação clara entre a exposição precoce aos media e os resultados comportamentais posteriores.
Estudo detetou diferenças entre a exposição precoce nos rapazes e raparigas
Uma das conclusões do estudo mostrou que os rapazes que viram conteúdos televisivos violentos na primeira infância apresentaram níveis mais elevados de comportamento antissocial aos 15 anos.
Os comportamentos observados incluíam agressão física, como bater ou espancar outra pessoa para obter algo, e roubo, seja para ganho pessoal ou sem qualquer razão clara.
Outros fatores de risco incluem o seguinte:
- Ameaças;
- Insultos;
- Envolvimento em lutas de gangues;
- Uso de armas.
Estes resultados sugerem que a influência dos conteúdos violentos durante a primeira infância pode persistir até à adolescência, moldando padrões de comportamento que podem ter consequências graves.
Por outro lado, o estudo não encontrou os mesmos efeitos da exposição precoce nas raparigas. Embora estas possam ver alguns conteúdos violentos, estão geralmente menos envolvidas em conteúdos que valorizam a agressão.
Este facto não terá sido totalmente surpreendente, uma vez que a investigação tem demonstrado consistentemente que os rapazes são mais frequentemente expostos a conteúdos violentos do que as raparigas.
A ausência de efeitos a longo prazo nas raparigas reforça a ideia de que o impacto da violência nos ecrãs não é universal, mas sim influenciado por fatores como os níveis de exposição e as diferenças de género nos hábitos de consumo dos meios.
O nosso estudo fornece provas irrefutáveis de que a exposição precoce à violência nos meios de comunicação na infância pode ter consequências graves e duradouras, sobretudo para os rapazes.
Partilhou Pagani, explicando que as conclusões sublinham "a necessidade urgente" de sensibilizar os pais e as comunidades para os riscos da exposição precoce à violênciados conteúdos.
Leia também:
Facebook -> Depressão
Instagram -> Ansiedade
Twitter/X -> Violência
TikTok -> Brain Rot
França proibiu os smartphones nas escolas. É o dilema das redes sociais.
Uso compulsivo das redes sociais faz isso tudo, criem alternativas no mundo real, mais investimento publico e na saude publica.
É uma descrição com um bom grau de acerto na minha opinião.
Quando era miudo (e ainda agora) curtia ver filmes de terror. E visitava ocasionalmente sites de gore como o extinto rotten.com. Isso não me fez violento, não me lembro da ultima vez que entrei em vias de facto, a não ser por me tentarem assaltar.
A diferença é que nessa altura não havia redes sociais. Havia o IRC apenas.
E quando tinha 5/6/7 anos os meus desenhos animados preferidos eram os Transformers, He-man, Thundercats, por aí, que tinham algum grau de pancadaria.
Também não acredito que a exposição a conteúdos televisivos violentos (ainda menos se forem conteúdos infantis) torne as crianças em adultos violentos. A violência parece-me ser sobretudo de origem congénita ou ambiental (de ambiente familiar, não ambiente televisivo).
Desconfio que as crianças do estudo que estiveram expostas a conteúdos televisivos violentos tinham também pais demasiado permissivos, pais predispostos a deixarem-nas ver tais conteúdos por eles próprios não verem qualquer mal nessa violência, por terem eles próprios alguma tendência para a violência (seja física ou apenas verbal). Não é por pertencerem a famílias da classe média que as crianças ficam (mais) livres desta exposição.
Não é difícil encontrar em qualquer sociedade e em qualquer estrato social pais com a língua demasiado solta para destratar o seu semelhante ou até a tentarem intimidar fisicamente (mesmo que sem chegar às vias de facto) para atingirem determinado objectivo… as crianças absorvem todos estes comportamentos e algumas acabam por inevitavelmente os tomarem como exemplo a seguir. Pais assim não têm problemas em deixar as crianças ver qualquer tipo de conteúdo mesmo que mais violento… e depois culpam os exemplos dos conteúdos quando a culpa pode vir dos exemplos dos pais (ou educadores)!
Claro que há conteúdos a que as crianças não deviam estar expostas, nem faz sentido que estejam expostas mas, tirando qualquer condição genética (que na verdade todos temos em maior ou menor grau) ou algum defeito de desenvolvimento do cérebro, são sobretudo a educação e os exemplos das pessoas com que as crianças crescem que moldam a sua personalidade.
Um estudo deste tipo só traria informação minimamente relevante se fosse acompanhado de testes psicológicos através de conversas mais aprofundadas ou questionários adequados a preencher pelos respectivos pais destas crianças para que fosse avaliada a sua própria predisposição para a violência.
Se forem inteligentes com o tempo aprendem a focar a violência onde ela é necessária.
Acho muito pior os filmes de super herois onde se cria a mentalidade de um salvador de um sebastião ou jesus cristo que vem salvar o povo, depois o resultado é votarem em “salvadores” fascistas etc.
Exponham os miudos a fantasia de terror para lentamente aprenderem como o mundo funciona!
https://www.youtube.com/watch?v=gypRfMb3_PM
Isto de “crianças” é um bocado elástico em termos de idades. O estudo é:
– sobre crianças muito pequenas, dos 3,5 aos 4,5 anos de idade, que viam conteúdos violentos – conforme a informação dada pelos pais
– e o seu comportamentos em termos de violência, cerca de 10 anos depois, aos 15 anos – conforme a informação dada por eles próprios
– e encontrou uma correlação positiva, quanto mais conteúdos desses viram nessa tenra idade, maior a probabilidade de terem atitudes violentas aos 15 anos, sobretudo os rapazes.
A recomendação é que os pais não deixem as crianças pequenas assistir a conteúdos violentos. Mas não dão quais quer exemplos de programas, filmes ou séries desaconselhadas, não percebi se inclui, por exemplo, o Tom & Jerry que andam sempre à porrada.
O Japão é violento? não mas a animação japonesa é, dá que pensar.
O caldo cultural é que parece ser o factor decisivo, futebol, politicos, racismo, desigualdade, pobreza isso sim contribui para a violencia.
O Japão é violento mas tem um controle de armas rigirosíssimo. Não há licenlas para ninguém. Foi por isso que o gajo de matou o ex-primeiro ministro Abe tem que fazer uma numa impressora 3D. Fora isso e umas espadas de samirai, tem uma taxa de homiídios baixíssima.
Então mas, não foi ou ex ministro japonês que foi baleado há 2 ou 3 anos? Isso não é violência?
Jogo jogos violentos desde os meus 6 anos que , por exemplo Mortal Kombat, neste caso, HORAS e HORAS a fio e sou uma pessoa extremamente calma não sou violento nem agressivo de maneira nenhuma.
Para mim a sociedade, redes sociais, trabalhos com salários precários, aumento de custo de vida fazem as pessoas violentas, depressivas ansiosas.
Deixem os jogos no seu lugar porque são a única coisa que alivia a tensão do dia-a-dia de cada um.
Mas acredito que pessoas com problemas mentais que ao jogarem jogos violentos podem desenvolver um transtorno mental.
Conteúdos violentos e não violentos influenciam. Por isso deviam ser proibidas a maior parte das telenovelas; só divulgam joguinhos maquiavélicos.
Gostava de saber porquê é que os meus comentários muitas vezes desaparecem….se fosse para dizer mal ou ofender alguém talvez fossem publicados, mas são comentários inofensivos…gostaria de saber qual é o vosso critério….