Hoje na História dos Computadores: ELIZA, o primeiro chatbot do mundo
Cada vez estamos mais envolvidos pela Inteligência Artificial. Dos assistentes virtuais nos nossos smartphones, aos chatbots no mundo online, vivemos numa espécie de transição para um futuro onde estas máquinas poderão mudar completamente a nossa vida. Mas o movimento foi iniciado há muitas décadas, não é "de agora". Conheça então a história do primeiro chatbot do mundo, a “ELIZA”.
O que é um chatbot?
Vamos começar pelo início. Isto é, para a grande maioria das pessoas, este termos é completamente desconhecido. Assim, numa definição simples, mas eficaz, podemos dizer que um chatbot é um programa de computador ou sistema baseado em inteligência artificial (IA) projetado para simular conversas humanas, seja por texto ou por voz.
A sua função principal é interagir com utilizadores de forma automática, compreendendo perguntas ou comandos e fornecendo respostas ou ações relevantes.
Os chatbots podem ser simples, baseados em regras (com respostas pré-definidas), ou avançados, utilizando tecnologias de processamento de linguagem natural (PLN) e machine learning para interpretar intenções, aprender com interações e oferecer respostas mais personalizadas e contextuais.
São amplamente utilizados em áreas como atendimento ao cliente, suporte técnico, vendas, educação e até para fins de entretenimento.
ELIZA, o primeiro chatbot do mundo
Na rubrica Hoje na História dos Computadores, trazemos hoje, o primeiro chatbot do mundo, “ELIZA”, que foi reavivado com o código informático original do MIT dos anos 60. Os “arqueólogos do software” desenterraram ELIZA de um labirinto de arquivos poeirentos do Massachusetts Institute of Technology.
Nesta "escavação ao passado", os investigadores conseguiram reviver o “ELIZA”, o primeiro chatbot do mundo, utilizando código original esquecido durante quase 60 anos. Este foi encontrado em documentos antigos nos arquivos do MIT. ELIZA é considerada a “Lucy” dos chatbots de IA e foi ressuscitada por uma equipa de “arqueólogos de software”.
Desenvolvido nos anos 1960 pelo professor Joseph Weizenbaum, do MIT, ELIZA recebeu o nome da personagem Eliza Doolittle, da peça “Pigmalião”, que transforma o seu discurso para se passar por membro da alta sociedade.
Inicialmente, ELIZA funcionava como um modelo simples de comunicação, imitando um terapeuta. Respondia às entradas dos utilizadores com perguntas, simulando sessões de terapia com humanos.
O impacto de ELIZA no desenvolvimento da inteligência artificial foi marcante. Num artigo publicado no repositório arXiv, os investigadores destacaram como o guião “DOCTOR” de ELIZA simulava sessões de psicoterapia, respondendo a entradas como “Os homens são todos iguais” com perguntas como “De que forma?”. Este modelo lançou as bases para as tecnologias de IA atuais.
Um marco histórico na inteligência artificial
O código original de Weizenbaum foi escrito numa linguagem de programação obsoleta chamada Michigan Algorithm Decoder Symmetric List Processor (MAD-SLIP), mas foi rapidamente traduzido para Lisp à medida que a tecnologia se espalhava.
Embora a versão em Lisp tenha ganho popularidade, o código original foi dado como perdido até 2021, quando Jeff Shrager, cientista cognitivo de Stanford, e Myles Crowley, arquivista do MIT, o encontraram entre os papéis de Weizenbaum.
Estou particularmente interessado em como os pioneiros da IA pensavam. Ter acesso ao código é como ter um registo direto dos seus pensamentos, e como ELIZA foi, e ainda é, um marco da IA, quero entender o que estava na mente dele.
Afirmou Shrager ao Live Science.
Os investigadores não sabiam sequer se o código funcionava, pelo que tiveram de testá-lo. Reviver ELIZA revelou-se um desafio, exigindo a limpeza e correção do código original, bem como a criação de um emulador que imitasse o computador dos anos 1960 onde ELIZA corria. O esforço culminou a 21 de dezembro, quando ELIZA foi reativada pela primeira vez em seis décadas.
Shrager explicou:
Ao fazê-la funcionar, demonstrámos que fazia parte da linhagem original de ELIZA e que não só funcionava, como funcionava extremamente bem.
A equipa descobriu um erro no código que fazia o programa falhar quando os utilizadores introduziam números, como em “Hoje tens 999 anos.”.
Estamos prontos para a IA?
A ressurreição de ELIZA não é apenas um feito técnico, mas também sublinha a importância de preservar a história da ciência informática, uma área muitas vezes mais focada na inovação do que na conservação do passado. Reconhecer estas realizações como parte do nosso património cultural global é crucial para evitar a perda de conhecimento fundamental.
Trazer o passado para os dias de hoje ilumina sublinha a importância não só no avanço tecnológico que representou, mas também nas questões éticas que levantou sobre o uso de IA na interação humana. Estaremos prontos para os desafios da Inteligência Artificial?
Não houve uma versão do Eliza a correr em MS-Dos? Lembro-me qualquer coisa deste programa, mas ao tempo que foi …
Não sei se era uma versão do Eliza mas houve um que se chamava Alice, aí pelos anos 90.
os jogos tipo adventure de texto (ex. the hobbit) populares no zx spectrum poderiam ser considerados chatbots?