Estamos a delegar a educação à IA: OpenAI lança ChatGPT para professores
A OpenAI apresentou uma versão do ChatGPT especificamente desenhada para o setor da educação, o que intensifica a discussão sobre o papel da inteligência artificial (IA) nas salas de aula. A questão central é agora determinar a fronteira entre uma ferramenta de apoio e a substituição do pensamento crítico no processo de aprendizagem.
Um novo paradigma tecnológico na educação
Imagine o seguinte cenário: um professor utiliza IA para planear as suas aulas, um aluno recorre à mesma tecnologia para realizar os trabalhos de casa e, por fim, esse mesmo professor volta a usar a IA para avaliar as respostas. Embora ainda não seja a norma, esta situação está cada vez mais próxima da realidade.
A rapidez com que estas ferramentas se estão a infiltrar no ambiente escolar abriu um debate fundamental: o que se aprende verdadeiramente quando a tecnologia faz o trabalho por nós? E o que perde o sistema educativo se este ciclo se tornar um hábito?
A chegada da IA ao ensino não é um fenómeno recente ou inesperado. Há anos que ferramentas tecnológicas marcam presença nas salas de aula, através de plataformas como o Google Classroom ou o Moodle. A grande novidade não reside na utilização de tecnologia, mas sim no recurso a sistemas capazes de gerar conteúdo, propor soluções e até influenciar decisões pedagógicas.
É precisamente neste campo que as gigantes tecnológicas - Google, Microsoft, Anthropic e, claro, a OpenAI - decidiram posicionar-se no centro do debate educativo.
Neste contexto, a OpenAI avança com uma proposta dedicada a professores nos Estados Unidos. Trata-se de uma versão do ChatGPT concebida para educadores do ensino básico e secundário, gratuita para docentes verificados e com controlos administrativos para escolas e agrupamentos. Ao contrário do serviço convencional, a OpenAI garante que os dados gerados neste ambiente não serão, por defeito, utilizados para treinar os seus modelos.
O que oferece o ChatGPT para professores?
- Assistência personalizada
- Permite definir o nível de ensino, o currículo e o formato pretendido, para que as respostas do modelo se adaptem ao contexto real da sala de aula. O controlo total desta configuração permanece nas mãos do professor.
- Integração com recursos habituais
- A ferramenta consegue gerar apresentações com o Canva, importar planos de aula ou documentos do Google Drive e Microsoft 365, e iniciar uma conversa com esse contexto previamente carregado.
- Ideias de outros docentes
- Apresenta exemplos reais de como outros professores já utilizam o ChatGPT nas suas aulas, servindo como fonte de inspiração diretamente na interface de edição.
- Colaboração entre docentes
- Facilita a criação de GPTs personalizados e de modelos partilháveis para planificar unidades, lições ou avaliações entre colegas da mesma escola ou agrupamento.
- Gestão centralizada
- Oferece um espaço de trabalho administrável, com contas seguras e diferentes níveis de permissão para docentes e responsáveis académicos.
Qual o objetivo da OpenAI com esta ferramenta?
Entre os 800 milhões de utilizadores semanais do ChatGPT, muitos são professores. A empresa explica que estes profissionais já usam a ferramenta para desenhar unidades didáticas, adaptar currículos a normativas regionais ou gerar exemplos que os ajudem a avaliar os seus alunos. Vejamos alguns exemplos de utilização partilhados pela própria OpenAI:
Gerar exemplos para um trabalho
Imagine que é um professor de Português experiente. Utilizando as indicações das leituras em anexo, gere sete exemplos de respostas distintas. As respostas devem ter um parágrafo de extensão e variar em qualidade, desde muito bem escritas a muito deficientes. Devem seguir o formato de resposta argumentativa (reafirmar, responder, citar, explicar e resumir). Inclua uma justificação para cada resposta, indicando o seu nível de qualidade.
Planificar uma unidade didática
O meu departamento de ciências está a redesenhar o currículo de Físico-Química do 9.º ano e preciso de ajuda para criar uma unidade didática com base nos objetivos em anexo. Por favor, elabore um plano para uma unidade de 20 dias, com aulas de 55 minutos. Preciso de uma pergunta orientadora para cada dia, que ajude a focar a aprendizagem. Forneça atividades práticas para que os alunos explorem estes temas.
O dilema do ChatGPT: eficiência vs pensamento crítico
É evidente que a IA veio para ficar, e ignorá-la não é uma opção viável. A verdadeira questão reside em como utilizá-la sem que esta substitua o ato de aprender, que é muito mais do que a simples conclusão de uma tarefa.
Se o professor recorre à IA para preparar os seus materiais e o aluno faz o mesmo para entregar o que lhe é exigido, o que resta desse processo para além do cumprimento de uma formalidade? O sistema educativo não se sustenta na capacidade de entregar resultados, mas sim na capacidade de pensar, errar e argumentar com conhecimento próprio.
Um estudo do MIT fornece dados que começam a iluminar este debate: os participantes que escreveram ensaios com o auxílio do ChatGPT produziram o texto 60% mais rápido, mas o seu esforço cognitivo relevante diminuiu 32%. Ou seja, alcançaram um resultado mais polido, mas com menor trabalho mental.
Outro estudo, da SBS Swiss Business School, aponta que o aumento do uso da IA está associado a uma deterioração das competências de pensamento crítico.
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Autonomia, capacidade de discurso e escrita, pensamento autónomo e crítico, criatividade, pensar por si, saber defender e argumentar uma tese, tudo isso é para desaparecer. O que os governos querem é robots, cidadãos ignorantes e fáceis que possam enganar facilmente e voltarem neles. Teremos mais Trump no futuro, ricos mas bu…….os
mas onde é que tens isso no ensino? robots já eles são todos, pelo menos assim passam a ser robots com conteúdo
Sem conteúdo. Passam a ser bu__os.
Concordo contigo…
Infelizmente é ver trabalhos “feitos” por miúdos que se limitam a fazer copy/paste…
Depois há os burros como eu que estudaram……….
Se as escolas começarem a ensinar os miúdos a pensar lá se vai o capitalismo! não pode.
Querias dizer o socialismo e o comunismo 😉 não mudes o bico ao prego 😉
Ui esta picou o chefe do pplware! tá forte eu sei! mas não brinquem com coisas sérias o capitalismo é que está a destruir tudo.
Não te distraias da ideia, o socialismo destrói tudo. Não juntes ruído ao teu pensamento invertido 😉
Vítor és dos que estão confortáveis já percebi, isso com o tempo torna-se em perversão e esqueces os problemas das pessoas e afastas-te da realidade. Convêm ter o pés na terra e a mente na sustentabilidade para um futuro digno, vá não te deixes deslumbrar pelo dinheiro.
Confortável? Sim, trabalho, sou contribuinte há 30 anos, e sempre pautei por depender apenas do meu trabalho. Não me deslumbro com o dinheiro, podes ficar descansado 😉 também não é tanto que deslumbre. Mas tenho os pés bem assentes na terra, e por isso tenho perfeita convicção que o nosso país, miseravelmente governado durante muitas décadas, poderia ser mais próspero, apostar mais na meritocracia, no profissionalismo, mas infelizmente tem muitos que querem é uma sociedade pedinte, um país pobre e dependente, de mão estendida. Isto, sim, é perversão, que torna as pessoas sem um futuro digno.
Toma lá um jingle para acordares: https://www.youtube.com/watch?v=Q79Cjtot5-M&list=RDQ79Cjtot5-M&start_radio=1
Não, isso é só sono. Dobra e dá ao próximo. Para ti está aqui: https://bit.ly/4a3El4z 😀
Cuidado que The Doors não é propriamente música de yuppies informáticos!
Sim realmente o capitalismo é só coisas boas. Como quando a google decidiu reduzir a qualidade da pesquisa para forçar os utilizadores a pesquisarem várias vezes para conseguirem vender mais anúncios em cada pesquisa. Como a Apple que se recusou a mudar para USB-C durante anos porque o lightning é que era bom e diziam que isso ia reduzir o progresso.
Sabes, por vezes o problema não é o fator, mas sim a ignorância de perceber o fator. E vou dar um exemplo com base nas tuas alegações (erradas e enviesadas).
Essa crítica à Apple de ter mantido a ficha Lightning durante tantos anos é toda ela pouco fundamentada, e não conta toda a história. Quem está por dentro do assunto e pesquisa sabe que a Apple sempre defendeu que o controlo do seu próprio ecossistema lhe permitia garantir qualidade, segurança e uma experiência de utilização mais consistente.
A empresa esteve e está no consórcio que estudou, desenvolveu o USB-C. E a Apple não conseguiu que esse mesmo consórcio lançasse essa ficha vários anos antes porque, segundo as alegações, seria uma decisão prematura que teria implicado a inutilização de milhões de acessórios, maior desperdício eletrónico e custos adicionais para utilizadores e fabricantes.
Além disso, a decisão não era apenas comercial, os engenheiros agregados ao projeto diziam que os dispositivos na época não tinham espaço interno, resistência à água e integração com o hardware. Como tal, a Apple, que tinham e tem o controlo dos eu hardware, decidiu avançar por conta própria e criou a ficha Lithtning. Investiu milhões, por conta própria, mas saiu na frente.
E, como sabemos, a transição para USB-C massiva aconteceu, em grande parte devido à legislação europeia, que procurou resolver fragmentação e promover padrões comuns. Por isso, afirmar que a Apple “travou o progresso” é mentira!
A questão sobre a Google, deixo para tu pesquisares se é de facto mesmo assim. 😉
A plebe estava a ficar inteligente e rebelde, há que os burrificar e escravizar outra vez. /s
O problema das IAs americanas é que favorecem o Português do Brasil em relação ao português de Portugal, mesmo tudo configurado para responder em português de Portugal continua utilizar o português do Brasil .
A única AI que até agora testei e que distingue entre português PT e BR e faz automaticamente sem instruções é a AI Chinesa KIMI , nem as AIs europeias fazem isso .